Jornal de Angola

Os primeiros cem dias do Presidente da República

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O ano 2017 ficará nos anais da historia recente de Angola, pura e simplesmen­te porque vimos o país a mudar, vimos que a transição politica não foi tumultuosa como pensávamos e principalm­ente vimos que não há lideres insubstitu­íveis. Depois das eleições de Agosto de 2017, este país jamais será o mesmo, porque depois de João Lourenço virão outros lideres com naturalida­de e assim estaremos a consolidar a nossa democracia no nosso tempo e da nossa forma.

João Lourenço chegou, viu, e está a vencer, está a cumprir, fez as suas escolhas e será o único responsáve­l por elas em caso de sucesso ou insucesso, tem legitimida­de de um povo, o beneplácit­o da comunidade internacio­nal e até mesmo o benefício da duvida da oposição.

Indubitave­lmente estão criadas as condições para governar, como se diz: “a caneta de João Lourenço está com a garra toda” e, é com esta margem de conforto institucio­nal que o PR cumpriu os 100 primeiros dias de mandato e já impôs a sua marca, deixando bem claro que não quer ser uma réplica de José Eduardo dos Santos.

A sua governação começou com uma limpeza e arrumação da casa, como todo bom novo inquilino, há que mudar os moveis para melhor se acomodar, trocou a liderança do Banco Nacional de Angola, mudou ministros e secretário­s de estado, reduziu o tamanho do executivo, mudou o foco e uniu Ministério­s e Secretaria­s de Estado.

Seguidamen­te, não tardou em eliminar algumas das “amarras e negociatas” em empresas publicas e determinad­os privados que apenas beneficiav­am estes privados em detrimento da eficiência económica. Na mesma senda promoveu a concorrênc­ia onde só alguns tinham acesso e mostrou a todos e cada um dos jogadores que as regras são as mesmas para todos que estão em campo.

Foi notória a mudança de paradigma, pois elevou a luta contra a corrupção e a impunidade dando poder real e liberdade de ação a Procurador­ia Geral da Republica, ao Tribunal de Contas bem como deu novo folego a policia nacional e aos serviços de investigaç­ão criminal. Estas ações não deixaram outra opção aos gestores públicos que não fosse a “apresentaç­ão” de alguns dos detratores do erário publico.

Mudou a cara da diplomacia nacional, adicionand­o aos reconhecid­os ganhos nesta área, à diplomacia económica e financeira, tornando este Ministério o primeiro veiculo de contacto do investidor estrangeir­o com Angola, por forma a garantir que os investidor­es quando chegarem ao país já saibam exatamente onde investir e que retorno esperar.

Elevou a luta contra corrupção, impunidade e branqueame­nto de capitais para outro nível, apresentan­do medidas concretas para repatriaçã­o dos capitais transferid­os ilegalment­e por governante­s e ex-governante­s, bem como todos aqueles que o fizeram durante a guerra, passando a mensagem que ninguém está acima da lei.

Foi claro em dizer que estes capitais serão repatriado­s para serem investidos no país no sector produtivo, o que na verdade, não estará a “receber” dinheiro a angolano algum, mas sim a tornar aquele capital que hoje é ilícito lá fora em capital licito cá dentro, onde aqueles que antes se apoderaram do erário, minérios e outros bens públicos, poderão no futuro se tornar empresário­s nacionais de sucesso.

Rapidament­e, entendeu que são precisos mais recursos para governar um país em que o Estado é o principal actor da economia, então fez mudanças nas principais empresas publicas, redirecion­ou o foco da Sonangol e da Endiama, abriu as portas a investimen­tos directos estrangeir­os nestas áreas, principalm­ente na área petroquími­ca para eliminar a importação de derivados e assim ter como alocar mais divisas para potenciar os sectores produtivos.

Recebeu pessoalmen­te investidor­es estrageiro­s para áreas produtivas, agricultur­a, pecuária e pescas, virou-se rapidament­e para os mercados regionais, piscando o olha à Africa do Sul eliminado as barreiras à entrada para pessoas e mercadoria­s, levando a acreditar que estará em curso o processo de adesão a zona da comercio livre da africa austral.

Aprovou o mecanismo legal que clarifica e facilita a transferên­cia de recursos para administra­ções locais para que os Administra­dores locais tenham mais autonomia financeira para resolver os problemas pontuais dos municípios e das províncias sem esperar pela aprovação do Governo central, preparando o terreno para criação de poder autárquico real.

Nos primeiros dias de governação fez sair um plano intercalar para estabiliza­ção económica e financeira, em que foram apresentad­as medidas, apesar de sua falta de unanimidad­e em termos da sua pertinênci­a e exequibili­dade para alguns economista­s, visam a alterar a forma como o Estado através do OGE intervém na economia.

Neste contexto, deu inicio a revisão do programa de investimen­tos públicos PIP e já esta marcado cronograma para atualizaçã­o da pauta aduaneira para adequa-la a realidade atual, bem como já foram feitos ajustament­os à taxa de juro e a forma como o BNA deverá operaciona­lizar o mercado cambial, forçando os bancos comerciais a concederem créditos para ter acesso às divisas.

Reforçou as relações com Banco Mundial e o FMI na busca de assistênci­a técnica para cumprir as normas internacio­nalmente aceites e assim recolocar Angola no role das nações “limpas” em termos da alta finança mundial, para que se possam relançar as nossas relações com os correspond­entes cambiais da banca comercial.

O que se fez nestes 100 dias, certamente deverá começar a surtir efeitos nos próximos 100 dias para diante. Contudo há que fazer mais, aumentar a dinâmica, não perder o foco e principalm­ente, manter a seriedade na tomada de decisão, pois acreditamo­s que o caminho é este, mas como tudo na vida é incerto e apenas com trabalho abnegado, humildade e muita perseveran­ça é possível fazer o país crescer.

O que se fez nestes 100 dias, certamente deverá começar a surtir efeitos nos próximos 100 dias para diante. Contudo há que fazer mais, aumentar a dinâmica, não perder o foco e principalm­ente, manter a seriedade na tomada de decisão, pois acreditamo­s que o caminho é este

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