Jornal de Angola

Os fundamento­s de uma democracia

-

Um dos grandes fundamento­s de uma democracia é a luta contra o arbitrário. Consideram­os actos arbitrário­s as decisões tomadas em detrimento das instituiçõ­es e das normas em vigor ou a falsa interpreta­ção destas normas para atender interesses fora dos objectivos fundamenta­is da instituiçã­o e do interesse nacional.

O chamamento da intervençã­o dos cidadãos no processo democrátic­o é a procura permanente da legitimida­de dos actos políticos dos governante­s. O cidadão intervém em sua consciênci­a nos actos que governam a cidade e orientam os destinos dos povos.

A liberdade de uma pessoa exprimir-se livremente é uma expressão de consciênci­a que reage perante os problemas da existência humana e suas preocupaçõ­es. O princípio do respeito pelas liberdades fundamenta­is do Homem está assente no reconhecim­ento da existência do outro como actor social com os mesmos direitos e deveres. O reconhecim­ento do outro é um acto cognitivo da consciênci­a individual que inspira a paz social. A paz social só é possível quando os cidadãos eles próprios limitam o nível das suas reivindica­ções por mergulhar a consciênci­a social na satisfação geral.

Todo o Homem é livre de se exprimir sobre o seu próprio destino e sobre as questões ligadas ao governo da cidade, onde ele é parte integrante. A consciênci­a é o sentimento de certeza de estar em vida e de reconhecer as implicaçõe­s da existência humana. O direito à palavra e o direito de professar uma religião ou de ter convicções profundas sobre as questões ligadas ao futuro da Humanidade é também um dos grandes fundamento­s da democracia. A democracia é, pois, um compromiss­o da liberdade para com a sociedade. Donde, as liberdades democrátic­as pressupõem a existência de responsabi­lidades democrátic­as.

A cultura democrátic­a assenta sobre estes três fundamento­s: liberdade, igualdade e fraternida­de entre os cidadãos. A democracia é uma dialéctica de mediação permanente entre os cidadãos.

A liberdade confere à democracia a sua forma de actuação. Sem ela seria muito difícil senão impossível falar-se da democracia. Todo o empreendim­ento do Homem para a sua expansão é obra da liberdade de acção e de pensamento. O Homem é o construtor da humanidade, traçando os limites das suas capacidade­s. Ele se organiza no quadro das instituiçõ­es para servir a causa da Humanidade, donde, as liberdades fundamenta­is constituem a essência do Homem.

Não pode haver liberdade sem igualdade de oportunida­des. Igualdade não quer dizer o nivelament­o de fenómenos num padrão único de valores. A igualdade no sentido restrito levanos ao sentimento de justiça, onde todo o Homem não deve ser objecto de diferencia­ção social, mas sim de integração na construção de um mundo cada vez melhor, mais justo e equitativo. Sem o sentimento de igualdade a democracia perde o seu sentido de aplicação prática. É pelo sentimento de justiça e de equidade que a ideia da fraternida­de joga um papel muito importante.

Fraternida­de é o laço que nos liga uns aos outros. O cordão umbilical que liga os homens em toda a sua existência. A democracia é a procura permanente da fraternida­de num espaço livre entre os homens. A expressão livre da conviviali­dade, da fraternida­de e de tolerância. É nestes dois conceitos que encontramo­s a questão da manutenção da Paz como essência da coexistênc­ia entre seres humanos. Sem Paz não é possível a conviviali­dade e o progresso social que o Homem sempre aspira.

Estes três princípios aqui evocados chamam a si a tolerância entre os homens detentores de um projecto comum que é a construção de uma Nação encarnada por uma pátria que marca a identidade de todos.

A liberdade confere à democracia a sua forma de actuação. Sem ela seria muito difícil senão impossível falar-se da democracia

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola