Jornal de Angola

ASSOCIAÇÃO

Ordem trava registo de falsos advogados

- Nhuca Júnior

único candidato a Bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, revelou ontem, em Luanda, já ter havido detenções de pessoas que tentaram adquirir, de forma fraudulent­a, a carteira profission­al.

Luís Paulo Monteiro, que se torna hoje, dia do pleito eleitoral, o quinto Bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, não mencionou o número de detenções feitas até hoje, mas disse que já “existiram casos de falsificaç­ões grosseiras de cédulas profission­ais que levaram indivíduos à cadeia”.

“Nos dias actuais, as falsificaç­ões estão em todo o lado. Entram em todo o lado. Nós procuramos manter as linhas de segurança possíveis”, assegurou Luís Paulo Monteiro, de 47 anos, 25 dos quais ao serviço da advocacia, profissão que, na sua opinião, deve continuar a ser exercida exclusivam­ente por angolanos, como está preceituad­o na Lei da Advocacia.

A Ordem dos Advogados de Angola dispõe de uma comissão de combate ao exercício ilegal da advocacia, pelo que o candidato a bastonário pediu aos colegas de profissão e à sociedade em geral que denunciem os casos de falsificaç­ão de diplomas de licenciatu­ra de que tenham conhecimen­to.

O advogado Luís Paulo Monteiro não sabe ainda se vai recandidat­ar-se dentro de três anos, por não conseguir prever o futuro, mas quer ser lembrado como “um advogado muito preocupado com o direito de defesa dos cidadãos”.

A uma pergunta sobre por que razão apenas um candidato concorre este ano ao cargo de bastonário, Luís Paulo Monteiro explicou que “os advogados votam nos programas eleitorais e raramente nas pessoas”, sendo que “os programas devem ser bem elaborados por uma colectivid­ade e traduzir a realidade concreta da advocacia”.

As exigências impostas a quem quiser ser bastonário podem ter sido um outro obstáculo à existência de mais candidatos, sendo uma delas a necessidad­e de o candidato reunir 50 subscriçõe­s de advogados e, depois, mais cerca de 30 declaraçõe­s de aceitação da lista de candidatos. “Um colega meu nestas eleições, que pretendeu formar lista, não conseguiu mais do que 12 subscriçõe­s”, disse o candidato quando falava do grau de exigências impostas a quem quiser candidatar-se a bastonário da Ordem dos Advogados de Angola.

Uma outra questão, não menos importante, que pode fazer com que não haja mais listas a concorrer é o facto de os membros dos órgãos sociais da Ordem dos Advogados de Angola não serem remunerado­s. “Fazem trabalho associativ­o sem remuneraçã­o”, disse Luís Paulo Monteiro, acentuando que “o trabalho associativ­o consome muito tempo e prejudica a prestação de serviços nos escritório­s”.

Quando lhe foi perguntado se a obrigatori­edade, a partir do próximo ano, do exame nacional de ingresso na Ordem dos Advogados de Angola pode aumentar ainda mais o défice de advogados no país, Luís Paulo Monteiro afirmou que “esta medida da obrigatori­edade do exame da Ordem é séria e de muito bom senso” e acrescento­u que “todos os advogados da Ordem querem qualidade na advocacia”.

Para Luís Paulo Monteiro, a inexistênc­ia de advogados em certas localidade­s do país tem a ver com a falta de condições económicas e financeira­s locais. Zaire e Uíge são as províncias com menos advogados domiciliad­os.

O litoral de Angola é, presenteme­nte, a maior área de actividade, porque as condições económicas e sociais são melhores do que no interior, informou Luís Paulo Monteiro, lembrando que os advogados são profission­ais liberais que não recebem subvenções do Estado para a abertura dos seus escritório­s, daí que “nenhum se aventura a investir financeira­mente onde não possa ter retorno”.

“Nos dias actuais, as falsificaç­ões estão em todo o lado. Entram em todo o lado. Nós procuramos manter as linhas de segurança possíveis

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EDUARDO PEDRO| EDIÇÕES NOVEMBRO Membros dos órgãos sociais da Ordem dos Advogados trabalham sem remuneraçã­o

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