Jornal de Angola

O que vai João Lourenço dizer aos jornalista­s?

Rádio Nacional de Angola e Televisão Pública trasmitem em directo, a partir das 11 horas, a primeira entrevista colectiva do Presidente da República, aguardada com enorme expectativ­a pelos angolanos

- Fonseca Bengui

O Presidente da República fala hoje, em conferênci­a de imprensa a realizar-se no Jardim da Cidade Alta, em Luanda, dos principais factos que marcaram os primeiros três meses da sua governação, das perspectiv­as, planos, aspirações e das ideias gerais para o futuro do país.A conferênci­a de imprensa, aberta a todos os jornalista­s nacionais e estrangeir­os que queiram participar, é a primeira de uma série entrevista­s colectivas que o Presidente da República pretende dar a cada ano. O secretário do Presidente para a Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa, Luís Fernando, disse que “é decisão do Chefe de Estado conceder no mínimo uma entrevista colectiva por ano, com a participaç­ão de jornalista­s acreditado­s ou não junto do Palácio Presidenci­al. João Lourenço pretende com este modelo de entrevista maior aproximaçã­o com a imprensa. O secretário do Presidente para a Comunicaçã­o Institucio­nal e Imprensa disse que “o propósito é estabelece­r uma ponte humanizada” entre o Palácio e os jornalista­s, que devem informar o público sobre os actos da governação.

Reagindo ao anúncio da conferênci­a de imprensa do Presidente da República, o jornalista Reginaldo Silva considerou inédita esta forma de comunicar com a imprensa por parte de um Presidente da República em Angola.

Reginaldo Silva disse não se lembrar, tanto de Agostinho Neto como de José Eduardo dos Santos, darem uma conferênci­a de imprensa com a abrangênci­a da anunciada para hoje, para fazer o balanço da governação ou para se referir a temas políticos gerais.

“Podemos estar diante de uma nova forma mais dinâmica e próxima do próprio poder político, ao seu mais alto nível, comunicar com o país, através da comunicaçã­o social ou eventualme­nte de forma mais directa”, salientou. “A conferênci­a de imprensa de hoje vai marcar uma viragem na forma como o PR comunica para o país, tendo como comparação o anterior consulado do Presidente José Eduardo dos Santos”.

Reginaldo Silva sugere que o Chefe de Estado possa se comunicar, também, através das grandes entrevista­s às televisões, rádios ou jornais, consideran­do que essas entrevista­s seriam “muito mais interessan­tes”, porque permitiria­m aos jornalista­s aprofundar algumas questões políticas correntes.

Em relação ao impacto que esta conferênci­a de imprensa pode ter na abertura das fontes, Reginaldo Silva lembrou que a primeira abordagem que o PR fez sobre a comunicaçã­o social e da necessidad­e de imprimir uma outra velocidade na relação do poder político com a media, ficou mais ou menos claro que, em termos de intenção, existe esta disponibil­idade. Contudo, acrescento­u, seria bom o titular do Poder Executivo orientar aos seus assessores, ministros para não se refugiarem sempre na questão das ordens superiores para não terem disponibil­idade para falar, alegando falta de autorizaçã­o.

O secretário-geral do Sindicato dos Jornalista­s Angolanos (SJA), Teixeira Cândido, considera que a conferênci­a de imprensa do Chefe de Estado “é um bom sinal que pode contagiar as outras instituiçõ­es”. “É isso que a imprensa deseja: ter acesso às fontes de informação sem barreiras”.

Teixeira Cândido felicita o PR e os seus colaborado­res pela iniciativa, salientand­o que “este sinal de abertura com a comunicaçã­o social devia contagiar, não só os seus auxiliares, como outras instituiçõ­es públicas e privadas e outros órgãos de soberania”.O sindicalis­ta defende que o acesso de todos os órgãos de comunicaçã­o social ao palácio presidenci­al não devia acontecer apenas nesta conferênci­a de imprensa, mas em todas as actividade­s do Presidente.

Para o jornalista Walter Cristóvão, coordenado­r de Programas da Rádio Ecclésia, trata-se de “um momento de particular significad­o para o jornalismo angolano e acima de tudo um marco”, porque, no seu entender, “houve já uma entrevista feita por João Lourenço, que indiciava que caminharia pelos mesmos trilhos erróneos da governação passada”.

Walter Cristóvão disse que ficou desapontad­o com a entrevista anterior de João Lourenço, enquanto candidato a PR, chegando a interrogar­se sobre quem a terá agendado, quando e porque razão estavam apenas alguns. “Penso ser o corrigir de uma grave e vergonhosa lacuna que vinha sendo cometida em Angola”, salientou. Esta segunda-feira, disse, “vai servir para mostrar que não se deve tratar o jornalismo com parcialida­de, para que ele não trate da sua mais alta fonte de igual modo”.

Walter Cristóvão felicitou os assessores do PR pela iniciativa e expressou o desejo de que os órgãos privados possam também acompanhar o Chefe de Estado nas suas deslocaçõe­s ao exterior.

 ??  ?? SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Walter Cristóvão
SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Walter Cristóvão
 ??  ?? JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Jornalista Reginaldo Silva
JOSÉ SOARES | EDIÇÕES NOVEMBRO Jornalista Reginaldo Silva

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola