Declarações sobre Portugal são infelizes
O economista Alves da Rocha e o político Alcides Sakala consideram infelizes as declarações do ministro das Relações Exteriores que condiciona o relacionamento entre Angola e Portugal à resolução do processo judicial que em Portugal envolve o exvice-Presidente da República, Manuel Vicente.
“Estamos a confundir aspectos que não são confundíveis: juntar assuntos políticos com jurídicos. Este não é um bom caminho”, declarou Alves da Rocha ao Jornal de Angola.
Alves da Rocha não entende por que há, em Angola, muito comentário à volta do caso Manuel Vicente, quando, por exemplo, no caso do ex-secretário para os Assuntos Económico do Presidente da República, Carlos Aires da Fonseca Panzo, acusado pelas autoridades suíças de suposto envolvimento no crime de branqueamento de capitais, as autoridades tiveram uma “reacção civilizada”.
O economista reconhece que tem havido da parte de Portugal algumas “atitudes neocolonialistas”, mas, ainda assim, frisou, a resposta de Angola não deve ser como aquela dada pelo ministro Manuel Augusto. Lembra que Angola e Portugal estão unidos por laços de consanguinidade. “Não devemos negar a história. A história é o que é. Devemos ter uma atitude mais civilizada”, defende Alves da Rocha, para quem o que toda a gente esperava é que Angola e Portugal tivessem uma “nova era” no seu relacionamento.
Para Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, o ministro das Relações Exteriores não pode condicionar as relações entre Angola e Portugal ao caso do ex-VicePresidente. “As declarações do ministro das Relações Exteriores prenunciam uma ingerência nos assuntos internos de Portugal”, afirma o político, acrescentando que as relações entre Angola e Portugal são de consanguinidade e, por isso, devem ser aprofundadas. “Portugal é um parceiro importante para Angola”, declarou.