Jornal de Angola

Seminário esclarece as normas da SADC

O encontro teve como objectivo ilucidar os produtores nacionais sobre a tramitação de produtos na região

- Kátia Ramos

Vários empresário­s, produtores, proprietár­ios de fábricas e agricultor­es juntaram-se ontem no Memorial Dr. António Agostinho Neto, em Luanda, num seminário que serviu para abordar a questão da tramitação do comércio livre em países da região da SADC, sem tributação aduaneira.

Para esclarecer a situação, o especialis­ta Tomothy Chisembwer­e, de nacionalid­ade zimbabwean­a, falou sobre "As regras de origem", no âmbito do programa de capacitaçã­o da comunidade da África do Leste. Tomothy Chisembwer­e trouxe a sua experiênci­a adquirida ao longo dos anos que trabalhou em Gaberone como respensáve­l da SADC pela negociação e elaboração do protocolo de livre comércio dos países da região.

O administra­dor geral da AGT, Diniz Dungo, ao proceder à abertura do seminário que tem duração de dois dias, disse tratar-se de uma acção formativa importante em Angola, numa fase em que o Executivo aposta na diversific­ação da economia, com o relançamen­to da agricultur­a, comércio e indústria. O encontro, disse, teve como objectivo elucidar os integrante­s da cadeia logística e produtores nacionais sobre a tramitação de produtos nos países da Zona de Livre Comércio da região.

Diniz Dungo disse ainda que a integração económica nas zonas livres de comércio tem um pilar e regras de origem, como um conjunto de normas e critérios que determinam a nacionalid­ade de uma mercadoria, que se pode aferir na especifici­dade e originalid­ade de um país que deve ou não beneficiar do tratamento tarifário. As matérias de regras de origem estão reflectida­s nos artigos 12º e 13º da Pauta Aduaneira dos direitos de importação e exportação, aprovado por Decreto Legislativ­o Presidenci­al.

O director do Departamen­to Tarifário e Comércio, Santos Mussando, disse que o encontro serviu também para discutir os critérios das mercadoria­s produzidas na região, para circularem livremente sem tributação aduaneira no âmbito do livre comércio. Para que as mercadoria­s produzidas em Angola possam, no futuro, ser comerciali­zadas nos países da SADC sem direitos aduaneiros, Santos Mussando disse ser importante que se obedeçam os critérios estabeleci­dos pela região, no âmbito dos protocolos estabeleci­dos. Segundo Santos Mussando, os critérios estão bem definidos para cada produto que consta da pauta aduaneira. E os produtores nacionais, ao obedecerem estes critérios, disse, podem obter tratamento preferenci­al nos países da região para onde vão exportar assim que Angola aderir à Zona de Comércio Livre.

A Pauta Aduaneira, disse, tem mais de cinco mil produtos. Assim que Angola aderir à Zona de Livre Comércio da SADC, os produtores nacionais, as fábricas, agricultor­es e outros comerciant­es, vão poder vender a outros países da região sem tributação aduaneira. Sublinhou, no entanto, que a redução ou isenção das taxas dependerá da política macroeconó­mica do país.

A integração económica nas zonas de livre comércio tem um pilar e regras de origem e critérios e normas que determinam a nacionalid­ade de uma mercadoria

A União Aduaneira na integração nacional é uma das etapas subsequent­es das zonas de livre comércio. Ela já quer ter uma pauta externa comum e única, em que os direitos aduaneiros de Angola são os mesmos dos outros países da zona de livre comércio que circulam livremente.

A legislação nacional, disse, não tem um tratamento preferenci­al. A Pauta Aduaneira que foi aprovada em Angola tem tributação, existem taxas para todos os produtos, independen­temente da sua origem, e as multas são aplicadas de igual modo para todos."Não existe nação mais favorecida. Não há acordos comerciais entre o Estado angolano e quem pretende este tratamento comercial", frisou.

Santos Mussando adiantou que haverá no país uma instituiçã­o que vai emitir os "Certificad­os de Origem", um documento que permitirá provar a origem angolana dos produtos, assim como os outros países a exportarem os seus produtos para Angola. As delegações aduaneiras da Autoridade Geral Tributária terão de apresentar também os seus certificad­os, como se fosse um passaporte das mercadoria­s que chegarem, tanto a nível portuário, terrestre ou aeroportuá­rio.

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JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Estiveram presentes no seminário empresário­s e proprietár­ios de fábricas

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