Jornal de Angola

Trabalhado­res da ENP denunciam humilhaçõe­s

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Os trabalhado­res da Empresa Nacional de Pontes (ENP)continuam sem obras e sem salários há 47 meses. São 425 trabalhado­res em Luanda e noutras filiais espalhadas pelo país que aguardam pelo pagamento dos ordenados em atraso. A empresa já teve uma invejável carteira de projectos. Tem recursos humanos à altura dos projectos em execução no país, mas as grandes obras são entregues a empresas privadas, queixamse. Dizem que durante a guerra reconstruí­ram muitas pontes e em tempo de paz estão sem trabalho.

os lábios com a saliva por culpa do calor. Os corpos começam a encharcar pela reduzida quantidade de oxigênio no contentor do sindicato. Há mais de 30 anos na empresa, Silva diz que sobrevive graças ao apoio dos filhos. “A minha filha mais nova deixou a universida­de por falta dinheiro para pagar”, acrescenta Silva, quando viu o seu pensamento amputado por Manuel Jerónimo que começou a relatar a odisseia dos trabalhado­res. “Estamos a passar por uma situação difícil. Os homens perderam respeito em casa e só não apanhamos trombose, enfim...Temos pessoas que precisam de uma cirurgia”, conta.

Antes de se queixarem do encerramen­to do posto médico, os três convidaram a reportagem a visitar todas as áreas de produção da empresa. A oficina funciona abaixo do meio gás. A oficina de mecânica tem alguns camiões e carrinhas parados e envelhecid­os. O tecto está a degradar-se, deixando algumas frinchas.

O posto de abastecime­nto de combustíve­is ainda funciona. Os armazéns estão vazios e encerrados. Em direcção ao refeitório, há dois contentore­s frigorífic­os oxidados. Há vários painéis de pontes metálicas amontoados no quintal. Três britadeira­s novas estão paradas no quintal. Mais dez passos e está um refeitório. Já não restou nada, aliás nunca mais serviu refeições. Jejum. É da cozinha. Na área de estação de serviço, sobraram talhas. A serralhari­a está sem vivalma, mas com uma pilha de ferramenta­s. Após o portão, vê-se um jango já sem tecto de colmo. Contactado, o director-geral, José Henriques, prometeu falar em breve ao

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBROS Vigília à entrada da Empresa Nacional de Pontes para exigir salários em atraso já dura dois meses
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Silva Francisco humedece

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