Jornal de Angola

Kenyatta promete governar para todos

Cerimónia de posse em Nairobi marcada por acções de violência da oposição que pretendia realizar acto paralelo

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O Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, prometeu ontem governar para “todos os quenianos” e trabalhar com os líderes de outros partidos para garantir a unidade dos cidadãos, no seu primeiro discurso após tomar posse como Chefe de Estado do Quénia para um segundo mandato.

Embora o principal partido da oposição, a Super Aliança Nacional (NASA) se recuse reconhecer a legitimida­de do Presidente, Kenyatta declarou que começou a telefonar “para todos os líderes para lhes renovar o meu compromiss­o e disposição de trabalhar-mos juntos.”

“Prometo ser o guardião dos sonhos de todos e das aspirações daqueles que votaram em mim e daqueles que não votaram. Todos os quenianos merecem a nossa atenção”, disse.

O Chefe de Estado, que vai governar até 2022 após ser reeleito na repetição das eleições presidenci­ais de 26 de Agosto, deu por finalizado o processo eleitoral e elogiou o trabalho de uma Comissão Eleitoral “sob uma pressão enorme” e de uma Justiça que “actuou com independên­cia.” Após as eleições, Kenyatta prometeu negociar com o líder da NASA, Raila Odinga, uma vez que estivesse finalizado o processo eleitoral, e ontem prometeu escutar cuidadosam­ente os seus adversário­s no pleito passado e “incorporar algumas das suas ideias.”

“O caminho para um futuro melhor é a unidade. Acredito numa nação queniana onde possamos viver em paz como irmãos e irmãs”, acrescento­u.

A respeito da instabilid­ade que o país vive desde as eleições de 8 de Agosto - cujos resultados foram cancelados pelo Tribunal Supremo por causa de diversas irregulari­dades -, o novo Presidente afirmou que foram “tempos difíceis”, mas que “os quenianos demonstrar­am a sua resistênci­a ao acalmar as paixões.”

O Chefe de Estado disse que “não se pode tentar destruir as instituiçõ­es quando não dão os resultados que queríamos”, numa referência ao pedido da NASA de dissolver a direcção da Comissão Eleitoral.

“Nenhum de nós deveria manipular a lei e a ordem constituci­onal, sejam quais forem as nossas queixas”, sentenciou.

Por último, Kenyatta pediu aos quenianos que rejeitem “as políticas de divisão, ódio e violência” e tomem no seu lugar “o caminho de trabalhar juntos pelo Quénia.”

Uhuro Kenyatta venceu nas eleições de Outubro com mais de 98 por cento dos votos por causa do boicote da oposição, que fez com que o nível de participaç­ão na votação caísse de 79,5 para 38,9 por cento.

A oposição negou-se a participar nessas eleições por considerar que a Comissão Eleitoral era incapaz de garantir a repetição das irregulari­dades que levaram à anulação dos resultados dos pleitos de 8 de Agosto.

A NASA recusou-se a reconhecer Kenyatta como Presidente legítimo e ameaçou proclamar como presidente o seu líder, Raila Odinga, numa cerimónia em paralelo, mas finalmente convocaram uma grande missa em memória dos mortos pela brutalidad­e policial durante o período eleitoral, embora a Polícia tivesse impedido a realização do acto. Forças da ordem encerraram os acessos à região em que aconteceri­a a cerimónia e lançou gás lacrimogén­eo contra os apoiantes da oposição que tentavam chegar ao recinto, segundo o jornal “Daily Nation”.

O chefe da Polícia de Nairobi, Japhet Koome, tinha advertido que o único evento público que poderia ser realizado era a posse de Uhuro Kenyatta.

Além disso, nos arredores do Estádio de Kasarani, local marcado para a cerimónia de posse, também houve momentos de tensão depois de as forças de segurança dispersare­m com gás lacrimogén­eo um grupo de manifestan­tes que tentou entrar nas instalaçõe­s e lançou pedras contra os agentes.

Horas após, o líder da oposição, Raila Odinga, anunciou que toma posse no próximo dia 12 de Dezembro.

Nos últimos dias, a situação agravou-se no Quénia depois da confirmaçã­o, pelo Tribunal Supremo, da vitória de Kenyatta no pleito repetido de 26 de Outubro.

Os protestos intensific­aram-se e, segundo a Super Aliança Nacional, 54 dos seus simpatizan­tes morreram durante acções das forças de segurança entre 17 e 21 de Novembro, após o regresso de Raila Odinga, ao país depois de uma viagem aos Estadvos Unidos.

“Prometo ser o guardião dos sonhos de todos e das aspirações daqueles que votaram em mim e daqueles que não votaram. Todos os quenianos merecem a nossa atenção”

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YASUYOSHI CHIBA | AFP Uhuro Kenyatta promete trabalhar com os líderes da oposição, incluindo Raila Odinga

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