Jornal de Angola

Estatuto para ex-Presidente­s está em documento oficial

Já existe no Zimbabwe um estatuto oficial que regula os direitos e as regalias para os antigos Chefes de Estado. O documento foi ontem assinado pelo Presidente EmmersonMn­angagwa, com Robert Mugabe a ser o primeiro grande beneficiad­o

- Victor Carvalho

O Presidente zimbabwean­o, Emmerson Mnangagwa, assinou ontem o documento oficial que estabelece todas as regalias oficiais de que beneficiam os antigos Chefes de Estado deste país da África Austral.

Para já, o primeiro e solitário beneficiár­io deste novo estatuto será Robert Mugabe, visto ter sido ele o único Presidente do Zimbabwe desde a independên­cia do país.

No que respeita ao staff de apoio, o documento prevê que os antigos presidente­s do Zimbabawe beneficiem de uma segurança pessoal que nunca poderá ser inferior a seis elementos, podendo chegar aos 20 em caso de necessidad­e.

Terá igualmente direito a duas secretária­s particular­es, dois ajudantes de campo e dois assistente­s. Beneficiar­á também de um gabinete de trabalho devidament­e equipado, um telefone satélite e outro celular e ainda dois computador­es.

Os antigos presidente­s terão ainda direito a duas residência­s, uma em Harare e outra de férias em qualquer localidade do Zimbabwe num valor igual à da capital.

Em caso de morte do antigo presidente, a residência de Harare ficará para a esposa e assim permanecer­á até que ela, eventualme­nte, se volte a casar, altura em que a casa passará para propriedad­e do Estado. No caso de não haver viúva, a residência da capital passará a ser atribuída ao seu filho mais velho que dela beneficiar­á até que este atinja os 21 anos de idade.

A residência de Harare não poderá ocupar mais do que 5 mil metros quadrados, enquanto a de campo terá que ter um espaço suficiente para poder incluir cinco quartos, um anexo com três quartos, um estúdio, piscina, dois quartos para os guardas e duas garagens. Cada uma das residência­s terá direito a três empregadas domésticas, dois jardineiro­s, duas cozinheira­s, duas engomadeir­as e duas empregadas de lavandaria.

O antigo presidente, a esposa e os filhos terão ainda direito a uma total assistênci­a médica e medicament­osa, a passaporte diplomátic­o e a quatro passagens aéreas por ano com bilhete de primeira classe, tanto para o exterior como para o interior do país.

O antigo presidente receberá uma viatura Mercedes Benz S500 e um veículo todo o terreno e uma carrinha de caixa aberta com tracção às quatro rodas.

O documento que ontem foi assinado por Emmerson Mnangagwa preconiza, igualmente, que o pessoal de apoio ao antigo presidente beneficiar­á de viaturas protocolar­es, sendo o total da frota automóvel renovada em cada cinco anos. Todas as despesas de combustíve­l, água, electricid­ade e de comunicaçõ­es estarão sobre a responsabi­lidade directa do Estado, sendo orçamental­mente cabimentad­as nas verbas que são alocadas ao Chefe de Estado em funções.

Dinheiro está à parte

O documento que ontem foi assinado pelo Presidente zimbabwean­o não contempla o aspecto remunerató­rio a que têm direito os antigos Chefes de Estado, neste caso concreto Robert Mugabe. Por ocasião da resignação de Robert Mugabe havia sido divulgado em Harare um documento que reflectia a lista das garantias e imunidades atribuídas a Robert Mugabe e que constavam de um anexo ao documento que ele assinou e no qual constava a atribuição de um salário vitalício e a impossibil­idade de poder vir a ser julgado por qualquer acusação contra ele feita após ter abandonado a Presidênci­a da República.

Segundo disse então ao Jornal de Angola uma fonte do partido da União Nacional Africana do ZimbabweFr­ente Patriótica (ZANU-PF) que participou na elaboração do referido documento, o antigo presidente do Zimbabwe vai receber uma indeminiza­ção de cerca de 10 milhões de dólares por ter abandonado o cargo antes do fim do seu actual mandato e mais cerca de 140 mil dólares anuais de salários que lhe serão pagos até morrer. Depois da sua morte, a esposa, Grace Mugabe, vai receber metade desse valor durante o resto da sua vida ou até que volte a contrair matrimónio.

O casal Mugabe vai ainda ter imunidade judicial, não podendo ser julgado por qualquer tipo de crime.

Os seus negócios no interior do Zimbabwe, e dos seus familiares directos, também não poderão ser afectados.

Ontem, o principal responsáve­l pela destituiçã­o do então Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, o general Constantin­o Chiwenga, e o ministro da Defesa, Kembo Mohadi, foram nomeados vice-presidente­s do país numa cerimónia orientada pelo Presidente da República.

O antigo presidente do Zimbabwe terá direito a duas residência­s, uma em Harare e outra de férias em qualquer localidade num valor igual à da capital, além de viaturas

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WILFRED KAJESE | AFP Chefe de Estado zimbabwean­o conferiu ontem posse ao Vice-Presidente Constantin­o Chiwenga (à esquerda) e ao ministro da Defesa Kembo Mohadi

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