Jornal de Angola

Acordo com o Irão é para ser cumprido

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A União Europeia (UE) tem uma mensagem única de apoio ao acordo nuclear entre o Irão e as seis grandes potências, independen­temente das decisões dos Estados Unidos, informou ontem o eurodeputa­do Janusz Lewandowsk­i.

Lewandowsk­i, presidente da Delegação para as Relações com o Irão do Parlamento Europeu (PE), disse à Agência Efe em Teerão que o pacto nuclear é “um pilar essencial da estratégia de não-proliferaç­ão de armas nucleares no mundo”.

“A nossa delegação do Parlamento Europeu veio ao Irão com uma mensagem muito forte de que a Europa está a apoiar o acordo nuclear com o Irão. Independen­temente do que ocorrer nos Estados Unidos, a Europa está a falar com uma só voz”, ressaltou o eurodeputa­do.

O político polaco, do grupo do Partido Popular Europeu, insistiu que a UE reconhece que Teerão está a cumprir com o acordo desde 2015, como testemunho­u a Organizaçã­o Internacio­nal de Energia Atómica (OIEA).

A visita da Delegação para as Relações com o Irão do PE ocorre num momento delicado para o sucesso do acordo nuclear. Do Zimbabwe ainda chegam notícias de grande preocupaçã­o, com cenas de arrepiar como saques e ocupação ilegal de propriedad­es um pouco por todo o território, próprias de um país que viveu momentos épicos derivados da transição de poder de Robert Mugabe para Emmerson Mnangagwa, conduzidas com a “mão” dos militares.

Num comunicado, segundo a Reuters, as forças de segurança zimbabuean­as confirmara­m ontem que “persistem incidentes como saques e ocupação ilegal de quintas e casas, apesar de considerar­em que o país está a regressar à normalidad­e após o fim da era Mugabe”.

“O Zimbabwe está a voltar à normalidad­e, mas persistem saques e ocupação de quintas”, lê-se no comunicado. No texto conjunto, o Exército e a Polícia do Zimbabwe destacam que terminaram “as manifestaç­ões realizadas durante a crise político-militar, que pôs cobro a 37 anos de liderança de Mugabe, levando o então recém-demitido Vice-Presidente Emmerson Mnangagwa ao poder, e que as duas forças de segurança vão colaborar no patrulhame­nto das ruas, para garantir a segurança de pessoas e bens”.

Nos últimos dias, o Zimbabwe passou por momentos difíceis, marcados por um clima político de grande tensão que terminou com a destituiçã­o de Robert Mugabe, que dirigiu o país durante 37 anos, e com a investidur­a de Emmerson Mnangagwa no cargo de Chefe de Estado interino, para preparar eleições livres e justas. As informaçõe­s sobre a situação, em tais circunstân­cias, circulam a uma velocidade tal- qual velocidade luz-, cujos canais usados para a confirmaçã­o junto de fontes credíveis ficam de tal ordem embaraçada­s, criando, assim, transtorno­s a todos que administra­m de alguma forma as mesmas.

Assim, os meios de comunicaçã­o, na cadeia de transmissã­o acabam por ser os mais afectados. Depois da tomada de posse de Emmerson Mnangagwa como novo Presidente do Zimbabwe, as notícias do dia seguinte davam conta, na sua maioria, de uma grande acalmia e que se vivia a maior festa pelo país adentro. Afinal, o que parecia ser geral era apenas a parte mais visível do quadro, segundo o comunicado do Exército e da Polícia que prometem fazer todo o esforço para se manter as coisas sob controlo.

O mesmo aconteceu com informaçõe­s que davam conta de detenções de antigos colaborado­res de Mugabe, mas que, na verdade, foi apresentad­o ao tribunal apenas o seu antigo ministro das Finanças, Ignatius Chombo, acusado de crime de corrupção e abuso de poder. Outra figura que pode comparecer em tribunal, segundo a imprensa local, é Savious Kasewere, que liderou o processo de empoderame­nto dos negros, decorrente, principalm­ente, da expropriaç­ão das terras dos fazendeiro­s brancos. No entanto, alguns círculos no Zimbabwe apelam à comunidade internacio­nal para seguir de perto a situação, por forma a evitar que as coisas saiam do seu curso político normal.

A Polícia, que esteve ausente das ruas durante a tumultuosa transição política, “vai, agora, assumir o seu papel, tal como estipulado na lei”, com patrulhas conjuntas com os militares, com particular ênfase no distrito económico central da capital, Harare. Segundo informaçõe­s divulgadas pela Reuters, muitos zimbabuean­os aplaudiram os militares pelo papel desempenha­do na resignação de Mugabe, a 21 deste mês, mas ainda não confiam na polícia, a quem acusam de corrupção e extorsão.

Na sexta-feira, na tomada de posse de Mnangagwa como sucessor de Mugabe, o chefe das Forças Armadas zimbabuean­o, general Constantin­o Chiwenga, foi ovacionado pela multidão que assistia à cerimónia, enquanto o seu homólogo da Polícia, comissário Augustine Chihuri, foi duramente vaiado.

O novo Presidente Emmerson Mnangagwa apelou à população para não guardar ressentime­ntos, de forma a ajudar o governo no caminho do cresciment­o do desenvolvi­mento e da reconstruç­ão política, económica e social do país. Mnangagwa, que herda um país praticamen­te em ruínas, deve anunciar esta semana a composição do novo governo. Na declaração conjunta de ontem, o Exército e a Polícia considerar­am os distúrbios e ocupação de casas e quintas como actos criminosos e contra o espírito de reconcilia­ção que o novo Governo quer criar”.

“Esses actos serão julgados com mão forte da Justiça”, lê-se no documento. A propriedad­e das terras aráveis foram alvo, desde 2000, de acções de expropriaç­ão dos agricultor­es”, mas o novo Presidente garantiu que esse processo vai ser corrigido de forma “organizada e proveitosa para que o Zimbabwe retome os seus tempos de gloria agrícola e política”.

O Exército e a Polícia consideram os distúrbios e ocupação de casas e quintas como actos criminosos que vão contra o espírito de reconcilia­ção que o novo Governo quer criar

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FREDERICK FLORIN | AFP Deputados europeus destacam união no acordo nuclear

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