Governo ruandês quer prender franceses envolvidos
O Ruanda tem preparadas ordens de prisão contra vários cidadãos franceses pela sua alegada participação no genocídio de 1994, em que morreram mais de 800.000 pessoas, anunciou na segunda-feira a ministra ruandesa dos Negócios Estrangeiros, Louise Mushikiwabo.
Num discurso sobre o estado da Nação emitido na televisão nacional como parte da mensagem de Natal do Governo, a ministra assegurou que o Ruanda tem “provas tangíveis e documentadas” sobre a implicação de vários cidadãos franceses antes, durante e depois dos incidentes.
“Queremos aprofundar e ver como podemos utilizar os relatórios para questionálos e demonstrar o seu papel durante o genocídio de 1994. As ordens de prisão para alguns deles estão preparadas e prontas para serem emitidas”, anunciou Louise Mushikiwabo.
Entre os documentos citados, a ministra do executivo de Paul Kagame destacou o relatório Muse, que afirma que a França forneceu armas ao Governo, na altura comandado por Juvenal Habyarimana, que foram posteriormente utilizadas pelas milícias hutu Interahamwe para levar a cabo o genocídio contra os tutsis e hutus moderados.
Mushikiwabo reiterou que o Ruanda “nunca desiste” dos seus esforços para responsabilizar a França pelo papel nos eventos, apesar das “notáveis tentativas” da nação europeia de nega-lo. A França inclusivamente abriu uma investigação sobre a queda do avião de Habyarimana, a 6 de Abril de 1994, no qual aquele e o Presidente do Burundi, Cyprien Ntaryamira, morreram, dando início ao genocídio.
Vários membros do Governo ruandês, entre os quais o ministro da Justiça, Johnston Busingye, afirmaram que as investigações da justiça francesa sobre o caso tinham como objectivo desviar a atenção internacional das responsabilidades da França nesta questão.