Luanda regista enormes perdas de água potável
A danificação de condutas causadas por terceiros é um dos problemas que prejudica o fornecimento de água na capital
Danos na rede técnica, bem como a intervenção dos chamados “garimpeiros”, que causam consideráveis perdas do líquido, com consequências económicas à EPAL, estão na origem do fraco abastecimento de água em Luanda, reconheceu o Presidente do Conselho de Administração, Leonídio Ceita.
“O combate a este mal não depende apenas da empresa, mas devem existir leis para punir os infractores e continuar a trabalhar com a Polícia Nacional para garantir a segurança das infraestruturas”, afirmou.
Os principais constrangimentos no abastecimento de água estão relacionados com a insuficiência da produção, devido ao estado técnico das estações, desvalorização dos dispositivos hídricos da rede de distribuição, bem como as manobras e cortes do fuso de válvulas, o que dificulta a operação de fecho e abertura de zonas.
A danificação de condutas causadas por terceiros, em trabalhos de terraplanagem, requalificação das vias, escavação de outras redes técnicas e recolha de resíduos sólidos, também foram apontados como problemas que emperram o fornecimento de água em Luanda.
Para o reabastecimento da água foram apresentadas algumas soluções, como a reposição da capacidade instalada, por via de reabilitação dos sistemas existentes, a implementação do sistema de telegestão e telemetria, para a monitorização dos sistemas de abastecimento de água e o reforço à interacção com as instituições no sentido de evitar danos nas condutas instaladas.
Leonídio Ceita apresentou como soluções a aprovação de uma lei que penalize os infractores, a consciencialização da população para a denúncia de casos de “garimpo”, a instalação de um sistema de monitorização em tempo real e o fornecimento domiciliar de água a toda população.
Há dez anos, disse, a EPAL apresentou dois grandes projectos para a construção de estações de abastecimento de água a Luanda, sendo uma no Bita Tanque, arredores do município de Belas, e outra no Kilonga, com capacidade de produção de um milhão de metros cúbicos por dia.
De acordo com o responsável da EPAL, só há cinco anos foi aprovado um financiamento para o projecto do Kilonga, que é a maior estação de abastecimento de água da província de Luanda, cuja capacidade instalada é de 500 mil metros cúbicos por dia.
Em Março, a EPAL manteve um encontro com o Banco Mundial para avaliar o trabalho, devendo a materialização desse projecto ocorrer em Junho ou Julho de 2018.
“Enquanto isso não acontecer, vamos continuar a trabalhar para que até finais de Dezembro possamos ter 750 mil metros cúbicos de água”, sublinhou Leonídio Ceita.
Luanda precisa atingir, nos próximos tempos, a cifra de um milhão de metros cúbicos de água para abastecer a população, como forma de superar a actual capacidade instalada de 750 mil metros cúbicos.
Apesar de a capacidade instalada ser de 750 mil metros cúbicos de água, neste momento, Luanda está a consumir apenas 500 mil metros cúbicos, níveis considerados baixos pelo vicegovernador para Área Económica, Júlio Bessa.
A redução da capacidade de produção de água,tem estado na origem dos constantes cortes e restrições no abastecimento regular à cidade de Luanda, em que se estimam haver mais de sete milhões de habitantes.
Neste momento, a maior parte dos bairros de Luanda está privada de abastecimento de água,o que tem aumentado a procura por parte da população e exigido destes sacrifícios para a sua aquisição.
Quem tem tirado proveito da situação de carência de água,são os chamados garimpeiros,que perfuram a rede técnica para retirar o precioso líquido para vender à população,uma prática que acontece quase todos os dias.
O vice governador também pediu mais vigilância e dureza contra os garimpeiros de água. “Nós vamos apresentar ao Governo Central as preocupações da EPAL, no sentido de se aumentar o investimento da água na província”.
Num encontro sobre a problemática da água em Luanda, realizado, na quarta-feira, na sede do GPL, Júlio Bessa disse que a EPAL tem estado a efectuar o abastecimento de água à capital, conforme as suas possibilidades e está orientada a informar a população sempre que tencionar efectuar cortes e restrições.
“Enquanto isso não acontecer, vamos continuar a trabalhar para que até finais de Dezembro possamos ter 750 mil metros cúbicos de água”,sublinhou Leonídio Ceita