Gasolina está a ser vendida a 500 Kwanzas em Mbanza Congo
Apesar de a Sonangol negar escassez, preços dos combustíveis disparam no mercado informal
O litro de gasolina foi, sábado e domingo, vendido no mercado informal de Mbanza Kongo a 500 kwanzas, o dobro dos 250 que valia durante a semana e três vezes mais que o preço oficial, de 165 kwanzas, noticiou ontem a Angop.
O preço subiu apesar de, sexta-feira, a Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) ter declarado não haver escassez no país e que o abastecimento ao mercado nacional estava assegurado.
Em comunicado de imprensa, a companhia admitiu atrasos na descarga de combustíveis nos portos nacionais, devido a pequenos constrangimentos nos pagamentos aos fornecedores externos.
O documento também dava conta do início do processo de descarga de combustível nos portos de Luanda, Cabinda, Lobito, Namibe e Zaire, insistindo em que não há qualquer problema operacional por parte da companhia petrolífera.
Revendedores de Mbanza Kongo atribuíram o aumento dos preços no mercado informal à falta de gasolina ao longo da semana nas bombas de combustíveis da Pumangol e Sonangol, as duas distribuidoras instaladas naquela cidade.
Táxis mais caros
Os moto-taxistas também elevaram o preço da corrida de 150 para 200 kwanzas, quando muitas viaturas licenciadas para o serviço de táxi deixaram de trabalhar por falta de gasolina.
O facto preocupa taxistas e outros automobilistas, assim como a população, que encontra inúmeras dificuldades para deslocar-se devido ao reduzido número de viaturas em circulação na cidade.
O automobilista Nicou Pedro disse que muitos taxistas têm os carros perfilados nos postos de combustíveis há mais de três dias, aguardando pela chegada, a qualquer momento, da gasolina.
“Muitos desses carros já não têm combustível, portanto ficaram imobilizados nas bombas. Outros decidiram estacionar em frente aos postos de abastecimento esperando pela vinda do combustível”, afirmou. O moto-taxista Jorge António disse que, mesmo com o litro de gasolina a ser comercializado a 500 kwanzas, dificilmente aparece no mercado informal da cidade. “Saí muito cedo para comprar pelo menos três litros de gasolina, mas não consegui”, declarou, solicitando às entidades competentes para que inverta o quadro.
Com uma população calculada em 180.329 habitantes, a cidade de Mbanza Kongo dispõe de duas bombas de combustíveis (Pumangol e Sonangol) instaladas na periferia da urbe. É a segunda vez, este ano, que atrasos no fornecimento de combustível às províncias do interior do país desequilibram o mercado, depois de, em Novembro, problemas atribuídos ao mau estado de conservação das estradas terem dificultado a distribuição e provocados a escassez de carburantes.
Investimento da refinação
As autoridades angolanas e a Sonangol tentam aumentar a capacidade de refinação do país, depois de, ao dar posse ao novo conselho de administração da petrolífera, em Novembro, o Presidente da República ter desafiado ao investimento neste sector.
“Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados”, defendeu o Presidente, reforçando que “o que pretendemos é que o país tenha refinaria, ou refinarias, para que a actual fase que vivemos, de importação de derivados do petróleo, seja atirada para o passado” .
A Sonangol assinou com a Total e a Eni, da França e Itália, acordos para a formação de parcerias nos domínios da produção e distribuição de combustíveis, incluindo na Refinaria de Luanda.
Revendedores de Mbanza Kongo atribuíram o aumento dos preços do mercado informal à falta de gasolina durante a última semana