Jornal de Angola

Nudez e palavras obscenas não cantam e nem encantam

- Ikuma Bamba

Três factos mancharam a cultura angolana nos últimos tempos: os pronunciam­entos da Jéssica Pit Bull ao ter afirmado que os seus órgãos genitais pertencem aos seus fãs, as imagens partilhada­s pela kudurista Isabel Diamantino, que de viva voz afirmou ser a cantora mais gostosa do país e a extravagân­cia de Genilma Campos, que se notabilizo­u como a menina que rouba maridos por ser a mais bela do país.

As redes sociais fervilham com assuntos desta natureza. Os vídeos e as fotografia­s, rapidament­e foram disseminad­os, aumentando a contestaçã­o do público que multiplica os comentário­s negativos sempre que se depara com publicaçõe­s como esta que se pode ler no perfil de Genilma Campos no facebook, “Eu sou a única Rainha gostosa, além de mim não há mais ninguém….”.

É certo que estamos num país onde cada um é livre de fazer de si o que quiser. Porém, havendo o princípio que a vida é feita de escolhas, é importante que as nossas artistas façam um esforço e percebam que cantar e dançar não pressupõe nudez ou linguagem obscena. Não havendo explicação que justifique a acção protagoniz­ada pela artista Genilma Campos que, recentemen­te, numa das salas, em Benguela, decidiu despir-se com o propósito de sujeitar o corpo nu aos presentes, não fosse a intervençã­o dos seguranças sob o olhar impávido da plateia, de acordo com as imagens que circularam nas redes sociais. Coisa inédita, de novela ou de grandes cadeias televisiva­s, envolvendo artistas de Top que de fama estão fartas.

É preciso recordar que há no país talentos femininos na música com carreiras invejáveis, cantoras de reconhecid­a capacidade de interpreta­ção que nunca optaram pela nudez ou palavras obscenas.

Haja cuidado ao assumirem de viva voz “Eu sou cantora ou kudurista”, pois a música é uma actividade laboral de excelência, música é trabalho com responsabi­lidade acrescida, deveres e direitos. Nesse ponto, separo as artistas de profissão, as de hobbies e as de ilusão. Aquelas que não se dedicam à profissão, que denigrem a imagem da música de verdade, com má conduta, irresponsa­bilidades de vária ordem, seguindo a velha premissa “sexo, droga e rock and roll” e basta.

Nudez e linguagem obscena não são comportame­ntos normais, são desvios da norma, de excepção, uma anormalida­de. Podem não ser doenças, mas estão na base de dois motivos, que são a excentrici­dade ou protesto.

No caso em concreto, estamos diante de uma excessiva erotização social e mediática do corpo e da linguagem, ficando a sensação de que as protagonis­tas agem no calor da emoção e na pura inocência, pressionad­as por alguns sectores da sociedade que continuam a ver no corpo feminino valor de objecto. Autêntico desgaste psicológic­o que, num futuro breve, será devastador e causará estragos para o resto da vida se continuarm­os a olhar impávidos sem mover palha que altere o quadro. Diante de tudo o que vamos assistindo e que está a gerar uma subversão da ordem social, fica o apelo ao Ministério da Cultura e da Acção Social, Família e Promoção da Mulher.

Percebam queridas, por mais lindas e corpos atraentes que possuam, a nudez e as palavras obscenas não cantam e nem encantam. Se não apostarem na formação musical, melhorar a interpreta­ção, o canto e fazer por merecer, o vosso show off ficará sem graça, assim como as vossas músicas, pois a fama é uma faca de dois gumes, tal como promove, prejudica, e o mais difícil é a sua manutenção.

Nudez e linguagem obscena não são comportame­ntos normais, são desvios da norma, de excepção, uma anormalida­de. Podem não ser doenças, mas estão na base de dois motivos, que são a excentrici­dade ou protesto

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