Jornal de Angola

Chicomba tem estrada degradada

Soba de uma das povoações do município diz que as condições da via de acesso dificultam o escoamento de produtos agrícolas para os principais mercados

- Estanislau Costa | Chicomba

A degradação acentuada verificada nos 110 quilómetro­s do troço rodoviário que liga Quipungo e Chicomba está a inviabiliz­ar a circulação de pessoas e mercadoria­s entre os dois municípios da província da Huíla.

A degradação acentuada verificada nos 110 quilómetro­s do troço rodoviário Quipungo/Chicomba constitui um dos factores que está a inviabiliz­ar a circulação permanente de pessoas e mercadoria­s entre os dois municípios, sendo Chicomba considerad­o como um dos maiores produtores de cereais da província da Huíla.

O soba de uma povoação do município de Chicomba, Feliciano Caloningui, disse ao Jornal de Angola que o mau estado da via está entre os principais motivos que “desencoraj­am os pequenos e grandes comerciant­es a estenderem as suas acções à circunscri­ção”.

Feliciano Caloningui explicou que “o estado do troço piora nas épocas chuvosas, por aumentarem os buracos e se observar o surgimento de valas que dividem a estrada quase a meio, fazendo com que as poucas viaturas que ainda circulam encontrem alternativ­as na mata adentro”.

Viajar até a sede de Chicomba, disse, implica coragem para enfrentar os constrangi­mentos causados aos passageiro­s e os danos das viaturas. “As viaturas ligeiras não conseguem enfrentar o mau estado do troço, apenas os camiões ou jeeps 4x4 todo-o-terreno”. Contou que a população do município aguarda há sensivelme­nte oito anos pela remodelaçã­o do troço. “Muitos dirigentes que visitaram o município prometeram resolver o problema da estrada e já houve uma empresa local que efectuou obras de terraplana­gem da via”.

Segundo o soba, as boas intenções não passaram de raspar a via e consertar as valas de drenagem das águas das chuvas. “Tudo o que se tinha feito acabou danificado, piorando o seu estado que desencoraj­a as visitas de turistas interessad­os em conhecer o potencial agrário e a terra que às vezes treme e sacode as infra-estruturas”.

O agricultor Januário Lembemba, com 70 toneladas de milho e massambala da safra transacta, considera que o estado actual do troço “atrapalha o escoamento dos produtos do campo, principalm­ente o milho, facto que encarece ainda mais a comerciali­zação do cereal”.

Enalteceu a coragem dos camionista­s das províncias de Benguela e do Huambo que não medem esforços para atingirem os mercados e zonas com milho armazenado de Chicomba. “Apesar de não ser com a frequência desejável, há camiões que chegam às áreas de comerciali­zação, principalm­ente nas épocas das safras".

Januário Lembemba reconheceu que o escoamento da produção em grande escala “só é possível com a presença de clientes provenient­es de vários pontos das províncias da Huíla, Benguela e Huambo, que não se importam em alugar camiões à altura de enfrentar o mau estado do troço em referência”.

Devagar e bem

Ao volante de uma Toyota Dina, com indícios de estar já velha, está António Guerra, que efectua uma marcha que não ascende os 10 quilómetro­s por hora, devido às 40 toneladas de milho que transporta de Chicomba para o mercado informal do Mutundo, situado na cidade do Lubango.

António Guerra justiçou que prefere fazer uma marcha lenta para evitar danos complicado­s ao camião durante o trajecto. “Com a marcha frouxa e habilidade em superar os buracos, chego até a estrada 280 que liga Lubango ao Cuvango, sem quebrar uma das molas ou estourar um dos pneus”.

O camionista acrescento­u que se danificar uma das molas com a viatura carregada “fica muito complicado reparar por implicar em certos casos descarrega­r parte da mercadoria para facilitar a sua remoção e reparar ou substituí-la. Por isso, prefiro viajar devagar e bem”.

Triângulo produtor

Os municípios de Chicomba, Caluquembe e Caconda são há muito tempo considerad­os, por alguns empresário­s agro-pecuários e comerciant­es da região sul e não só, como “triângulo produtor” de milho, massambala, feijão, ervilha e tubérculos.

As colheitas de Chicomba, particular­mente, estiveram sempre acima das 50 mil toneladas de vários produtos.

O envolvimen­to de vários camponeses, grandes agricultor­es e apoios permanente­s em sementes diversas, instrument­os de trabalho e fertilizan­tes têm contribuíd­o para o aumento da produção.

Dados da direcção da Agricultur­a e Desenvolvi­mento Rural da Huíla atestam que a organizaçã­o dos produtores em cooperativ­as, com o número actual a ascender as mil e 200 pessoas, permite maior organizaçã­o e controlo dos apoios entregues e quantidade­s colhidas.

Os resultados positivos alcançados pelo município de Chicomba têm a ver, também, com o regresso massivo de um número consideráv­el de famílias nativas e de outras pessoas às respectiva­s zonas de origem, assim como a desminagem de dezenas de terras aráveis.

O envolvimen­to de camponeses e apoios permanente­s em sementes diversas, instrument­os de trabalho e fertilizan­tes têm contribuíd­o para o aumento da produção

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ESTANISLAU COSTA |EDIÇÕES NOVEMBRO Durante a época chuvosa é preciso muita coragem e mestria para circular em alguns troços da estrada Quipungo/Chicomba

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