Mendes de Carvalho assume liderança do MPLA em Luanda
Novo responsável do partido governante em Luanda foi ontem escolhido com 97 por cento dos votos dos militantes que aprovaram moções de apoio ao presidente do partido, José Eduardo dos Santos, e ao vice-presidente, João Lourenço
Adriano Mendes de Carvalho, do Comité Central do MPLA, foi, ontem, eleito primeiro secretário do partido em Luanda, durante a IV conferência provincial extraordinária, que decorreu no Centro de Conferências de Belas e testemunhada pelo secretário-geral, Paulo Kassoma.
O secretário-geral do MPLA participou no evento, que reuniu mais de dois mil militantes, na qualidade de coordenador do grupo de acompanhamento do Secretariado do Bureau Político para a província de Luanda.
Três discursos marcaram o evento. Do secretário-geral do partido, Paulo Kassoma, e dos primeiros secretários eleito e cessante do Comité Provincial de Luanda do MPLA, Adriano Mendes de Carvalho e Higino Carneiro, respectivamente.
Todas as intervenções convergiram na necessidade dos militantes da maior organização política do país manterem a disciplina partidária, em estrito respeito às decisões baixadas a nível das estruturas superiores do partido.
Os factos mais marcantes de indisciplina apontados pelos três responsáveis partidários estão consubstanciados na divulgação de notícias ou informações falsas através das redes sociais, com o único propósito de denegrir a vida pessoal dos dirigentes do partido, assim como das instituições públicas.
Na sua primeira intervenção como primeiro secretário do MPLA em Luanda, Adriano Mendes de Carvalho agradeceu o voto de confiança dos militantes e manifestou inteira disponibilidade para o cumprimento das tarefas no quadro dos “enormes desafios” que se avizinham, contando com o engajamento de todas as forças vivas da província.
O também governador de Luanda criticou a intriga e as calúnias no seio do partido e recomendou, para os próximos tempos, um debate aberto e democrático entre os militantes, uma forma de “lavar a roupa suja em casa”.
“As questões internas da organização devem ser discutidas em fóruns próprios, porque a exposição das mesmas podem acabar por ser usadas contra os objectivos pré-definidos pelo MPLA”,lembrou Adriano Mendes de Carvalho, que apelou para a recuperação da mística do partido.
Higino Carneiro, o primeiro secretário cessante, também se queixou dos “maus militantes”, que ao invés de colocarem as preocupações partidárias nos Comités de Acção do Partido (CAP) preferem levá-las às redes sociais.
“A divulgação de mensagens falsas põe em causa a solidez das estruturas do partido e minam a unidade e coesão entre os angolanos”, alertou Higino Carneiro, que actualmente desempenha as funções de segundo vice-presidente da Assembleia Nacional.
O membro do Burau Político, num claro aviso à necessidade de coesão e unidade do partido, lembrou que “se juntos já somos fracos, divididos não somos ninguém”.
Ao encerrar a conferência, o secretário-geral do MPLA também defendeu a necessidade da coesão e unidade entre os militantes e apelou para o aperfeiçoamento dos métodos de trabalho do partido, tendo em conta os próximos desafios do país, com destaque para as eleições autárquicas.
“Com a realização de eleições autárquicas impõese o aprimoramento dos níveis de organização e funcionamento das estruturas intermédias do partido em Luanda", avisou Paulo Kassoma, que também falou da necessidade de municipalização dos diferentes serviços sociais, do estabelecimento de um sistema de governação mais próximo dos cidadãos, e de se acabar com as assimetrias regionais como forma de combater a fome e a pobreza em todo o território.
Momentos do acto
O evento teve vários momentos. Além da eleição de Adriano Mendes de Carvalho, os militantes avaliaram a situação política, económica e social da província de Luanda, aprovaram moções de apoio ao presidente e vice-presidente do partido. Uma moção honrosa também foi entregue ao primeiro secretário cessante, pela sua entrega às tarefas do partido, sobretudo durante o processo eleitoral.
Adriano Mendes de Carvalho agradeceu o voto de confiança dos militantes e manifestou inteira disponibilidade no cumprimento das tarefas no quadro dos desafios que se avizinham
Mensagens da OMA e da JMPLA, também, assinalaram o acto, em que compareceram mais de dois mil militantes. A conferência resulta do princípio adoptado nos últimos anos de acumulação de funções no partido e no Estado, face às alterações feitas na direcção de alguns governos provinciais.