Identificada rede de burladores
Porta-voz do Governo Provincial de Luanda, Sebastião José, lembrou que, recentemente, dois indivíduos contactaram o GPL depois de terem sido enganados com promessa de emprego, tendo um entregue 35 mil kwanzas e outro mais de 100 mil
Histórias de burlões têm sido frequentes na capital enganado pessoas distraídas com promessas do "arco da velha". Muitas vezes, os burlões evocam instituições como o Governo da Província com telefonemas para suposta venda de carros a preços irresistíveis e com alguma ingenuidade, as pessoas caem facilmente na armadilha.
“É necessário que as pessoas estejam mais atentas e não aceitem telefonemas de burlões que só querem aproveitarse da fragilidade das pessoas”
José sempre esteve de atalaia por ouvir histórias de burlões, que tudo fazem para ganhar a vida, enganando pessoas distraídas com promessas até do "arco da velha".
Nunca lhe passou pela cabeça que pudesse ser um dia vítima de um burlão. O inesperado chegou há uma semana. Numa manhã de quarta-feira, Faustino José recebe um telefonema de Edgar Van-Dúnem, que se identificou como funcionário do Departamento dos Transportes do Governo Provincial de Luanda.
Do outro lado da linha, ouviu o seguinte: “O senhor foi contemplado com uma viatura de marca Toyota Hilux, mas, para ter acesso à viatura, vai ter de entrar em contacto com o senhor Sousa Santos, despachante oficial na cidade do Lobito, que lhe vai dar as directrizes para o processo de aquisição e despacho da viatura para Luanda”.
O senhor Faustino José ficou inicialmente convencido de que era verdade o que lhe foi informado quando o suposto funcionário do Governo Provincial de Luanda disse o seu nome completo acrescido da informação de que seria contemplado com uma viatura por ser um antigo combatente, o que correspondia à verdade.
Mas, como sempre esteve de atalaia, começou a desconfiar que estava a ouvir o conto do vigário quando do outro lado da linha o suposto funcionário lhe pediu dados pessoais, como o número da conta bancária, tendo recusado terminantemente a dar as informações que têm a ver com a sua vida pessoal.
O prevenido cidadão, para despachar o suposto funcionário do Governo Provincial de Luanda, disse que, no mesmo dia, voltariam a conversar depois de manter uma conversa com os filhos. A intenção não era esta. Faustino José ligou para o Jornal
de Angola, depois de não ter conseguido entrar em contacto por telefone com o Governo Provincial de Luanda, por via do qual queria aferir a veracidade da informação que recebeu de Edgar Van-Dúnem.
Quando ligou para o Jornal de Angola, a primeira coisa que fez foi perguntar se este órgão de comunicação social estava informado da existência de um plano de apoio social do Governo Provincial de Luanda a antigos combatentes e só depois contou a história rocambolesca.
Imediatamente, o Jornal de Angola entrou em contacto com o Governo Provincial de Luanda, que, na pessoa do porta-voz, Sebastião José, disse ser falsa a informação de que estaria a distribuir viaturas a antigos combatentes, além de que não está a contratar novos funcionários.
O também director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa assegurou não haver na área dos Transportes nenhum funcionário com o nome de Edgar Van-Dúnem e alertou que o foco dos burladores está sempre na falsa promessa de emprego e distribuição de carrinhas.
Sebastião José lembrou que, recentemente, dois indivíduos contactaram o Governo Provincial de Luanda depois de terem sido enganados com promessa de emprego, tendo um desembolsado 35 mil kwanzas e outro mais de 100 mil kwanzas.
“É necessário que as pessoas estejam mais atentas e não aceitem telefonemas de burlões que só querem aproveitar-se da fragilidade das pessoas”, aconselhou Sebastião José, lembrando que, para um processo de recrutamento, é sempre necessário um concurso público.
O Jornal de Angola contactou o falso funcionário do Governo Provincial e o suposto despachante oficial. A repórter fez-se passar por alguém que teria sido contactado por um dos dois burlões. Na conversa com Edgar Van-Dúnem, este mostrouse bem disposto a ajudar, depois de ter perguntado se a pessoa com quem falava já tinha entrado em contacto com o despachante.
Quando a repórter se identificou e disse que não era nenhum contemplado, quis depois saber se Edgar Van-Dúnem era mesmo funcionário do Governo Provincial de Luanda. Notouse um Edgar Van-Dúnem a esgueirar-se de mansinho. "Alô, alô, não ouço nada. minha senhora, é melhor ligar mais tarde porque estou a conduzir", disse Edgar Van-Dúnem, antes de ter desligado o telefone.
O Jornal de Angola abordou o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, intendente Mateus Rodrigues, de quem quis saber se havia queixas apresentadas à corporação por pessoas vítimas de burla em Luanda.
Mateus Rodrigues confirmou que havia queixas, mas pediu à repórter que voltasse a contactá-lo porque iria compulsar dados para falar com mais propriedade. Até à hora do fecho da edição, não foi possível voltar a falar com Mateus Rodrigues, mas, pela pertinência do assunto, aqui fica a promessa aos leitores de que vamos publicar o que a Polícia Nacional em Luanda tem a informar sobre burlas na capital angolana.
Mas duas perguntas ficam no ar. Afinal, quem são esses burlões e como obtêm informações pessoais de potenciais vítimas?