Cimeira África – Europa
Esta semana vai acontecer em Abidjan, uma cimeira entre a União Europeia e a União Africana. A actual situação global obriga-nos a ser extremamente ambiciosos, a cooperar muito estreitamente sobre vários temas tais como o desenvolvimento e o crescimento económico, o investimento produtivo, as alterações climáticas, as migrações, a juventude, a paz e a segurança. É evidente que os nossos dois continentes têm de encontrar respostas aos múltiplos desafios com que somos confrontados.
Entre a União Europeia e a União Africana, entre a Europa e a África, existe pouca distância. O que acontece em África tem um impacto directo sobre a Europa e o que está a acontecer na Europa tem um impacto sobre a África. Por conseguinte, o nosso trabalho conjunto tem de ter por base uma parceria entre iguais, por quanto a relação doador-recebedor já é coisa do passado. Tentamos encontrar soluções em conjunto, como parceiros.
Esta cimeira terá o foco posto na juventude. Uma série de jovens europeus e africanos estão a trabalhar em conjunto para dar as suas contribuições e ideias para o futuro dos nossos continentes. Ideias que são muito úteis para os nossos Chefes de Estado e de Governo. Vamos escutar e procurar transformar as suas sugestões em decisões políticas.
Naturalmente, a questão da migração será um tema central, mas não se trata de uma cimeira sobre os fluxos migratórios, nem se trata de uma cimeira que é uma continuação da Cimeira de Valeta. Trata-se de uma cimeira entre a União Europeia e a União Africana, sobre desenvolvimento, os desafios para a paz e a segurança, o investimento económico e a boa governação.
A UE é o primeiro parceiro de África no domínio do comércio, o principal investidor e o primeiro doador, com mais de 20 mil milhões de euros por ano que a UE investe em África em diferentes sectores. Também somos a primeira interveniente para apoiar a paz e a segurança em África. Fazemos isto tudo porque somos amigos e vizinhos, mas sobretudo porque entendemos muito bem que este é um investimento na nossa própria paz e segurança.
No que diz respeito à economia e ao investimento, estou contente por ver que os primeiros domínios de intervenção do Plano de Investimento Externo, que foram adoptados no mês passado, irão ser lançados durante a cimeira e têm o potencial de mobilizar mais de 44 mil milhões de Euros de investimento do sector privado, a fim de apoiar a criação de emprego, a conectividade, as pequenas e médias empresas. E, por conseguinte, não só haverá declarações de princípios, mas igualmente decisões muito concretas, que são fundamentais para activar o envolvimento do sector privado.
No domínio da segurança, a UE continuará a apoiar a paz e a estabilidade dos nossos parceiros, graças às nossas missões civis e militares. 30.000 soldados, polícias e juízes foram formados em África nos últimos anos, e iremos também reforçar o nosso apoio ao G5 Sahel a fim de lhe permitir iniciar as suas actividades. Estamos convictos de que só existem respostas africanas aos desafios na região, em especial no domínio da criminalidade organizada, do terrorismo e do tráfico de droga, armas e pessoas. Gostaria de chegar a uma conclusão quanto à questão da migração. É preciso desmantelar as redes criminosas envolvidas no tráfico de seres humanos e de salvar vidas, proteger a dignidade e os direitos das pessoas a deixarem o seu país de origem. Gostaria de sublinhar que, quando falamos de migração não estamos apenas a falar de migração de África para a Europa. A maioria dos fluxos migratórios acontecem no interior de África, pelo que esta questão não é uma questão Norte-Sul senão um problema mundial que, uma vez mais, nos força a fortalecer a nossa parceria para encontrar soluções.
Em Angola, há anos que estamos a desenvolver os mecanismos que nos permitem reforçar a nossa parceria estratégica. O Caminho Conjunto, assinado em 2012, tem representado um marco de referência importante para aprofundar as nossas relações, e reconhecer o vital papel que Angola joga como potência regional.
Nesse sentido, saudamos as medidas tomadas pelo novo Governo dirigido pelo Presidente João Lourenço, cujo início de mandato está a gerar uma onda de optimismo e esperança. Estão a ser criadas as condições para que Angola possa superar alguns dos problemas que a afectam em matéria económica e social. Apesar da difícil situação financeira que o país atravessa, a nova liderança está a dar provas de que existe um plano ambicioso, mas exequível para levar Angola e o seu povo ao patamar que merece.
Uma série de jovens europeus e africanos estão a trabalhar em conjunto para dar as suas contribuições e ideias para o futuro dos nossos continentes