Novo edifício em projecção para dignificar a diplomacia
Ministro Manuel Augusto anuncia mudanças internas e externas para adequar a diplomacia angolana aos desafios actuais do Executivo que passam pela aposta na atracção de investimento privado estrangeiro
O Ministério das Relações Exteriores projecta, como um dos desafios para este ano, um novo edifício sede, em Luanda, construído de raiz para os órgãos, agentes e serviços da instituição.
A instituição quer mudarse para um lugar novo à dimensão das suas exigências e evitar o actual edifício central de nove andares, na baixa de Luanda, que apresenta sérios problemas de acomodação, como a falta de água canalizada na maior parte dos andares.
O lançamento da primeira pedra para a construção do novo edifício foi anunciado pelo ministro Manuel Augusto, embora sem avançar a data exacta, ficando apenas no “em breve”, nem indicar o local para a construção da estrutura.
O ministro afirmou recentemente que o edifício sede da instituição está em condições degradantes. Segundo o ministro, o prédio urbano de nove andares não tem água canalizada em todos os andares. “Há apenas dois andares com água canalizada por iniciativa individual dos sectores que funcionam nestes andares. Isso não é aceitável", disse.
"Estamos a tentar encontrar soluções para resolver o problema porque não ganhamos nada a lamentar. Estamos animados para encontrar soluções porque temos o apoio das instituições superiores que acreditam em nós", referiu.
Investimento
O Executivo pretende apostar este ano na diplomacia pela atracção de investimentos para o país e o ministro Manuel Augusto considera “fundamental”, dentro da estratégia do governo a acção externa para atrair investidores privados estrangeiros.
O ministro considera igualmente fundamental buscar a confiança dos investidores, e essa acção externa só pode e deve ser executada pela instituição que dirige e seus serviços.
Manuel Augusto afirmou que o Executivo pretende desenvolver o turismo, explorar mercados para a exportação dos nossos produtos, bem como garantir a promoção da imagem de Angola no exterior e dar maior apoio aos angolanos na diáspora.
"Os ventos de mudança que testemunhamos hoje nos obrigam a encarar de forma diferente os desafios e corrigir algumas irregularidades registadas no passado", disse o ministro.
Movimentações
O Presidente da República, João Lourenço, faz, nos próximos dias, movimentações de embaixadores em todos os países onde Angola tem representação diplomática. As movimentações, de acordo com o ministro Manuel Augusto, acontecem no quadro da reestruturação em curso do Ministério das Relações Exteriores. O ministro anunciou ainda a elaboração de um plano estratégico que passa pelo encerramento de algumas embaixadas e abertura de outras, além da implementação de um novo modelo de representação regional.
"No princípio do próximo ano, o Presidente da República vai determinar uma movimentação de embaixadores no quadro da reestruturação do Ministério das Relações Exteriores", disse o ministro.
Manuel Augusto anunciou que internamente a instituição também vai proceder a algumas mudanças. "Há embaixadores que podem regressar ao país para trabalhar no Ministério e há outros que vão para missões fora do país", afirmou o ministro.
O ministro anunciou para este ano um redimensionamento da instituição que poderá levar ao encerramento de algumas embaixadas e consulados.O ministro das Relações Exteriores admitiu a possibilidade de abertura de outros postos diplomáticos. "Não vamos fechar por fechar, mas vamos ajustar os interesses de Angola com a nossa representação diplomática", garantiu.
Manuel Augusto afirmou que o Executivo vai adoptar, nalgumas regiões, a figura da representação diplomática regional, ou seja, um embaixador num país pode representar Angola noutros países da mesma região.
O ministro Manuel Augusto justifica a decisão com o facto de o país "não poder manter embaixadas e consulados com o pessoal a passar dificuldades, como salários em atraso e despesas com a segurança social que não são honradas".
“O Ministério das Relações Exteriores prepara-se para uma reforma dos seus órgãos internos e externos”, disse.
Manuel Augusto justificou que as mudanças em perspectiva com a necessidade de uma adequação, humana e estrutural, da instituição ao essencial, para garantir o cumprimento, com êxito, das tarefas atribuídas àquele departamento ministerial. "Todos seremos poucos para a empreitada proposta e cada um de nós deverá assumirse como parte do ciclo de soluções inaugurado com o novo quadro político e institucional, resultante das eleições gerais de 2017", disse o ministro.
Preocupação com o vizinho
Angola está preocupada com a "permanente instabilidade" na vizinha República Democrática do Congo (RDC). O país com uma vasta fronteira com Angola deve ter eleições presidenciais em finais deste ano e o governo angolano, segundo Manuel Augusto, “faz votos de que o povo e os políticos congoleses democráticos saibam encontrar a melhor saída pela via do diálogo e possam realizar as eleições presidenciais em Dezembro”. "Dessa forma, garantirão a paz e estabilidade no país e, consequentemente, criarão as condições para o desenvolvimento socioeconómico daquela grande nação africana", considera o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto.