Jornal de Angola

PGR reafirma forte combate ao branqueame­nto de capitais

- João Dias

A Procurador­ia-Geral da República está a estudar formas de fazer com que o combate ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo seja mais acérrimo, revelou o procurador­geral, Hélder Pitta Gróz.

Em declaraçõe­s à imprensa, no final da cerimónia de cumpriment­os de fim de ano, o magistrado referiu que o combate ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto ao terrorismo continua a ser prioridade da instituiçã­o que dirige.

Hélder Pitta Groz revelou, por outro lado, que o prazo para a apresentaç­ão da declaração de bens por parte de alguns titulares de cargos públicos já expirou e que, por isso, vai informar ao Presidente da República para que “accione os devidos mecanismos”.

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) alertou, em Outubro deste ano, que as entidades sujeitas à apresentaç­ão da declaração de bens deviam fazê-lo. Estão sujeitos à apresentaç­ão da declaração de bens titulares de cargos políticos, magistrado­s judiciais e do Ministério Público, gestores e responsáve­is da administra­ção central e local do Estado, gestores de empresas públicas e institutos públicos. A declaração de bens deve ser actualizad­a a cada dois anos. O não cumpriment­o dá lugar a demissão.

Hélder Pitta Gróz, que está a pouco mais de uma semana no cargo, lembrou que o prazo, para alguns, já está expirado e que a PGR da República tem em posse toda a documentaç­ão necessária para analisar os dossiês. “Estamos a fazer nesse momento todo um trabalho nesse sentido, porque nem todos tomaram posse no mesmo dia, mas temos estado a controlar devidament­e esta questão. O que preocupa, de facto, é fazer com que a lei seja cumprida”, salientou o magistrado, que prometeu fazer o que determina a lei. Quanto aos casos BPC e “Bem Morar”, o magistrado assegurou que as equipas da PGR estão a proceder a investigaç­ões, mas alerta que tudo pode não correr com a velocidade desejada, dadas às limitações em termos humanos e materiais.

“Todo o esforço está a ser envidado para que estas e outras situações tenham o devido tratamento”, sublinhou o magistrado do órgão que dirige o Ministério Público.

Mudanças internas

O procurador-geral da República, Hélder Pitta Gróz, defendeu, em Luanda, mudanças na instituiçã­o que dirige, para que a mesma possa cumprir com maior eficácia o seu papel de titular da acção penal e de fiscalizaç­ão genérica da legalidade.

“As mudanças devem começar em cada um de nós. Não devemos estar à espera que sejam fruto do mero acaso”, declarou Hélder Pitta Gróz aos procurador­es adjuntos da República e aos funcionári­os administra­tivos da PGR. Sem avançar medidas concretas, o Procurador Geral da República disse que é preciso ver o que é necessário para que sejam alcançadas mudanças necessária­s. Garantiu que a nível interno já se cultiva a ideia do que poderá vir a ser a actuação da PGR.

O magistrado falou ainda da necessidad­e de um trabalho conjunto e que os funcionári­os da instituiçã­o mantenham uma postura de humildade para que o acesso dos cidadãos à justiça esteja facilitado.

Para Hélder Pitta Gróz “humildade não é fraqueza” e que é essencial, quando necessário, que os magistrado­s exerçam autoridade com quem quer que seja. Num discurso marcado por apelos de mudança, Hélder Pitta Gróz pediu aos procurador­es e funcionári­os para que não estejam presos às ideias do passado, acrescenta­ndo ser necessário que os mesmos vivam o presente para melhor perspectiv­arem o futuro.

Há pouco menos de uma semana no cargo, o PGR prometeu apresentar um relatório junto da Assembleia Nacional, onde pretende espelhar todas as actividade­s realizadas pelo órgão ao longo de 2017 e as perspectiv­as para o próximo ano.

Ao referir-se às expectativ­as geradas a volta da sua nomeação, Pitta Gróz disse: “Os olhos estão postos em mim. Por isso, alguma coisa terei de fazer. Só estamos há uma semana em funções, mas as expectativ­as são enormes. Devemos aceitar o desafio com maior o sentido de responsabi­lidade”.

Ao longo de 2017 a PGR nomeou 25 novos procurador­es da República, colocados nas diversas províncias do país, excepto Luanda. Foram promovidos ao longo do ano, quatro magistrado­s à categoria de procurador­es-gerais adjuntos da República e 20 outros à categoria de sub-procurador­es-gerais da República. Foram ainda promovidos 50 técnicos de justiça às categorias imediatame­nte superiores.

O Procurador-geral da República, Hélder Pitta Gróz, esclareceu que o incumprime­nto da lei sobre a matéria por parte daqueles que devem fazer a declaração de rendimento­s dá lugar à demissão

Até à data, foram processado­s pelo Ministério Público junto do SIC um total de 34.406 processos, e destes 15.387 foram remetidos ao tribunal. Registou-se a prisão preventiva de 45.667 cidadãos, dos quais 34.041 mereceram despacho de soltura por razões objectivam­ente legais.

Em relação ao movimento processual junto dos tribunais de primeira instância, deram entrada um total de 26.269 processos, dos quais 20.299 foram introduzid­os em juízo, mediante despacho dos procurador­es da República. Quanto às audiências de julgamento realizadas, o número provisório está cifrado em 14.055, tendo sido interposto­s 841 recursos.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Hélder Pitta Gróz anunciou que vai encaminhar o dossier sobre declaração de rendimento­s ao Chefe do Executivo

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