A imprevisível CUECA!
Depois da Revolução Francesa o mundo ocidental e, posteriormente, os outros mundos, se depararam cada vez mais com a reflexão em matéria do poder político em abstracto e das sucessivas transfigurações de prática e pessoa politica, até aos nossos dias em que a politica transformou a guerra num negócio e as armas em instrumentos de “trabalho.” Fala-se em crise, por tudo e por nada. O pensar colectivo internacional, mesmo para reflectir sobre o futuro do planeta com índices cientificamente confirmados sobre o aquecimento global, merece o apoio da humanidade e a oposição opaca de só um chefe de estado, por sinal da maior potência mundial. Tudo isto se verifica em tempo de globalização, de uma guerra mundial fragmentada e a problemática das imunidades ou foro privilegiado dos políticos em contraste com o cânone: todos os cidadãos são iguais perante a lei.
A nossa organização CPLP, tem um país que é o do melhor vinho, outro que é o melhor em futebol e racismo, outro que bate records de golpes de estado… e depois as imunidades que são verdadeiras formas encobertas de impunidades.
Estou a falar destas coisas como se fosse um recuo para organizações políticas antes de Cristo. Estou a falar de absurdos como o presidente das Filipinas, assassino impune, virar cantor para o patrão e quando um jornalista lhe pergunta dizer que Trump é que lhe havia pedido! Como na televisão brasileira uma comentadora dizia que já iam começar a faltar celas para políticos bandidos. No Brasil tem cinquenta e cinco mil pessoas com foro privilegiado. Que não podem ser julgados nos tribunais comuns mas só em instâncias superiores. O caso do presidente Temer é escandaloso. O Ministério Público manda a denúncia para o congresso e os deputados governistas fazem blindagem, votam contra para o presidente não ser julgado. Agora, anda o Supremo Tribunal Federal a discutir a hipótese de reduzir o foro privilegiado para os actos praticados no exercício do poder pois tudo foi longe demais, desde a filosofia antiga de Lacerda, “Roubo mas dou.” Os sucessivos processos de corrupção, com malas de dinheiro abertas e até um apartamento a abarrotar de dinheiro, tudo ligado a investigações, com muita gente presa mas muito mais à solta e governando, um ex-governador do Rio de Janeiro que a quadrilha dá organograma de roubar até mais não, ele de chefe com a mulher, ambos na kionga cumprindo pena, são uma parte da imagem do maior país da nossa comunidade. São os paraísos fiscais onde os políticos gatunos guardam o dinheiro. Os africanos, por regra, arranjam um agente que, na hora, dá a curva e palma-lhe o combú. Homens como Mandela, Amílcar Cabral, Agostinho Neto ou Samora Machel parece que nem em barriga de alugar voltaram a aparecer. Felizmente, Angola, neste momento parece uma Fénix renascida. Há quem pense que a nossa maka é só arrumar as peças do puzzle, outros que é preciso repor a legalidade, isto é, cumprir as leis e não fingir que se cumprem. Outros falam que a coisa está a andar mas leva tempo, são vários motores com muitas peças para desaparafusar e proceder à lubrificação. Só que já tem peças calcinadas, enferrujadas e aí só a sabedoria e a serenidade vão conseguir o resultado desejado. E no campo das imunidades não tolerar que se transformem em impunidades. Um político, fora da sua actividade, comete um crime, deve-lhe ser suspensa a imunidade para que responde junto da justiça e com isso o povo confiar mais no princípio de que todos os cidadãos são iguais perante a lei.
A imunidade é tão “importante” que foi a troca exigida por Mugabe para sair. Porque tinha a consciência da ilicitude. Mas não esqueço as palavras de um jovem estudante no meio da manifestação, “fez-nos muito mal mas lutou pela nossa independência.” Estava a dar uma lição ao mundo.
Esta crónica é desconexa de propósito, da maneira como vai o mundo, com o chamado terrorismo, o Brexit e a nova filosofia politica que não surge porque o tal estado democrático e de direito é este a que assistimos todos os dias pelo mundo fora. E nós aqui, na globalização, não vemos televisões africanas, só Moçambique e o futebol através da África do Sul. Os Palop trocam informação e deformação, para além das redes sociais e antissociais, através da RTP-África… a partir da antiga metrópole… mas a CPLP nem libera de taxas os livros dos escritores dos diversos países…e os palop não arranjam maneira de se poder fazer turismo com a moeda de cada um estabelecendo um câmbio ou outro forma de conhecermos as terras dos países irmãos. Lisboa está mais perto…
Nesta desconexão, lembrei-me que para cargos políticos as pessoas deviam ser sujeitas a um prévio exame de sanidade mental. Porque acho masoquismo homens ou mulheres ficarem décadas no poder. Porque o poder corrompe. Onde eu queria chegar, um congressista brasileiro foi condenado por corrupção. Julgado e sentenciado a apanhou boleia de regime de cárcere semiaberto. Saía de manhã, ia trabalhar no congresso (vejam só) e voltava para a cadeia ao fim do dia. Num regresso, acabou-se-lhe o regime de cárcere semiaberto e fica de castigo na cela de isolamento. Vejam só, o cara levava para dentro da cadeia um pacote de biscoitos e outro de queijo. Aonde? Dentro da cueca!
Estou a falar de absurdos como o presidente das Filipinas, assassino impune, virar cantor para o patrão e quando um jornalista lhe pergunta dizer que Trump é que lhe havia pedido