Empresas de transporte ameaçam subir tarifas
Operadores pedem ao Executivo para aumentar o preço da corrida de autocarro para 150 kwanzas
Os operadores dos transportes colectivos urbanos propuseram ao Ministério das Finanças um aumento das tarifas para 150 kwanzas por corrida, para poderem fazer face aos elevados custos operacionais, lê-se num artigo publicado ontem pela Angop.
A ser aprovada, escreve a agência, essa tarifa representaria 50 kwanzas mais que a cobrada pelos operadores do mercado de Luanda, eventualmente o mais dinâmico do país, onde os percursos de autocarro custam cem kwanzas.
O artigo lembra que o último aumento das tarifas dos transportes públicos foi feito pelo Ministério das Finanças em Maio de 2005, quando custo do bilhete de passagem pago pelo passageiro passou de 25 para 30 kwanzas, um aumento de 17 por cento.
O valor da tarifa é, na verdade, de 90 kwanzas, com o passageiro para pagar uma percentagem de 34 por cento à entrada do autocarro e o Estado a subsidiar a corrida em 66 por cento.
Em 2016, porém, as empresas de transportes colectivos urbanos decidiram cobrar 50 kwanzas aos passageiros para minimizar as dificuldades que encontram para pagar salários, combustível, manutenção e todos outros custos directamente ligados à operacionalização dos autocarros.
O artigo afirma que os debates pendem para o aumento, com os operadores a defenderem a ideia de que as tarifas actuais estão desajustadas e não correspondem às variáveis do mercado diferentes das do tempo em que as subvenções foram instituídas, há mais de 40 anos - e o Estado envolvido numa política económica com tendência para a redução das despesas e a eliminação dos subsídios.
O presidente do conselho de administração da empresa de transportes Macon, Luís Máquina, reconheceu que o assunto está a ser discutido com o Ministério dos Transportes desde 2015.
A agência de notícias cita fontes a revelarem que, dentro de pouco mais de um mês, em Janeiro de 2018, fica concluído um estudo do Ministério das Finanças baseado nos rendimentos das famílias para determinar se as tarifas se mantêm.
Público é contra
O público olha para esse debate com desespero, alegando em primeiro lugar os fracos rendimentos, como é o caso do funcionário público Braz Cassongo, um utilizador frequente dos transportes colectivos urbanos que considera que uma subida da tarifa vai causar muitos constrangimentos, uma vez que “os gastos dependem dos salários que há muito perderam o real poder de compra”.
“O que ganho, diante dos gastos diários, não compensa. Gasto em táxi aproximadamente 30 mil kwanzas por mês”, disse.
Operadores dos transportes colectivos defendem a ideia de que as tarifas actuais estão desajustadas e não correspondem às variáveis do mercado, diferentes das do tempo em que as subvenções foram instituídas, há mais de 40 anos
O estudante João Salomão também desaprova a ideia da subida da tarifa dos transportes colectivos urbanos, tendo em conta os baixos salários da maioria dos consumidores. “Sou estudante, vivo no município de Cacuaco e o dinheiro que me é entregue para o transporte não é suficiente. Tenho de fazer o uso dos transportes públicos em que pago 50 kwanzas e nem imagino o que será de mim se as tarifas subirem”, afirmou.
A segunda questão colocada pelo público é o receio de que a subida das tarifas dos transportes colectivos urbanos, leve os taxistas a ajustarem as suas, elevando o preço da corrida do táxi.
O mercado dos transportes colectivos urbanos é servido pelas empresas Tcul (uma empresa pública), Macon, Tura, SGO e Angoaustral, mas só as duas primeiras mantêm os serviços, depois das outras terem visto as suas operações inviabilizadas pelo valor das tarifas.
A agência afirma que a saída de cena das demais operadoras impactou na mobilidade dos passageiros, que têm hoje menos oferta diversificada.