Agência do Japão apoia cultura do algodão
A Agência de Cooperação Internacional do Japão vai apoiar o relançamento da histórica cultura do algodão na província de Malanje, disponibilizando peritos para a implementação de um projecto de estudo experimental no Pólo de Capanda
O relançamento da histórica cultura do algodão na província de Malanje vai contar com o apoio da Agência de Cooperação Internacional do Japão, disponibilizando, nomeadamente, peritos para um estudo experimental.
A informação foi confirmada à Lusa pela embaixada do Japão em Angola e o apoio surge no âmbito da cooperação técnica entre os dois países, tendo o Governo japonês decidido auxiliar a implementação do projecto de estudo experimental para cultivo de algodão no Pólo Agrícola de Capanda, província de Malanje.
Durante a sua implementação, em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), serão realizados ensaios de campo com variedades de algodão no sistema de rega gotagota, com o apoio de “peritos internacionais”, para “aferirem a adaptabilidade e o rendimento de variedades de espécies de sementes de algodão”. O apoio japonês vai ainda garantir a “aquisição de equipamentos de irrigação, sementes, fertilizantes, prensagem de algodão, entre outros”.
Em Julho último, o coordenador do programa de produção de algodão do Ministério da Agricultura, Carlos Canza, tinha já anunciado a intenção de uma empresa japonesa de implantar este sistema experimental, mais rentável, numa área de 10.000 hectares, prevendo retirar cinco toneladas de algodão por cada hectare.
Só esta produção permitiria a Angola passar de país importador para exportador de matéria-prima para a indústria têxtil.
Dados oficiais indicam que a cultura do algodão foi introduzida em Angola em meados do século XVI, durante o período colonial português. Em 1872, Angola exportou 1.000 toneladas de algodão, mas o crescimento exponencial da produção só aconteceu a partir de meados da década de 60 do século passado, passando a marca de 10.000 toneladas anuais.
Em 1973 a produção nacional de algodão bateu o recorde de 86.000 toneladas, colocando Angola como um dos maiores produtores mundiais.
A guerra que assolou o país após a proclamação da independência, em 1975, praticamente acabou com a produção de algodão, tendo já este ano sido lançado pelo Ministério da Agricultura um programa para recuperar esta cultura. “A revitalização da indústria do algodão é considerada uma das estratégias mais importantes que alavancará as potencialidades da agricultura angolana. Através deste projecto, apoiado pelo Governo do Japão, espera-se transferir a tecnologia e conhecimentos aos técnicos angolanos para que haja expansão e melhoria dos projectos vindouros”, sublinha uma informação da embaixada do Japão.
O relançamento da cultura está centrado desde o início do ano nas províncias de Malanje e do Cuanza-Sul, numa área total inicial de 242 hectares e com 10 toneladas iniciais de sementes.
O início do projecto de produção de algodão no Cuanza-Sul trouxe ganhos sociais, como a requalificação de aldeias, a integração de famílias no trabalho e matéria-prima para a indústria têxtil. Avaliado em mais de 30 milhões de dólares, o projecto de produção de algodão no Cuanza-Sul garante emprego a 1.914 famílias camponesas e está a cargo das empresas Samsung Corporation e Honil Engeneering e Construction.
Antes de 1975, a província do Cuanza-Sul era a segunda maior região do país na produção do algodão, com uma área cultivável de 41 mil e sete hectares.
A última campanha agrícola de algodão na região aconteceu em 1999/2000, teve a participação de 2.193 associados, numa área de 3.650 hectares, que resultou na colheita de 500 toneladas. .
Apoio japonês vai ainda garantir a aquisição de equipamentos de irrigação, sementes, fertilizantes, prensagem de algodão. Angola deve passar de país importador para exportador de matéria-prima para a indústria têxtil