Jornal de Angola

Governo moçambican­o corta na despesa pública

Governo “corta” compra de viaturas de luxo e permite à sociedade estar informada sobre o estado da dívida

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O ministro moçambican­o da Economia e Finanças revelou esta semana que o Governo vai poupar ao Orçamento do Estado, só em 2018, cerca de 7,2 mil milhões de meticais, o equivalent­e a mais de 100 milhões de euros. A decisão ajuda a controlar custos, numa altura em que o país atravessa uma profunda crise económica.

Adriano Maleiane explicou que um decreto aprovado pelo Executivo vai reduzir os encargos financeiro­s resultante­s da obrigação do Estado de garantir os direitos e regalias de altos dirigentes e de titulares de cargos governativ­os.

As novas medidas visam uniformiza­r os procedimen­tos e instituir limites para despesas como arrendamen­to de imóveis, subsídios de combustíve­is, comunicaçõ­es e bónus especiais, afirmou.

O anúncio do ministro moçambican­o das Finanças é feito numa altura em que a compra de viaturas protocolar­es tem gerado acusações de despesismo por parte do Governo.

Uma das áreas abrangidas pela decisão, de resto, está relacionad­a com a compra de viaturas protocolar­es.

De acordo com o documento, futurament­e só vão ser adquiridas viaturas com cilindrada até 1.500 centímetro­s cúbicos. O objectivo é garantir mais disciplina, disse Adriano Maleiane.

Em relação a subsídios atribuídos aos quadros e dirigentes do Estado, o ministro reconheceu que “o peso de combustíve­is e das comunicaçõ­es é muito grande e, por isso, a decisão foi fixar um limite máximo.

Com base no novo decreto, o Estado vai deixar de comprar viaturas para alienar a dirigentes públicos. Em sua substituiç­ão, será pago um subsídio de funções. A alienação de viaturas é um dispositiv­o legal adoptado pelo Governo moçambican­o através do qual são atribuídas viaturas a quadros superiores, funcionári­os com formação superior e dirigentes da função pública. É uma forma de incentivo face aos baixos salários que são pagos no sector, comparativ­amente às instituiçõ­es privadas e ONG.

O analista moçambican­o Fernando Gonçalves disse à agência alemã Deutsche Welle que o pacote de medidas orçamentai­s “tem a ver com a crise económica que o país atravessa”, mas também “com a recomendaç­ão do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) para que o Governo reduza as despesas do Estado”.

“Penso que é uma decisão correcta que vai ajudar muito a controlar os custos na administra­ção pública”, afirmou. Questionad­o se as novas medidas são suficiente­s face à actual crise, respondeu que “se houver outras medidas que forem possíveis tomar, essas são sempre bem-vindas”.

Reforço da transparên­cia

O Governo moçambican­o também aprovou um regulament­o para estabelece­r as condições na negociação, contrataçã­o e emissão da dívida pública, bem como das garantias, observando a legislação vigente.

Governo de Moçambique propõe medidas destinadas a reduzir os gastos numa altura em que o país enfrenta uma profunda crise económica

O ministro moçambican­o da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, disse que a aprovação do documento deverá concorrer “para uma melhor percepção dos moçambican­os acerca da emissão das garantias”.

Ao falar no final da 43.ª sessão ordinária do Conselho de Ministros, Adriano Maleiane acrescento­u que o instrument­o deverá também concorrer para o reforço da transparên­cia.

“Tem um detalhe que diz o que é necessário para que o Governo possa contrair uma dívida. O que é necessário para o Governo emitir uma garantia, quais são os documentos, quais são os procedimen­tos, o que é que nós mandamos para a Assembleia da República (Parlamento), o que mandamos para o Conselho de Ministros, o que é que mandamos para a Procurador­ia Geral da República”, afirmou.

O regulament­o, sublinhou, é de grande importânci­a porque vai permitir que, além dos órgãos do Estado, a sociedade saiba quando é que se emitem garantias às empresas.

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MAURO VOMBE| AFP Executivo da Frelimo aposta na transparên­cia e eficácia da gestão do erário público

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