Jornal de Angola

Investigaç­ão em curso no Fundo Soberano

- João Dias

Uma investigaç­ão e diagnóstic­o está em curso para apurar a veracidade dos factos divulgados na imprensa internacio­nal sobre um possível desvio financeiro no Fundo Soberano de Angola (FSDEA), anunciou quartafeir­a o ministro das Finanças, Archer Mangueira.

O procedimen­to averigua uma suspeita de descaminho de verbas apresentad­a pelo jornal suíço “Le Matin Dimanche”, revelndo documentos de uma fuga de informação conhecidos por “Paradise Papers”, nos quais se afirma que, dos cinco mil milhões de dólares atribuídos ao FSDEA, cerca de três mil milhões foram investidos em sete fundos de investimen­to sediados nas Maurícias, através da empresa de investimen­tos Quantum Global.

Esta, sublinha o jornal suíço, recebera entre dois e 2,5 por cento do capital por ano, o que desde 2015 correspond­erá a um valor de 60 a 70 milhões de dólares (de dez a 11,6 mil milhões de kwanzas) por ano.

Archer Mangueira garantiu, na conferênci­a de imprensa de apresentaç­ão do Programa de Estabiliza­ção Macroeconó­mica, que o diagnóstic­o está em curso e que não se limita a analisar aspectos ligados com a denúncia avançada pela imprensa, mas também está a analisar a gestão da carteira de investimen­tos do FSDEA.

“Como resultado deste trabalho de diagnóstic­o, teremos explicaçõe­s em relação a questões que se colocam sobre a gestão do Fundo Soberano e outras relacionad­as com os resultados financeiro­s”, sublinhou, prometendo responder a questões mais concretas quando o diagnóstic­o estiver concluído.

O ministro adiantou que o Executivo aprova, ao longo deste ano, uma nova estratégia para o FSDEA, mais adequada ao novo contexto económico e financeiro do país e projectada para o cresciment­o, transparên­cia e probidade. Informou que este processo se vai estender a outras instituiçõ­es criadas como instrument­os de estratégia de salvaguard­a dos investimen­tos do Estado, para protecção de futuras gerações.

Água e electricid­ade

Archer Mangueira confirmou que vai ocorrer um ajustament­o das tarifas de água e de electricid­ade subjacente à redução dos subsídios aos preços desses bens, embora não tenha avançado prazos nem a proporção da taxa a ser acrescenta­da. O ministro das Finanças disse que esta medida se inscreve no quadro do processo de consolidaç­ão fiscal e melhoria da qualidade da despesa. “A redução paulatina destes subsídios visa essencialm­ente estabelece­r o princípio de justiça e reduzir o peso no Orçamento Geral de Estado, fazendo reverter estes recursos para despesas com a saúde, educação e reinserção social e naqueles que mais exigem recursos dessa natureza, ao contrário do que tem sido até agora”, assegurou Archer Mangueira, que reconheceu que o actual sistema privilegia a ineficiênc­ia das próprias empresas.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Estado averigua uma suspeita de descaminho de verbas

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