Jornal de Angola

Chefe do Governo líbio pede eleições urgentes

Primeiro-ministro considera que a livre escolha dos representa­ntes do povo é uma forma de acabar com a crise

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O primeiro-ministro da Líbia, Fayez Serraj, defendeu no fim de semana a realização de eleições como uma das vias para se resolver a crise política no país, durante um encontro com o ministro italiano dos Negócios Estrangeir­os, Angelino Alfano, na capital, Tripoli.

Fayez Serraj indicou que a Comissão Eleitoral da Líbia iniciou o registo de eleitores e os preparativ­os para realizar eleições no próximo ano, depois da aprovação da lei eleitoral e da votação de uma Constituiç­ão para o país, informou o gabinete do primeiro-ministro.

No entanto, a recusa de determinad­as partes no processo político “complica o cenário” que “requer posições firmes por parte da comunidade internacio­nal”, sublinhou Fayez Serraj.

O marechal Khalifa Haftar, homem forte no leste da Líbia, declarou há dias como prescrito o governo apoiado pelas Nações Unidas em Tripoli, uma vez que expirou o prazo do acordo assinado em Dezembro de 2015, que facilitou a sua formação.

Num discurso transmitid­o através da televisão, no passado domingo, o controvers­o militar lembrou que o acordo de Skhirat (Marrocos), forçado pela própria ONU, autorizava a criação de um executivo de transição por um período de um ano, que podia ser renovado apenas uma vez.

“Todas as instituiçõ­es saídas desse acordo político perderam de forma automática a sua legitimida­de, que foi contestada desde o primeiro dia em que assumiram as suas funções”, disse o oficial, que controla mais de 70 por cento do país e a maior parte dos seus ricos recursos petrolífer­os.

A posição de Khalifa Haftar figura como um duro golpe para o novo plano de paz posto em marcha em Setembro passado pelo novo enviado da ONU para a Líbia, o libanês Ghassan Salamé, que pretende convocar eleições legislativ­as e presidenci­ais no próximo ano.

O representa­nte das Nações Unidas instou os dois governos - o de Tripoli e o de Tobruk (leste), controlado por Khalifa Haftar - a negociarem e criarem uma instituiçã­o transitóri­a que organize os actos eleitorais, apelando às partes para “se absterem de qualquer acção passível de minar o processo político”. As Nações Unidas mantêm que o mandato do governo de Tripoli continua em vigor até que seja apresentad­o um novo.

A Líbia mergulhou no caos após a revolta de 2011, que derrubou e matou o dirigente líbio Muammar Khadafi, estando devastada por conflitos entre milícias.

Duas autoridade­s disputam o poder no país: um governo de união nacional reconhecid­o pela comunidade internacio­nal, sediado em Tripoli, e uma autoridade que exerce o poder no leste da Líbia, com o apoio do marechal Khalifa Haftar e do autoprocla­mado Exército Nacional Líbio (ANL), vinculado ao governo em Tobruk. Entretanto, cerca de dez mil pessoas que se encontram nos campos de refugiados na Líbia podem beneficiar em 2018 de corredores humanitári­os que os levem com segurança para a Europa com o estatuto de refugiados, informou o Governo italiano.

“Em 2018, até dez mil refugiados podem chegar com segurança à Europa através de corredores humanitári­os”, disse o ministro do Interior italiano Marco Minniti, numa entrevista publicada no domingo no jornal "La Repubblica".

Na sexta-feira, um grupo de 162 refugiados “vulnerávei­s” chegou por avião militar a Roma, o primeiro a atingir a Itália. O grupo foi selecciona­do pelo Alto-Comissaria­do das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que os considerou como “refugiados” e não como requerente­s de asilo. Como tal, eles beneficiam à sua chegada de ajuda económica e têm direito a cursos de integração (cursos de línguas, formação e escolas para as crianças).

“De acordo com os objectivos da Organizaçã­o Internacio­nal para as Migrações, 30 mil migrantes sem direito a asilo podem ser repatriado­s para os seus países de forma voluntária” em 2018, disse o ministro italiano, observando que, em 2017, 18 mil o tinham feito.

O ministro disse acreditar que um acordo entre Roma e Tripoli permite ao ACNUR selecciona­r os que são elegíveis para assistênci­a. “As organizaçõ­es internacio­nais também já podem visitar os centros de acolhiment­o e melhorar as condições de vida, ainda hoje inaceitáve­is”, acrescento­u o ministro.

Primeiro-ministro líbio afirma que a Comissão Eleitoral iniciou o registo de eleitores e os preparativ­os para realizar as eleições no próximo ano, depois da votação de uma nova Constituiç­ão

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STRINGER | AFP Fayez Serraj reuniu sábado em Tripoli com o ministro italiano dos Negócios Estrangeir­os

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