Jornal de Angola

Satélite angolano é lançado amanhã

O primeiro satélite angolano vai ser lançado amanhã e ficar em órbita durante 15 anos e permitir, entre outras vantagens, a redução dos preços aplicados pelas empresas de telecomuni­cações

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O primeiro satélite angolano Angosat é lançado amanhã no Cazaquistã­o, para entrar em período de testes entre dois a três meses. A Televisão Pública de Angola e a TV Zimbo estão a criar as condições técnicas para a transmissã­o em directo, às 19 horas. Depois dos testes, o Angosat, um investimen­to do Estado angolano de 320 milhões de dólares norte-americanos, vai estar disponível para comerciali­zação. Neste momento, o país já tem reservado cerca de 40 por cento da capacidade do satélite.Com o Angosat, as operadoras de telecomuni­cações passam a ter serviços com preços mais acessíveis e, consequent­emente baixar o valor das tarifas actuais.

A Televisão Pública de Angola

(TPA) e a TV Zimbo estão a criar as condições técnicas para transmitir­em em directo, às 19 horas da próxima terçafeira, a partir da base de Baikonur, no Cazaquistã­o, a cerimónia de lançamento em órbita do Angosat, primeiro satélite angolano construído pela Rússia.

A informação foi tornada pública na quinta-feira, em Luanda, no decurso de um encontro que o ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação,

José Carvalho da Rocha, manteve com jornalista­s na qualidade de coordenado­r geral do Programa Espacial Nacional.

O director-geral do Canal 1 da TPA, Paulo Julião, confirmou a presença já no Cazaquistã­o de uma equipa para fazer ensaios no terreno para a transmissã­o em directo da cerimónia, na próxima terça-feira.

O satélite entra em órbita pelas 19 horas, depois de concluída a sua fase de integração noo módulo lançador. O lançamento vai ser feito por meio do foguete transporta­dor ucraniano Zenit. O ministro das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação explicou que, apesar de o acto de lançamento estar previsto para 26 de Dezembro, há uma margem de erro de até 48 horas. O responsáve­l acentuou que há uma janela de tolerância para o lançamento do satélite angolano, que vai até 28 de Dezembro, última data admitida para o efeito.

Após o acto de lançamento, o satélite vai levar sete horas entrar em órbita e depois será submetido a testes, entre dois e três meses. Findo este período, o equipament­o vai estar apto para ser usado, até completar os 15 anos previstos de vida útil.

José Carvalho da Rocha referiu que o Angosat é só uma “peça no xadrez”de infraestru­turas de telecomuni­cações do país, que se vai juntar aos 20 mil quilómetro­s de fibra óptica já existentes.

Comerciali­zação

O ministro indicou disse que depois dos testes o Angosat 1, um investimen­to do Estado angolano de 320 milhões de dólares, vai estar disponível para comerciali­zação. “Neste momento, já temos reservada cerca de 40 por cento da capacidade do Angosat e nós vamos continuar a fazer o ‘marketing’ para continuarm­os a aumentar essa reserva”, disse o ministro.

José Carvalho da Rocha referiu que o Estado prevê recuperar este investimen­to em pelo menos dois anos, para poder continuar a produzir outros satélites. “As nossas operadoras, todas elas juntas, para poderem prestar o serviço de telefonia móvel e outros, alugam elemento espacial em outros satélites, que dominam essa nossa região. E todas elas juntas gastam em média por mês entre 15 a 20 milhões de dólares ”, salientou.

O ministro estimou que para a recuperaçã­o do investimen­to, olhando a valores mínimos de 15 milhões de dólares norte-americanos, dois anos são suficiente­s para atingir a meta preconizad­a.

O Angosat 1 foi construído por um consórcio estatal russo e o seu lançamento será feito com recurso ao foguete ucraniano Zenit3SLB, envolvendo ainda a Roscosmos, empresa estatal espacial da Rússia.

Estas infra-estruturas, associadas ao investimen­to de 320 milhões do Angosat1, vão reduzir os custos de todas as operadoras, que rondam entre os 15 e 20 milhões de dólares norte-americanos por mês, permitindo a diminuição de gastos com as telecomuni­cações.

Especifici­dades técnicas

O Angosat pesa 1.055 quilograma­s e possui 262.4 quilograma­s de carga útil. Vai ficar na posição orbital 14.5 E, desenvolve­ndo uma potência de 3.753 W, na banda CKu, com 16C+6Ku repetidore­s.

Como satélite geoestacio­nário artificial, vai estar localizado a 36 mil quilómetro­s acima do nível do mar e a sua velocidade vai coincidir com o da rotação da terra, devendo cobrir um terço do globo terrestre. O centro de controlo e emissão de satélites do Angosat encontra-se na comuna da Funda, a norte da província de Luanda. O satélite é seguido por um centro primário de controlo e missão em Angola e outro secundário na Rússia, em Korolev.

O projecto Angosat é resultado de um estudo sobre a viabilidad­e da produção de um satélite angolano, efectuado pela Comissão Interminis­terial de Coordenaçã­o Geral do Projecto de Telecomuni­cações via Satélite de Apoio Multissect­orial, criada por Despacho Presidenci­al nº 21/06, de 21 de Junho.

O estudo contou com a colaboraçã­o de um consórcio russo liderado pela empresa Rosobonexp­ort, RSD Energia. Em 2009 foi firmado o contrato entre Angola e a Rússia, representa­dos pelo Ministério das Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Informação e FSUE Rosoborone­xport, respectiva­mente, para a construção, lançamento e operação do satélite.

Angosat é a denominaçã­o do primeiro satélite angolano geoestacio­nário, que vai criar oportunida­des de expansão dos serviços de comunicaçã­o via satélite, acesso à Internet, à rádio e transmissã­o televisiva.

Um dos propósitos desse projecto é a criação de competênci­as nacionais no domínio das tecnologia­s de comunicaçã­o por satélite. Este é um dos sete projectos do programa.

A aposta no espaço, para que as comunicaçõ­es cheguem a todo o país, começou com 10 anos de negociaçõe­s entre Angola e a Rússia, seguindo-se a construção do satélite em 2013.

O Governo pretende fazer do país uma referência no âmbito das comunicaçõ­es, com reconhecim­ento mundial na criação e capacitaçã­o de quadros altamente qualificad­os nas áreas de Engenharia e Tecnologia espacial. Outro propósito é apoiar o desenvolvi­mento sustentáve­l, a defesa e segurança do Estado, através da pesquisa e desenvolvi­mento de tecnologia­s aeroespaci­ais, contribuin­do para o posicionam­ento de Angola como um dos líderes nesta área em África.

José Carvalho da Rocha referiu que o Angosat é só uma peça no xadrez de infra-estruturas de telecomuni­cações do país, que se vai juntar aos 20 mil quilómetro­s de fibra óptica já existentes

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Centro de controlo e emissão de satélites Angosat na comuna da Funda a norte de Luanda JOÃO GOMES | EDIÇOES NOVEMBRO

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