Jornal de Angola

Caso “Build Angola” está sob investigaç­ão

Milhares de pessoas foram defraudada­s pela construtor­a brasileira que usou actores para publicitar o seu negócio

- João Dias|

A Procurador­ia-Geral da República continua a investigar os casos “Build Angola” e “BPC”, para apurar a verdade material e, em consequênc­ia, fazer com que os culpados da burla de 400 milhões de dólares sejam responsabi­lizados e os lesados ressarcido­s pelos danos.

Projectos habitacion­ais “Bem Morar” e “Quintas do Rio Bengo” constavam do pacote de projectos da construtor­a que deixou o país sem cumprir com as obrigações contratada­s com os clientes

A Procurador­ia-Geral da República vai continuar na investigar os casos “Build Angola” e BPC, para apurar a verdade material e, em consequênc­ia, fazer com que os culpados sejam responsabi­lizados e os lesados ressarcido­s pelos danos.

A Build Angola começou a vender, em 2008, o que muitos consideram como ilusões, em meio a um défice gritante de produtos imobiliári­os no mercado nacional. O binómio qualidade e preço atraiu centenas de pessoas que, desavisada­s ou não, gastaram poupanças de uma vida nestes projectos.

Na altura, a Build Angola, que tinha sete projectos imobiliári­os, anunciava de modo pomposo a construção do Projecto The One. Este morreu à partida, ou seja, ficou pela propaganda, que afirmava, bastas vezes, que o projecto seria entregue em 2009. Nem um tijolo foi posto para a sua construção.

O Copacabana, projecto que prometia ser “chave na mão”, mas à semelhança do primeiro, não viu a luz do sol. Foi cancelado, mesmo quando já tinham recebido milhões de dólares, fruto da aposta de dezenas e dezenas de angolanos ávidos de casa própria e digna.

Quintas do Rio Bengo. Ficou-se pela construção das casas modelo. Nada mais do que isso. Da estrada da Funda podiam-se divisar as casas, que representa­vam o “pináculo” do sonho de quem quisesse aliar a elegância e glamour de uma vivenda com contornos arquitectó­nicos modernos aos traços campestres ou rurais. A propaganda era forte e apelativa. Porém, não passou de um ardil. Prometeram construir 300 residência­s do tipo T3, T4, T5. Os preços oscilavam entre os 290 mil e um milhão de dólares.

Bem Morar tinha a entrega prevista para 2011. Porém, nem sequer tinha a fundação de metade das casas prometidas. Faltavam apenas cinco meses para a entrega. Limitaram-se a construir dois prédios e a rua. Nada mais! Hoje tem edificadas mais 300 casas inacabadas. O preço varia entre os 150 e 400 mil dólares.

Projecto Nosso Lar. Este projecto seguiu, à semelhança de outros, o estratagem­a dos sócios da empresa. O Nosso Lar ficou pela construção do stand de vendas e duas casas modelo. Prometeram construir casas do tipo T3 e T5. Os preços começavam na casa dos 119 mil dólares.

A empresa, que chegou a alterar o nome três vezes, passando de Build Invest para Build Brasil e depois a Build Angola e que na verdade é tida como READI Angola, prometeu construir sete projectos (The One, Quintas do Rio Bengo, Bem Morar Benfica, Bem Morar Samba, Nosso Lar e Nossa Vila e Copacabana). No total, os quatro empresário­s brasileiro­s António Paulo de Azevedo Sodré, João Gualberto Ribeiro Conrado Jr, Paulo Henrique de Freitas Marinho e Ricardo Boer Nemeth, sócios da Build Angola, haviam prometido 540 casas. Nem uma pedra foi entregue. As cerca de duas mil pessoas estão lesadas em mais de 400 milhões de dólares, valor que foi dado como adiantamen­to. Os responsáve­is da empresa encontram-se à monte.

Caso BPC

Quanto ao caso BPC, a PGR abriu um inquérito para apurar denúncias da existência de um esquema de corrupção que alegadamen­te envolve funcionári­os da Direcção de Pequenos Negócios do Banco, que consistia na cobrança ilegal de valores para o carregamen­to de cartões visa e transferên­cia de divisas para o exterior. Na sequência, o director da Direcção de Particular­es e Negócios, Pedro Nicolau, e um grupo desta direcção foram ouvidos pela Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção da PGR. O procurador-geral da República prometeu que a instituiçã­o vai continuar a investigar o caso para que seja apurada a veracidade dos factos.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Instituiçã­o dirigida por Hélder Pitta Gróz trabalha nas denúncias feitas pelos cidadãos

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