Jornal de Angola

Parlamento analisa destituiçã­o de Jacob Zuma

-

O Parlamento sul-africano debruçar-se na quarta e quinta-feira sobre a revisão de normas para a destituiçã­o do Presidente da República, envolvido em vários escândalos de corrupção.

O Parlamento sul-africano anunciou ontem que vai se debruçar, na quarta e quinta-feira, sobre a revisão de normas para a destituiçã­o do Presidente da República, visando concretame­nte o actual chefe de Estado, Jacob Zuma.

O Parlamento segue recomendaç­ões do Tribunal Constituci­onal, a mais alta instância judicial do país, que ordenou nos finais de Dezembro de 2017 para “pôr em marcha mecanismos que podem ser utilizados para a destituiçã­o do presidente”.

No seu julgamento, o Tribunal Constituci­onal (TC) censurou o parlamento pelo facto de não ter pedido contas ao presidente, no quadro do escândalo da sua residência privada.

Jacob Zuma, no poder desde 2009, tinha remodelado, a custa dos impostos dos contribuin­tes, a sua propriedad­e de Nkandla no país zulu (nordeste da África do Sul).

No ano de 2016, o Tribunal Constituci­onal reconheceu o Chefe de Estado como culpado pela violação da lei suprema e condenou-o a devolver ao Tesouro uma soma equivalent­e 480 mil euros.

Entre quarta e quintafeir­a, a comissão da Assembleia Nacional encarregue da revisão das normas “deve deliberar um texto sobre procedimen­tos a serem aplicadas na secção 89 (1) da Constituiç­ão: a remoção do presidente", anunciou o parlamento num comunicado divulgado hoje.

Uma vez aprovado pela comissão, “o procedimen­to deverá ser adoptado pela Assembleia Nacional”, precisa o parlamento na sua nota.

Até à presente data, o Congresso Nacional Africa no (ANC), partido maioritári­o no parlamento, sempre apoiou Jacob Zuma, de forma indefensáv­el.

Mas o presidente, cujo segundo mandato e último termina em 2019, está envolvido em vários escândalos de corrupção que suja a imagem do seu partido e corrói a sua base eleitoral.

Em Dezembro de 2017, Jacob Zuma sofreu um revés político, por ser substituíd­o na liderança do ANC por Cyril Ramaphosa, o seu vice-presidente, que fez campanha contra a corrupção.

O novo chefe do ANC entende que deve desembaraç­ar-se rapidament­e do caso Zuma, para que o seu partido tenha a possibilid­ade de renovar a sua maioria absoluta nas eleições de 2019.

Mas a sua tarefa não se afigura fácil, porque embora envolto em escândalos, o presidente (Zuma) ainda beneficia do largo apoio no seio da formação de Nelson Mandela.

Jacob Zuma já sobreviveu a oito moções de censura no Parlamento, onde o ANC tem a maioria.

Analistas alertam que, caso seja despoletad­o o processo destituiçã­o, seja improvável que Zuma chegue ao final do seu mandato presidenci­al, em 2019.

No poder desde 2009, Zuma deixou recentemen­te a presidênci­a do ANC, tendo sido substituíd­o por Cyril Ramaphosa.

Nos últimos 10 anos, o líder sul-africano tem sido alvo de diversas acusações de corrupção, que abalaram o seu Governo e o partido.

 ??  ?? RODGER BOSCH | AFP Futuro do Presidente da África do Sul é discutido esta semana no Parlamento
RODGER BOSCH | AFP Futuro do Presidente da África do Sul é discutido esta semana no Parlamento

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola