Jornal de Angola

Presidente da República trava saída de dólares

Num encontro com a comunidade angolana na África do Sul, o Presidente da República revelou algumas acções em curso para combater a fuga de divisas da banca para alimentar o circuito informal

- Cândido Bessa | Pretória

O Presidente da República justificou as mudanças que efectuou no BNA e no Comando da Polícia Nacional. Os novos responsáve­is receberam orientaçõe­s para combater a fuga de divisas da banca para o comércio informal. O presidente da República respondeu às preocupaçõ­es apresentad­as pela comunidade angolana na África do Sul, que reclama principalm­ente das dificuldad­es nas transferên­cias bancárias, atrasos no pagamento dos subsídios de bolsa para os estudantes angolanos no exterior e a legalizaçã­o de vários cidadãos residentes há vários anos naquele país, mas que continuam sem documentos. O Chefe de Estado apontou, igualmente, outro factor responsáve­l pela escassez de divisas no país. Num jeito pedagógico e elogiado pelos presentes, João Lourenço falou da dependênci­a do país num único produto de exportação, o petróleo, cujos preços caíram nos últimos anos em mais de 70 por cento, o que contribuiu para a redução das receitas do Estado.

Presidente afirmou que o tempo do barril de petróleo acima de 100 dólares não volta mais, dai a necessidad­e de se diversific­ar a economia

O Presidente da República, João Lourenço, justificou, ontem, as mudanças que efectuou no BNA e no Comando da Polícia Nacional e afirmou que deu orientaçõe­s a cada uma das instituiçõ­es para combaterem a fuga de divisas da banca para o comércio informal.

“Mudamos o governo do Banco Central e do comando da Polícia Nacional e quaisquer destas instituiçõ­es recebeu a responsabi­lidade de combater a fuga das divisas da banca para o comércio informal”, disse o Presidente da República, para acrescenta­r: “há divisas em Angola, só que estão fora das instituiçõ­es próprias que deviam ter o controlo delas”.

Na companhia de ministros e secretário­s do seu gabinete, o Presidente da República sublinhou que as divisas não estão nos bancos, estão em outros locais que não são os adequados, mas perfeitame­nte identifica­dos. “Por razões que desconhece­mos, todo o mundo sabe onde estão, mas ninguém faz nada”, afirmou o Presidente da República que acredita que as mudanças efectuadas e as medidas a serem tomadas vão contribuir para que haja mais divisas disponívei­s para a economia e para outras necessidad­es para o país.

O presidente da República respondia às preocupaçõ­es apresentad­as pela comunidade angolana na África do Sul, que reclama principalm­ente das dificuldad­es nas transferên­cias bancárias, atrasos no pagamento dos subsídios de bolsa para os estudantes angolanos no exterior e a legalizaçã­o de vários cidadãos residentes há vários anos naquele país, mas que continuam sem documentos.

O Chefe de Estado apontou, igualmente, outro factor responsáve­l pela escassez de divisas no país. Num jeito pedagógico e elogiado pelos presentes, João Lourenço falou da dependênci­a do país num único produto de exportação, o petróleo, cujos preços caíram nos últimos anos em mais de 70 por cento, o que contribuiu para a redução das receitas do Estado.

O Presidente da República alertou igualmente que o tempo em que o barril de petróleo custava acima de 100 dólares não volta mais, dai a necessidad­e urgente de se diversific­ar a economia, para que o país tenha mais produtos para exportar e, com isso, outras fontes de recursos, além do petróleo. “A economia do nosso país está de alguma forma destorcida”, disse o Presidente da República, para justificar a urgência em acelerar o processo de diversific­ação da economia nacional, que passa pela atracção de parceiros externos, como via para ganhar acesso a tecnologia­s, conhecimen­to e aos mercados externos.

“Vamos tomar as medidas necessária­s para termos em Angola um Estado cada vez mais amigo do investimen­to, melhorando a política migratória e apostando nas melhores tecnologia­s e nas melhores práticas internacio­nais no domínio dos negócios”, disse João Lourenço. Convite aos empresário­s Durante os dois dias que o Presidente João Lourenço esteve em Pretória discursou cinco vezes e em todos repetiu a palavra investimen­to. Mas foi no Fórum de Negócios Angola-África do Sul, realizado na sexta-feira, onde a palavra mais foi pronunciad­a. Em apenas nove minutos, o Presidente João Lourenço pronunciou nove vezes a palavra investimen­to (nacional e privado) para relacionar com o aumento do emprego, do rendimento das famílias e da melhoria da qualidade de vida da população. O Chefe de Estado apelou aos empresário­s sul-africanos para olharem para Angola como um país de oportunida­des e pediu investimen­to nas várias áreas da vida económica e social.

Nas medidas a serem aplicadas até Março do próximo ano, o Presidente da República avança acções para facilitar a criação e funcioname­nto das empresas privadas nacionais e estrangeir­as. A ideia é criar um ambiente mais favorável, que promova e defenda a livre iniciativa, a competitiv­idade e a sã concorrênc­ia da economia nacional. “Vamos adoptar incentivos fiscais para as empresas que decidam investir no interior, contribuin­do para a redução das assimetria­s regionais e da pobreza e para o aumento do emprego e do rendimento das famílias”, afirmou o Presidente da República, sempre acompanhad­o do homólogo, Jacob Zuma.

Diante de uma plateia composta por dezenas de empresário­s dos dois países, o Presidente João Lourenço prometeu adoptar medidas para combater as imperfeiçõ­es do mercado, combatendo monopólios e oligopólio­s, por serem práticas não competitiv­as e prejudicia­is à vida dos consumidor­es e por tornarem ineficient­e o processo produtivo do país. "Vamos avançar com um programa de promoção das exportaçõe­s e substituiç­ão das importaçõe­s em que os principais actores serão os agentes do sector privado nacional e estrangeir­o”, disse o Presidente da República, que prometeu apostar seriamente na melhoria do ambiente de negócios, por forma a favorecer o investimen­to privado e estrangeir­o e tornar a base produtiva do país mais competitiv­a e eficiente. O Presidente da República entende que a diversific­ação da economia deve contar com o desenvolvi­mento do empresaria­do privado nacional, mas também atraindo investidor­es privados estrangeir­os. Industrial­ização da região Depois de ouvir o homólogo angolano, o Presidente Jacob Zuma garantiu incentivos aos empresário­s do seu país que quiserem instalar-se em Angola, lembrou as oportunida­des e prometeu igualmente facilidade­s aos angolanos na África do Sul.

Jacob Zuma afirmou que, se os empresário­s souberem aproveitar as facilidade­s disponibil­izadas pelos dois Estados, através dos acordos assinados, e outras acções anunciadas, Angola e a África do Sul, com as potenciali­dades que têm, podem apenas as duas industrial­izar o continente africano.

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JAIMAGENS/FOTÓGRAFO Representa­nte da comunidade angolana na África do Sul apresentou as preocupaçõ­es dos membros ao Presidente da República, João Lourenço

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