Moçambique sem ajuda dos doadores e do FMI
A Economist
Intelligence Unit (EIU) considera improvável que os doadores internacionais recomecem a financiar Moçambique enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) não o fizer, mas isso também não acontecerá, pelo menos até às eleições de 2019.
“A ausência de um programa do FMI prejudica a perspectiva de evolução económica de Moçambique”, escrevem os peritos da unidade de análise da revista britânica The Economist, numa nota sobre a recente visita de uma equipa do FMI ao país.
Na nota, enviada aos investidores, os analistas escrevem que “os doadores não deverão recomeçar a financiar até que o FMI o faça”, o que implica a assinatura de um acordo entre a instituição sedeada em Washington e o Governo moçambicano.
Só que este acordo, consideram os analistas, é difícil de obter dadas as condições impostas pelo FMI, concretamente a divulgação dos beneficiários dos empréstimos contraídos em segredo por três empresas públicas em 2012 e 2013, no valor de mais de dois mil milhões de dólares norteamericanos.
“O comunicado duro emitido pelo FMI no final da visita reforça a nossa convicção de que há poucas hipóteses de o Fundo retomar o apoio financeiro nos próximos tempos”, escrevem os analistas.
“O documento reitera a necessidade de serem prestadas as informações em falta na auditoria conduzida já este ano relativamente à dívida suspeita”, mas, “com o Governo relutante em implicar os envolvidos na contração dos empréstimos, a EIU duvida que esta exigência seja cumprida em breve”.
Além da questão do financiamento externo, os analistas da Economist escrevem também que “falta uma direção política credível, o que torna o apoio do FMI ainda mais distante”. Foi por isso, acrescentam, que os técnicos do Fundo “defenderam um reequilíbrio urgente das políticas para garantir uma estabilidade macro-económica duradoura”.
Na análise às perspetivas de evolução económica de Moçambique, a EIU conclui: “Apesar de alguma consolidação orçamental, duvidamos que o Governo vá adoptar uma política 'amiga' do FMI, nomeadamente austeridade e a reforma dos sistemas de gestão das finanças públicas, antes das eleições legislativas de 2019.”
O FMI reiterou a 14 de Dezembro a necessidade de o Estado moçambicano prestar informações em falta acerca do escândalo das dívidas ocultas de dois mil milhões de dólares norte-americanos.
A posição foi anunciada num comunicado de uma equipa do corpo técnico do FMI.