Menongue precisa de material para a fabricação de próteses
Por falta de matéria-prima os serviços ortopédicos no Cuando Cubando recorrem à provincia da Huíla para fabricarem órteses, muletas, entre outros meios, para os pacientes com deficiência física
A falta de material para a produção de próteses e órteses no Centro Ortopédico de Menongue, província do Cuando Cubango, está a causar uma série de constrangimentos aos pacientes que têm de recorrer aos serviços da unidade hospitalar, disse o director técnico.
Avelino Filho disse ao Jornal de Angola que para a produção de próteses, órteses, reparação de muletas e aparelhos para o alinhamento do fémur, o centro recorre, há mais de três anos, ao Hospital Ortopédico da Huíla. “Temos feito permuta com a direcção do Centro Ortopédico da Huíla, ao qual entregamos o gesso em pó e em troca recebemos alguns componentes para a produção de próteses e órteses, mormente o sistema de alinhamento do fémur e tíbia, pé protésicos, fivelas, entre outros meios”, informou.
Avelino Filho disse que a falta de matéria-prima impede que se preste melhor assistência aos deficientes físicos, quer os que contraíram lesão em consequência da guerra quer os por acidentes de viação, e ainda os pacientes com acidentes vasculares cerebrais (AVC).
Avelino Filho informou que o centro de Menongue produz vários tipos de próteses, nomeadamente miolítica, transtibial, transfemural e órteses, mais por falta de material o nível de produção tende a diminuir significativamente. “Esta situação obriga a instituição a optar mais na reparação de próteses, órteses, cadeiras de rodas e muletas do que prestar assistência médica”, lamentou.
Avelino Filho disse que a produção de próteses, órteses e reparação de muletas canadianas são feitas sob medida e prescrição médica, e entregues aos pacientes de forma gratuita. “Não conseguimos prestar aos pacientes que recorrem aos nossos serviços de fisioterapia assistência de mobilização activa e passiva por falta de equipamentos de reabilitação.”
Falta de recursos humanos
Avelino Filho frisou que o Centro Ortopédico se debate com falta de recursos humanos, sendo a área de ortoprotesia a mais afectada, pois tem apenas quatro técnicos, mais um que o sector de fisioterapia, que também se ressente da falta de quadros. “Para respondermos à procura precisamos, no mínimo, de 15 técnicos especializados na área de ortoprotesia e de 25 especialistas em fisioterapia”, precisou.
Avelino Filho disse que a falta de técnicos muitas vezes é colmatada por finalistas do curso de Fisioterapia do Instituto Médio Técnico de Saúde (IMTS). Apesar das dificuldades, Avelino Filho reconhece que a instituição tem registado “melhorias significativas” no tratamento e recuperação física de pessoas vítimas de acidentes vasculares cerebrais e de acidentes de viação” .
O Centro Ortopédico de Menongue recebe pacientes dos nove municípios da província, mas encontra dificuldades em acompanhar os doentes por escassez de meios rolantes, humanos e de logística. Avelino Filho informou que, de Janeiro a Dezembro, foram assistidos na área de fisioterapia 6.000 pacientes com diversas patologias, com realce para o AVC e doenças neuromusculares. Durante o período, o sector de ortoprotesia efectuou 300 reparações de próteses, produziu 35 próteses e 15 órteses superiores e inferiores. Efectuou ainda a doação de 53 cadeiras de rodas a pacientes com deficiência nos membros inferiores.
Avelino Filho informou que todos os dias a unidade ortopédica de Menongue atende 70 a 80 pacientes com diversas patologias provenientes de várias comunidades da província . Sobre o número elevado de casos de AVC, Avelino Filho apontou a falta de exercício físico, excesso de peso, alimentação descuidada e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas como os principais factores para a abundância de doentes com Acidentes Vasculares Cerebrais.
Temos feito permuta com a direcção do Centro Ortopédico da Huíla, ao qual entregamos o gesso em pó e em troca recebemos alguns componentes para a produção de próteses