Exército foi alvo de ataque de rebeldes
Pelo menos seis soldados das Forças Armadas de Myanmar, antiga Birmânia, foram feridos no sábado num ataque no estado de Rakhine, onde as tropas governamentais têm sido acusadas de promover uma limpeza étnica contra os muçulmanos Rohingya.
Os militares disseram, num comunicado colocado na página do Facebook do chefe militar local citado pela agência AFP, que os ataques foram feitos pelo exército de salvação rebelde rohingya de Arakan (ARSA), o grupo acusado de ter atacado vários postos da polícia em Agosto e que desencadeou a repressão que matou milhares destes muçulmanos e desalojou mais de 650 mil pessoas. Em situações semelhantes no passado, os militares retaliaram contra as localidades dominadas pelos Rohingya, o que pode indicar uma nova escalada na violência que tem assolado Myanmar, um país no sudeste asiático composto de mais de 100 grupos étnicos e que faz fronteira com a Índia, Bangladesh, China, Laos e Tailândia.
O actual êxodo de rohingyas começou com as operações de represália das forças de segurança birmanesas lançadas após os ataques do ARSA a cerca de trinta postos militares e polícias no estado birmanês de Rakhine.
Os governos de Bangladesh e Birmânia concordaram com um processo de repatriamento para os refugiados rohingyas, o que deve começar nos próximos meses. No entanto, inúmeras organizações humanitárias denunciaram repetidamente que ainda não estão reunidas as condições para que os refugiados regressem com segurança à Birmânia, visto que ainda há relatos de ataques.
A ONU e as organizações de direitos humanos também denunciaram repetidamente que há evidências claras de abusos contra esta minoria muçulmana na Birmânia. O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Zeid Al-Hussein, descreveu a situação como “limpeza étnica”. A ONU expressou ontem a sua preocupação pela escalada de tensão em Guerguerat, Sara Ocidental, zona considerada terra de ninguém, e pediu a máxima contenção da Frente Polisário e de Marrocos. Num comunicado, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou a importância da retirada da Frente Polisário de Guerguerat em Abril de 2017, bem como a de Marrocos, anterior, para impulsionar o diálogo. A retirada de ambas as partes, afirmou, foi “essencial para criar um ambiente que conduzisse à retoma do diálogo sob os auspícios do seu enviado especial, Horst Kohler”, pelo que apelou para que haja uma “máxima contenção e evitar a escalada de tensões”.
“A circulação normal, civil e comercial, não deveria ser obstruída nem deveria realizar-se nenhuma acção que pudesse constituir uma alteração da situação da zona de separação”, lê no texto.
Na sexta-feira, o Governo marroquino denunciou perante as Nações Unidas in cursões recentes da Frente Polisário na zona de Guerguerat e advertiu que a presença dos seus militares constitui uma violação dos acordos de cessar-fogo de 1991. Marrocos e a Frente Polisário estiveram perto de um confronto armado no ano passado devido a uma estrada que as autoridades marroquinas pretendiam construir em Guerguerat, uma tensão que durou uns cinco meses e que acabou com a retirada de ambas as partes na zona de tensão.