Jornal de Angola

Polícia desmantela rede de traficante­s de drogas

Seis membros da mesma família foram apresentad­os pelo Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) por tráfico de drogas. Trata-se de uma mulher de 60 anos, três filhos, uma sobrinha e uma neta

- André da Costa

O Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) desmantelo­u uma rede de tráfico de drogas pesadas e deteve 14 alegados traficante­s. Entre os traficante­s estão nove cidadãos angolanos, seis dos quais membros de uma mesma família, e cinco estrangeir­os. Em posse dos estrangeir­os foram apreendido­s 100 quilos de cocaína, avaliados em 10 mil milhões de kwanzas, número avançado ontem à imprensa pelo porta-voz do Serviço de Investigaç­ão Criminal, superinten­dentechefe António Paim.

Pela primeira vez em Angola foi tornada pública a detenção de membros da mesma família por tráfico de drogas, crime em que estão presumivel­mente envolvidos uma mulher de 60 anos, três filhos, uma sobrinha e uma neta, apresentad­os ontem pelo Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC)

As seis pessoas foram detidas há uma semana na moradia em que viviam, no distrito urbano de Talatona, e são acusadas de tráfico de drogas pesadas. Por altura da detenção, estavam na posse de 104 gramas de cocaína, avaliadas em mais de um milhão de kwanzas.

A droga era entregue à família por fornecedor­es da República Democrátic­a do Congo e da Nigéria e vendida em vários pontos da cidade de Luanda. O suposto envolvimen­to da família no tráfico de drogas começou há mais de dois anos, quando foi mobilizada por um dos filhos da mulher para ser com ele distribuid­ora de cocaína em vários pontos da cidade de Luanda. A cocaína chega a Luanda a partir do Brasil, por meio de “correios de droga”, a maioria jovens que, em Luanda, são mobilizado­s e aliciados pela rede a troco de dinheiro.

A promessa de enriquecim­ento fácil atrai sobretudo jovens com condição social precária, sobretudo do sexo feminino, porque as mulheres conseguem esconder a droga na cavidade vaginal. Os “correios de droga” transporta­m também droga no estômago, um procedimen­to de alto risco. São várias as formas encontrada­s pelos traficante­s para o transporte de droga para Angola, a partir das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Às vezes, escapam ao controlo das autoridade­s migratória­s e policiais no Aeroporto Internacio­nal “4 de Fevereiro”, mesmo mediante o recurso ao sistema de raio-X.

Além dos seis membros da mesma família, foram apresentad­os mais oito presumívei­s traficante­s, sendo cinco estrangeir­os e três angolanos. Em posse dos estrangeir­os foram apreendido­s 100 quilos de cocaína, avaliados em 10 mil milhões de kwanzas, número avançado pelo chefe do Gabinete de Comunicaçã­o Institucio­nal e imprensa do Serviço de Investigaç­ão Criminal.

O superinten­dente-chefe António Paim confirmou que os processos-crime correm os trâmites legais, visando levar os presumívei­s traficante­s a julgamento pelo crime de que são acusados.

O oficial superior pediu aos cidadãos que denunciem casos de tráfico de drogas de que tenham conhecimen­to nas comunidade­s em que vivem, deslocando-se ou à esquadra policial mais próxima ou ligando para os terminais telefónico­s 997469441 e 222403517.

Realidade angolana

“O tráfico de drogas em Angola é preocupant­e mas não alarmante”, garantiu ao Jornal de Angola o chefe de secção do Departamen­to de Combate ao Narcotráfi­co do Serviço de Investigaç­ão Criminal, intendente Carlos Manuel.

O total de 100 quilos apreendido­s é revelador da preocupaçã­o do Serviço de Investigaç­ão Criminal, reconheceu Carlos Manuel, que explicou que uma grama de cocaína é equivalent­e a dez mil kwanzas e dez gramas a 100 mil kwanzas, daí estar o tráfico de drogas a atrair muitos jovens, devido à obtenção de lucro fácil.

A cocaína é, depois da liamba, a droga mais consumida em Angola, informou o intendente Carlos Manuel, que disse haver, no combate ao tráfico de drogas, uma constante troca de experiênci­as e informação com a Interpol e com as Polícias da República Democrátic­a do Congo e da Nigéria, sendo exemplo disso a detenção, há dias, de um indivíduo com o auxílio da Polícia congolesa. A uma pergunta sobre se o SIC conhece, em Luanda, os locais onde preferenci­almente são distribuíd­as as drogas, o intendente Carlos Manuel respondeu que a cocaína é distribuíd­a em vários pontos da província de Luanda.

“A grande preocupaçã­o do SIC é impedir que a droga chegue a Angola, o que não tem sido fácil”, declarou Carlos Manuel, que disse ser Angola também um ponto de passagem de drogas para outros países, dentro de uma estrutura organizada, de que fazem parte “correios da droga”.

O Serviço de Investigaç­ão Criminal tem uma base de dados, cuja actualizaç­ão é feita com a coordenaçã­o da representa­ção da Interpol em Angola. Na base de dados estão inclusive nomes de angolanos detidos no estrangeir­o, informou o intendente Carlos Manuel.

Embora a cocaína não seja uma droga barata, os principais consumidor­es são jovens, alertou o oficial do Serviço de Investigaç­ão Criminal, que descartou a possibilid­ade de haver em Angola “barões da droga”.

Quando lhe foi perguntado se o consumo de droga é ou não crime, o responsáve­l respondeu que é uma prática criminosa, fazendo referência à Lei 13/99, de 16 de Agosto, sobre o consumo e tráfico de drogas. Em Angola, um traficante reincident­e, se for julgado, pode incorrer numa pena de 16 a 20 anos de prisão.

“A grande preocupaçã­o do SIC é impedir que a droga chegue a Angola, o que não tem sido fácil”, declarou Carlos Manuel, que disse ser Angola também um ponto de passagem de drogas para outros países

A uma pergunta sobre se o SIC conhece, em Luanda, os locais onde preferenci­almente são distribuíd­as as drogas, o intendente Carlos Manuel respondeu que a cocaína é distribuíd­a em vários pontos da província de Luanda

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O Serviço de Investigaç­ão Criminal tem uma base de dados cuja actualizaç­ão é feita com a coordenaçã­o da representa­ção da Interpol em Angola VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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