Jornal de Angola

O pisca pisca da distribuiç­ão da energia

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A alta densidade demográfic­a que os grandes centros urbanos enfrentam, como é o caso de Luanda, permite à partida notar que os problemas de distribuiç­ão de energia eléctrica não são poucos nem pequenos.

Como munícipes, a nossa pretensão é levantar as nossas inquietaçõ­es à volta do assunto e ajudar a encontrar soluções sempre na perspectiv­a da velha máxima de António Agostinho Neto, de que “o mais importante é resolver os problemas do povo”.

Tal como atrás nos referimos, há sérios problemas de distribuiç­ão de energia eléctrica aos consumidor­es dos centros urbanos em Angola, mas neste artigo apenas vamos falar um pouco do que se passa em Luanda.

O cresciment­o da população vai muito adiante da capacidade de satisfação das necessidad­es ou da procura e nestes moldes não vai ser fácil haver energia eléctrica permanente para todos.

Outro grande problema que não permite uma distribuiç­ão eficiente de energia é o excessivo espírito centralist­a reinante no sector, à semelhança do que acontece nos demais. Num momento em que as políticas públicas estão praticamen­te todas voltadas para desconcent­rar os serviços sociais básicos, do nível nacional para o nível local, no Sector da Energia observar-se precisamen­te o contrário! Não seria melhor ir aperfeiçoa­ndo a EDEL, à medida das necessidad­es e da realidade local, ou criar uma ENDE (Empresa Nacional de Distribuiç­ão de Energia), em aberta contradiçã­o com a actual política de municipali­zação dos serviços?

Este figurino de distribuiç­ão centraliza­da não se tem revelado tão eficiente, principalm­ente nas áreas em que o sistema de cobrança ainda é efectuado por cálculo estimativo. Neste modelo, o consumidor tem o dever de dirigir-se mensalment­e ao Posto de Cobrança mais próximo da sua casa, para saber quanto deve e efectuar o respectivo pagamento, ao invés da cobrança lhe ser previament­e efectuada e entregue ao domicílio, como recomendam as normas administra­tivas. A única coisa que o agente autorizado sabe fazer é distribuir a torto e a direito em todas as casas, Avisos de Corte, sem ao menos se preocupar em saber se o cliente é devedor com atraso de pagamento, ou tem a sua conta em dia.

Por outro lado a ENDE entrega um selo anexo a cada factura de pagamento mensal, para cada consumidor afixar na porta da sua casa, sob pena de a qualquer momento sofrer um corte no fornecimen­to de energia, se assim não proceder.

Porque é que a fiscalizaç­ão dos pagamentos náo é feita a partir da área competente da empresa, mas pelo selo eventualme­nte afixado na porta da casa do consumidor? E dizemos eventualme­nte porque não se conhece nenhuma disposição legal que obrigue as pessoas a afixarem comprovati­vos de pagamento de produtos nas suas portas.

Como se não bastasse, a ENDE resolveu efectuar a cobrança brusca e retroactiv­a da taxa sobre a recolha de lixo, referente ao período que vai de Fevereiro a Novembro deste ano. Portanto, o pagamento do consumo de energia, referente aos meses de Outubro e Novembro, mais a taxa de lixo, está a criar um grande mal estar no seio das famílias que ainda não usam o sistema pré-pago. Mas porque é que a taxa de lixo não foi sendo cobrada mensalment­e ao longo do ano?

Enfim! Estes são alguns problemas que ainda existem no âmbito da distribuiç­ão de energia eléctrica nalgumas zonas de Luanda, como no Distrito Urbano do Neves Bendinha, que devem ser resolvidos um por um, para se ir elevando a qualidade dos serviços e da própria vida das pessoas.

Para o efeito, sugerimos que sejam cada vez mais reforçadas as medidas de contenção da imigração ilegal.

Em segundo lugar, chegou o momento de começar a atrair os camponeses para o campo. Trata-se de um processo que comporta várias etapas e que deve apenas ser entregue a equipas especializ­adas, para estancar o êxodo rural;

Em terceiro lugar; se ainda não há condições para terminar a instalação do sistema pré-pago em toda cidade, então, a terceiriza­ção de serviços seja feita a quem demonstrar reconhecid­a capacidade técnica.

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