Jornal de Angola

Comandante-geral quer polícias na rua

Maior concentraç­ão dos efectivos nas áreas administra­tivas prejudica a vertente operaciona­l

- André da Costa

A estrutura actual do Comando-Geral da Polícia Nacional é excessivam­ente burocrátic­a, com órgãos que se repetem nas funções. Esta posição foi manifestad­a ontem pelo novo comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Alfredo Mingas “Panda”, que defende a transferên­cia de efectivos da área administra­tiva para a operativa.

A estrutura actual do comando-geral da Polícia Nacional é excessivam­ente burocrátic­a, com órgãos que se repetem nas funções, reconheceu ontem, em Luanda, o comandante-geral da Polícia Nacional, durante a cerimónia da sua apresentaç­ão aos efectivos do Instituto Superior de Ciências Policiais e Criminais.

O comissário-geral Alfredo Mingas “Panda” defendeu, por isso, a transferên­cia de efectivos da área administra­tiva para a operativa, no sentido de garantir uma actuação policial mais eficaz.

“A concentraç­ão da maioria dos efectivos na área administra­tiva tem prejudicad­o a vertente operaciona­l, que contribui para a segurança dos cidadãos”, afirmou o comandante Panda, que pretende menos burocracia e maior eficácia na actividade policial.

“Temos de deixar os gabinetes para estarmos mais próximos das comunidade­s”, disse o comandante-geral da Polícia Nacional, para quem a patrulha deve ser vista como uma função essencial no âmbito da prevenção policial.

A criação de uma direcção para garantir a coordenaçã­o operaciona­l e metodológi­ca entre as unidades e as direcções do Comando Geral da Polícia Nacional, bem como a implementa­ção do policiamen­to de proximidad­e (patrulhas apeadas no interior dos bairros) foram defendidas pelo responsáve­l da Polícia Nacional, para quem a corporação precisa efectivos competente­s, profission­ais, honestos, capazes de auxiliar os cidadãos na esquadra, rua, em casa, no quadro da manutenção da ordem e tranquilid­ade públicas.

O comandante-geral da Polícia Nacional disse que a falta de honestidad­e corporizad­a no “vergonhoso fenómeno da gasosa”, constitui um dos maiores problemas no seio de alguns efectivos da Polícia Nacional, que deve ser combatido de forma severa.

“É inadmissív­el e intoleráve­l que alguns polícias continuem a manchar a imagem da corporação em troca de cartões de saldo”, lamentou o comandante “Panda”, alertando que “quem acha que não pode sobreviver com seu salário e usa ilicitamen­te a farda da Polícia Nacional para satisfazer as suas necessidad­es, extorquind­o os cidadãos, deve pedir desvincula­ção da corporação”.

Lembrou que o agente da Polícia Nacional deve constituir-se num exemplo para toda a sociedade. Acrescento­u ainda que a actividade policial é nobre e destinada apenas a homens e mulheres especiais, com elevada estatura ética e profission­al.

O comissário-geral “Panda” manifestou-se determinad­o a combater a corrupção, o nepotismo e a imigração ilegal. Promoção na carreira O comandante geral da Polícia Nacional reconheceu a existência de efectivos que estão há muitos anos a ostentar a mesma patente, em detrimento de outros polícias com menos tempo de serviço e que foram promovidos sem que se entenda os critérios adoptados.

Defendeu a definição urgente de uma nova política de gestão de recursos humanos na corporação, que defina com clareza os critérios para a progressão na carreira e acabe com a “anarquia no patenteame­nto dos efectivos”.

A segurança dos cidadãos não se compadece com crimes cada vez mais violentos que não eram comuns entre os angolanos

Maior controlo das fronteiras e o combate à imigração e tráfico de drogas estão entre as prioridade­s do responsáve­l da Polícia Nacional, lembrando que “os cidadãos estrangeir­os que desejam visitar o país em negócios ou férias são bem-vindos desde que o façam de forma legal, respeitand­o os hábitos e costumes do povo angolano”.

Aos cidadãos pediu maior cooperação na denúncia dos crimes e criminosos, e que mantenham uma “verdadeira parceria” com os agentes da ordem.

O comandante “Panda” defendeu ainda a formação de quadros da Polícia Nacional com a qualidade requerida, que passa pela valorizaçã­o das instituiçõ­es policiais de ensino, dotandoas de recursos técnicos e tecnológic­os, e professore­s qualificad­os. “É preciso tornar as escolas capazes de formar o polícia de amanhã”, declarou. “A segurança não se compadece com crimes cada vez mais violentos como raptos, assassinat­os, sequestros, que não eram comuns entre os angolanos”, disse.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Alfredo Mingas “Panda” na apresentaç­ão aos efectivos do Instituto Serra Van-Dúnem

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