Jornal de Angola

Insuficiên­cia renal é preocupant­e

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é um problema delicado em Angola, sublinha, justifican­do: “os centros são privados, o Estado paga, mas não se sabe o seu impacto.”

Tal como Timóteo Sebastião e Palmira da Silva, Mande defende a criação de uma lei que proteja o doente renal. “O doente renal pode trabalhar, mas precisa de largar duas vezes por semana mais cedo para fazer hemodiális­e. E não há nada que obrigue o empregador a cumprir esta necessidad­e do trabalhado­r doente.”

O telefone de Mande toca. Atende. “Este é um amigo.” Não é um amigo qualquer, é um irmão para Mande. É a pessoa que está a tratar do seu visto na embaixada portuguesa.

A insuficiên­cia renal levou famílias à ruína, homens e mulheres sem expectativ­as de um dia melhor. Mande acredita que a situação vai ser invertida. Alguns membros da Adira, já escreveram para os ministros da Saúde, Família e Reinserção Social, mantiveram encontros com deputados e organizaçõ­es de profission­ais, mas não obtiveram resultados a contento, nem uma luz laranja sobre a situação do doente renal.

Enquanto folheia uma pilha de papéis de um envelope com cartas para pedir apoio, Mande narra várias histórias reais sem uma pitada de ficção. “Temos um doente de Cabinda. Lá não há centro de hemodiális­e. Ele está em Luanda há dois anos, vive de favor numa casa. Abandonou a família. Somos submetidos a uma dieta alimentar, mas ele come o que aparecer.”

Mande deixou de urinar faz anos, antes de solicitar uma junta para Portugal, para tratar da tiróide. De três em três meses, o doente renal é submetido a exames médicos para aferir o seu estado e permitir a prescrição da dose dos fármacos para regular a doença. “Desde o início do ano, ainda não fizemos colheita no centro do Américo Boavida.”

Porquê? Mande Abreu reage: “dizem que há falta de dinheiro. O Estado não está a pagar.”

Acrescenta que o Centro do Américo Boavida só não fecha porque os donos têm algum poder financeiro. “Houve dias em que o marido da directora, que nem trabalha no centro, é quem comprou o pão para os pacientes”, diz numa voz melancólic­a, afirmando: “os vossos irmãos angolanos estão a viver uma situação que vocês não imaginam.”

Dívida dificulta tratamento

Uma fonte do Centro de Hemodiális­e Pluribus África confirmou a existência da dívida por parte do Estado, que tem estado na base do desajustam­ento no tratamento dos doentes renais. Informou que os salários dos trabalhado­res são pagos com regularida­de por via de outros investimen­tos dos sócios do centro.

A direção do centro promete prestar declaraçõe­s em breve, logo que tenha contacto com a actual ministra da Saúde.

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A insuficiên­cia renal

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