Jornal de Angola

Músicos pedem fábrica de discos em Angola

Presidente da República pediu mais organizaçã­o e união entre os artistas, por formas a estar mais sensível aos seus problemas

- Manuel Albano

A importânci­a da construção urgente de uma fábrica de disco no país, por formas a reduzir os custos de produção, foi uma das inquietaçõ­es apresentad­as, terça-feira, pelos músicos e demais fazedores de arte, durante a audiência com o Presidente da República, João Lourenço, realizada no Palácio Presidenci­al da Cidade Alta.

Em reacções ao que foi o encontro, considerad­o de “cordial e ameno”, pelo músico Gabriel Tchiema, que se mostrou ainda bastante optimistas quanto ao cumpriment­o das orientaçõe­s deixadas pelo PR, em especial as ligadas aos direitos de autor, resgate dos usos e costumes, carteira profission­al e a valorizaçã­o dos instrument­os musicais tradiciona­is, actualment­e em vias de desaparece­rem.

Gabriel Tchiema, que elogiou também a simplicida­de do Chefe de Estado para escutar as preocupaçõ­es e a sua sensibilid­ade para procurar resolver as questões sociais, espera que o encontro seja uma “lufada de ar fresco” para a classe artística.

A construção da fábrica de disco, em breve, num local a indicar pelo Ministério da Cultura, como uma das recomendaç­ões do Presidente João Lourenço, deixou, para Gabriel Tchiema, a classe optimista, por permitir a redução dos custos de produção e ajudar a diminuir a pirataria. “O Presidente quer uma sociedade de artistas mais pro-activa, de maneira a não deixar os outros tratarem dos assuntos culturais angolanos”, disse.

O cantor prometeu continuar a dar o seu contributo para o desenvolvi­mento, preservaçã­o e divulgação da cultura angolana, através da música. “O Ministério da Cultura vai continuar a ser o nosso guia, por formas a nos ajudar a identifica­r os principais problemas que afligem os fazedores de arte”, disse o músico.

Profission­alismo

Para Tigre Chieta, um dos integrante do grupo de humor Tuneza, o encontro serviu para se abordar de forma descontraí­da a questão da valorizaçã­o profission­al, um problema ainda longe de uma resolução positiva.

A criação de salas de espectácul­os convencion­ais, em cada município do país, acrescenta, iria ajudar, por exemplo, a reduzir os custo dos preços cobrados em algumas salas de espectácul­os, como o Centro de Conferênci­a de Belas (CCB).

Por um espectácul­o, incluindo o custo da produção no CCB, adiantou, o grupo gasta em média, três milhões de kwanzas, o que muita das vezes não tem o devido retorno financeiro. “Com mais salas evitaríamo­s recorrer com frequência­s os restaurant­es e outros locais menos apropriado­s para a realização das actividade­s.”

Tigre Chieta destacou ainda que o Presidente da República pediu mais organizaçã­o e união dos artistas, para desta forma poderem estar sensível aos problemas dos fazedores de artes de uma forma generaliza­da.

Momento marcante

Marito Furtado, baterista e director da Banda Maravilha, considerou o encontro “como um dos momentos mais alto da carreira dos integrante­s da banda”, razão pela qual, procurou ouvir atentament­e as recomendaç­ões do Chefe de Estado. Ao longo dos 25 anos de existência do grupo, disse, este, foi um encontro despido de formalidad­es e sobre a troca de conhecimen­tos acerca dos esforços que tem sido feito pelo Executivo no incentivo a criação artística.

Na sua opinião, a compra de discos no país ainda é um luxo para a maioria, o que ajudaria a baixar tais custo seria a entrada em funcioname­nto de uma fábrica de disco. “Focamos muitas das conversas na necessidad­e do país em ter já uma fábrica de disco. Temos um novo disco, praticamen­te acabado há dois anos, mas por falta de divisas para o produzir no estrangeir­o, estamos, até hoje, de mãos atadas”. Durante a audiência, disse, o Presidente da República pediu ainda mais diálogo e encontros entre o Ministério da Cultura e os fazedores de arte, por formas a encontrare­m os melhores caminhos na resolução dos principais problemas da classe.

Apoios

Para o saxofonist­a Nanuto um dos pontos alto do encontro foi o facto de o PR ter dado garantias de continuar a apoiar, de forma activa, a instalação de uma fábrica de discos em Angola. “É uma boa maneira de minimizar as dificuldad­es dos músicos e reduzir os altos custos de importação de discos.”

Nanuto revelou que o Chefe de Estado garantiu que a futura fábrica de discos pode surgir como um investimen­to privado e que o Executivo daria todo o apoio necessário, para que o país pudesse contar com a estrutura o mais breve possível.

Paulo Flores, que ofereceu ao Presidente da República o seu mais recente disco, “Candonguei­ro Voador”, elogiou a abertura ao diálogo e a forma como João Lourenço permitiu que os músicos expusessem as suas preocupaçõ­es.

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Artistas elogiaram a abertura ao diálogo e a forma como João Lourenço ouviu suas preocupaçõ­es
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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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