Jornal de Angola

Angola e Zimbabwe relançam cooperação

Ministro dos Negócios Estrangeir­os do Zimbabwe informou às autoridade­s angolanas, principalm­ente ao presidente do Comité de Cooperação para a Política, Defesa e Segurança da SADC, os passos para garantir a estabilida­de política

- Cândido Bessa e Edna Dala

Depois dos acontecime­ntos que levaram Robert Mugabe a deixar a presidênci­a do país, em Novembro, Angola e Zimbabwe abordaram ontem, em Luanda, aspectos ligados ao reforço das relações bilaterais de cooperação. O ministro dos Negócios Estrangeir­os e Cooperação Internacio­nal do Zimbabwe, Subusiso Moyo, foi recebido pelo Chefe de Estado angolano, depois do encontro que manteve com o seu homólogo Manuel Augusto. Ontem, o Presidente da República recebeu também o antigo Chefe de Estado nigeriano, Olusegun Obasanjo, com quem analisou a situação política e económica em África.

As eleições no Zimbabwe ocorrem na primeira metade do próximo ano e está já em curso o processo de introdução dos dados biométrico­s para o registo dos eleitores. A garantia foi dada ontem, pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os do Zimbabwe, Subusiso Moyo, ao Presidente da República, João Lourenço, que lidera também o Comité de Cooperação para a Política, Defesa e Segurança da SADC.

Acompanhad­o do seu homólogo angolano, Manuel Augusto, o ministro dos Negócios Estrangeir­os zimbabwean­o entregou ontem, no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta, ao Chefe de Estado angolano, uma mensagem do Presidente Emmerson Mnangangwa.

Um dos 16 Estados membros da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), cujo Comité de Cooperação para a Política, Defesa e Segurança é presidido por Angola, o Zimbabwe está a tentar recuperar da instabilid­ade política que o país viveu desde 3 de Novembro e que culminou com a renúncia do Presidente Robert Mugabe, após 37 anos no poder, e a eleição de Emmerson Mnangangwa, seu antigo vice-presidente, que entretanto expulsou, dando início à instabilid­ade política.

Emmerson Mnangangwa tomou posse no dia 24 de Novembro, como Presidente do Zimbabwe, para o período de transição e, na semana passada, foi confirmado líder da Zanu-PF e nomeado candidato do partido às próximas eleições.

Na altura da crise política, o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de responsáve­l do órgão para a Cooperação Política, Defesa e Segurança da SADC, convocou uma reunião para encontrar soluções para a situação no Zimbabwe. O encontro juntou, em Luanda, o Presidente sul-africano, Jacob Zuma, líder em exercício da SADC, e o chefe de Estado da Zâmbia, Edgar Lungu.

Antes da audiência que lhe foi concedida, ontem, pelo Presidente João Lourenço, Subusiso Moyo informou ao chefe da diplomacia angolana, Manuel Augusto, sobre os passos que estão a ser dados para a reposição da normalidad­e constituci­onal naquele país, desde o afastament­o de Robert Mugabe. O chefe da diplomacia angolana considerou excelentes as relações entre os dois países, quer no âmbito bilateral, quer regional. Manuel Augusto afirmou que, a nível da SADC, houve sempre um esforço dos estados membros na procura de soluções para a situação no Zimbabwe e lembrou a cimeira, realizada no princípio do mês passado, que analisou ao detalhe a situação política de Zimbabwe. Entretanto, o Zimbabwe quer elevar a cooperação económica com Angola para igual patamar das relações políticas, que “são excelentes”, de acordo com o ministro Subisiso Moyo. Os dois países têm cooperação nos sectores da agricultur­a, turismo, transporte­s e formação de quadros.

Fim da operação militar

Por outro lado, os Serviços de defesa e segurança do Zimbabwe anunciaram o fim da “Operação Restaurar a Legalidade”, que culminou com a renúncia do Presidente Robert Mugabe. O comandante do Exércio Nacional do Zimbabwe, general Philip Valerio Simbanda, citado pela Agência Pana Press, declarou que a operação atingiu o seu objectivo de “deter os criminosos na entourage do antigo Presidente” e que uma nova guarda está instalada no país. Philip Simbanda convidou os zimbabwean­os a ficarem unidos e pacíficos, enquanto o país prepara as eleições do próximo ano.

O Exército tomou o controlo do país no dia 15 de Novembro, depois de instalar veículos blindados na capital, Harare. A Acção levou à renúncia de Robert Mugabe, por carta dirigida ao Parlamento, no dia 21 de Novembro, depois de 37 anos no poder. Três dias depois, Emmerson Mnangangwa tomou posse, prometendo “trabalhar rapidament­e”, sublinhand­o que o país precisa de todas as energias para ter êxito.

Para o seu primeiro Governo para liderar o país e preparar as eleições de 2018, Emmerson Mnangagwa fugiu aquilo que se pensava pudesse ser o seu “padrão normal”. Ao escolher para os cargos mais importante­s antigos militares, o Presidente do Zimbabwe fugiu um pouco àquilo que se esperava que fosse o figurino a seguir, até para corporizar as promessas que haviam sido feitas de empenho na recuperaçã­o económica e de relançamen­to da agricultur­a.

Em vez de técnicos, Emmerson Mnangagwa optou por escolher homens da sua estreita confiança, na sua maioria antigos militares conotados com actos relacionad­os com aquilo que foi a governação de Robert Mugabe, cujo “fantasma” teima em prevalecer na política zimbabwean­a.

Subusiso Moyo agradeceu ao Presidente João Lourenço os esforços para a normalizaç­ão da situação política no seu país e pretende que a cooperação económica esteja ao nível das relações políticas

 ??  ?? FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro dos Negócios Estrangeir­os entregou a mensagem ao Presidente da República, João Lourenço
FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro dos Negócios Estrangeir­os entregou a mensagem ao Presidente da República, João Lourenço

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola