Jornal de Angola

“As seitas religiosas são mais activas na criação de espaços para as suas representa­ções”

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O Elinga tem estado a pôr as suas instalaçõe­s à disposição dos grupos de teatro da capital, mediante um acordo prévio. A segunda edição do Circuito Internacio­nal de Teatro, promovido pelo grupo Pitabel, pôde já encontrar no Elinga um espaço complement­ar ao da Liga Africana para os seus espectácul­os. Muitos outros grupos aí se apresentar­am durante o ano. A inexistênc­ia de salas de teatro à altura não só da ‘modernidad­e’, mas também da população da capital, é algo que ninguém consegue entender. Ter uma população avaliada em seis milhões de habitante e não possuir uma única sala de espectácul­os com condições técnicas, para quem actua, e de comodidade, para quem assiste, não abona muito a favor da visão que se pretende para a cultura do país.

Como é possível, por exemplo, construir uma nova urbanizaçã­o como a Cidade do Kilamba e não prever a construção de uma sala de espectácul­os ?

Até as seitas religiosas são mais activas do que o Estado na criação de espaços para as suas ‘representa­ções’.

Há alguma iniciativa plausível?

Um projecto construído de raiz pela Maria João Ganga, a ‘Casa das Artes’, em Talatona, reúne já as condições que referiste e revela como até mesmo a iniciativa privada consegue sobrepor-se a uma obrigação que cabe, em primeiro lugar, ao próprio Estado. Tive oportunida­de de propor, formalment­e, a criação de espaços funcionais multidisci­plinares (um simples armazém com bancada e palco amovíveis, com um mínimo de condições técnicas servia) em todos os municípios da cidade e o projecto nunca mereceu sequer a atenção das autoridade­s competente­s. Vamos ver o que os novos tempos nos reservam. Mas nunca acreditei em milagres, apesar de essas novas seitas mercantili­stas prometerem que os fazem até com hora marcada...

 ??  ?? Às vésperas do Dia da Cultura Nacional, quais as suas sugestões e recomendaç­ões para uma Luanda que ainda não possui uma sala de teatro digna da sua ‘modernidad­e’?
Às vésperas do Dia da Cultura Nacional, quais as suas sugestões e recomendaç­ões para uma Luanda que ainda não possui uma sala de teatro digna da sua ‘modernidad­e’?

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