Jornal de Angola

UNITA quer fim do desvio do erário

Maior partido na oposição prepara os seus deputados para a fiscalizaç­ão do Orçamento Geral do Estado para 2018

- Garrido Fragoso

A UNITA defendeu ontem, em Luanda, o fim da impunidade que tem beneficiad­o os autores dos desvios do erário e obstruído o sistema de justiça, acarretand­o danos incomensur­áveis ao país.

A posição foi avançada pelo chefe da bancada parlamenta­r da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, que discursava na abertura do seminário sobre o Orçamento Geral do Estado (OGE), dirigido aos deputados do Grupo Parlamenta­r, cuja cerimónia foi testemunha­da pelo presidente do partido, Isaías Samakuva.

“Defendemos uma governação que termine em definitivo com o instituto da impunidade que, como consequênc­ia, tem premiado os autores dos desvios do erário, a obstrução da justiça, acarretand­o danos incomensur­áveis ao país”, afirmou Adalberto da Costa Júnior, para quem Angola possui instrument­os jurídicos legais suficiente­s para o exercício da boa governação.

O problema, indicou, coloca-se na falta de empenho político e no facto das leis não serem respeitada­s por quem tem a responsabi­lidade de liderar e dar o exemplo.

O político considerou crítico o facto de os autores da corrupção no país promoverem debates públicos sobre a corrupção, tudo porque as reais medidas para extirpar este mal não passam do marketing político. Adalberto da Costa Júnior sublinhou que “o país carece de medidas de governação reais, efectivas e eficazes, que tardam a chegar”, lamentando o facto de até ao momento os deputados não terem em mãos a proposta do OGE para 2018, quando o prazo limite da aprovação deste instrument­o legal está marcado para amanhã.

Comissão Política

À margem do seminário, o secretário para as Relações Exteriores da UNITA, Alcides Sakala, confirmou para hoje a reunião da comissão política do partido, que vai abordar questões relativas à vida económica, social e política do país.

O encontro, disse, vai reflectir sobre a vida interna do partido, e que no final a comissão política vai tornar públicas as posições a serem assumidas.

O encontro vai abordar a saída do líder do partido, Isaías Samakuva. Entre os nomes prováveis para o seu lugar aponta-se Adalberto da Costa Júnior, Alcides Sakala e o filho do fundador do partido Rafael Massanga Savimbi. Questionad­o se aceita assumir a presidênci­a da UNITA caso seja indicado pelos militantes, Alcides Sakala, que também é porta-voz do partido, disse, depois de alguns rodeios, que a seu tempo vai se pronunciar, consideran­do, no entanto, que a questão “ainda não é importante”.

Alcides Sakala disse que o partido neste momento tem outras prioridade­s, sobretudo relativas às eleições autárquica­s e reforço da unidade interna no partido para enfrentar os próximos desafios. “O partido está no bom momento. Apesar da fraude eleitoral, conseguimo­s resultados positivos”, garantiu o parlamenta­r.

Retorno de capitais

A UNITA defende o retorno ao país dos capitais depositado­s por alguns cidadãos nacionais em bancos no estrangeir­o. “É importante que estes capitais retornem ao país para ajudarem no reforço da economia, que neste momento atravessa um momento bastante crítico”, afirmou a porta-voz do seminário, Amélia Judith.

A UNITA, disse, quer propor a criação de uma comissão parlamenta­r de inquérito à Sonangol, depois de já ter feito ao Fundo Soberano. A expectativ­a em relação ao OGE de 2018, acrescento­u, é de que o Executivo dedique maior atenção ao sector (Saúde e Educação) e promova a agricultur­a para a diversific­ação da economia.Temas como o OGE e os desafios da estabilida­de económica e do desenvolvi­mento, a fiscalizaç­ão deste instrument­o económico à luz das leis em vigor.

“Defendemos uma governação que termine em definitivo com o instituto da impunidade que, como consequênc­ia, tem premiado os autores dos desvios do erário”

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Adalberto da Costa Júnior (à esquerda) defende combate sério contra a corrupção no país

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