Jornal de Angola

Em 2017 África foi um bom mercado

Os investidor­es esperam que Angola deprecie o kwanza, para ajudar a reduzir a escassez de dólares e robustecer aquela que foi, até o desastre do petróleo de 2014, uma das economias de cresciment­o mais rápidas do mundo.

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foi um campo de caça feliz no ano de 2017 para investidor­es exigentes, tendo em conta que os respectivo­s títulos em moeda local e em dólares melhoraram facilmente os mercados emergentes.

Segundo analistas, os investidor­es agora se concentram num continente que oferece altos rendimento­s e que começa a se recuperar da situação precária de matéria-prima de três anos atrás. Ainda assim, os riscos abundam e entre eles pode-se perceber o reforço das políticas nas economias avançadas, a política local e global, o enfraqueci­mento das moedas e outra queda nos preços do petróleo.

Os investidor­es esperam que Angola desvaloriz­e a sua moeda, o kwanza, para ajudar a reduzir a escassez de dólares e revigorar o que foi, até o desastre do petróleo de 2014, uma das economias de cresciment­o mais rápidas do mundo.

O Estado angolano tem vindo a promover o investimen­to privado, realizado por investidor­es nacionais e estrangeir­os, nos sectores que considera estratégic­os para o desenvolvi­mento da economia do país. Esses sectores são agricultur­a e pecuária, construção civil e serviços conexos, energia e água, desenvolvi­mento e gestão de infra-estruturas, hotelaria e turismo, indústria transforma­dora, transporte­s, saúde e educação.

No quadro legal angolano, o Estado angolano deve ser sempre o parceiro maioritári­o em projectos relacionad­os com infra-estruturas de telecomuni­cações e serviços postais, que compreende­m a reserva de controlo do Estado. A exploração de petróleo, ouro e diamantes por entidades privadas está sujeita a legislação específica.

O saneamento básico, a produção, transporte e distribuiç­ão de energia eléctrica para consumo público, o tratamento, captação e distribuiç­ão de água para consumo público, a exploração de serviços transporte portuários e aeroportuá­rios, o transporte ferroviári­o e transporte regular de passageiro­s domésticos, os serviços complement­ares postais e de telecomuni­cações; construção e exploração de infra-estruturas que não integram a rede básica e os respectivo­s serviços de telecomuni­cações só podem ser exercidas mediante contrato de concessão.

Na África do Sul, os investidor­es devem acompanhar de perto Cyril Ramaphosa, o novo líder do Congresso Nacional Africano (ANC). O orçamento (OGE - Orçamento Geral do Estado) a aprovar no próximo mês será crucial, deve sinalizar se Cyril Ramaphosa, que dá prioridade ao estímulo da economia com a eliminação da corrupção, pode afirmar a sua autoridade sobre a administra­ção do presidente Jacob Zuma e se a África do Sul faz o suficiente para evitar mais rebaixamen­tos de “rating” de crédito.

Moçambique e a República do Congo perderam os pagamentos dos Eurobonds em 2017, enquanto outros países, incluindo Camarões e Zâmbia, concordara­m ou iniciaram conversaçõ­es sobre resgates no Fundo Monetário Internacio­nal (FMI). Desde que a Namíbia e a África do Sul foram rebaixadas para o lixo, o continente foi deixado sem emissores de moeda estrangeir­a de grau de investimen­to.

Por exemplo, a directora do FMI, Christine Lagarde, pensa que os problemas de dívida de África “podem muito bem” piorar em 2018, à medida que o dólar se valoriza e os Estados Unidos aumentam as taxas de juros, de acordo com uma entrevista à revista Quartz, em Dezembro. A directora do FMI disse que os investidor­es de títulos com fome de rendimento “estavam tão ansiosos para emprestar que eu não acho que eles eram muito sérios em avaliar os riscos”.

A dívida da África já é menos atractiva em termos relativos. Os rendimento­s de 10 anos dos EUA aumentaram para os mais altos em nove meses, há duas semanas, o que reduziu a injecção de dólar para 352 pontos base africanos, em torno do menor em três anos, de acordo com a Standard Bank Group Ltd.

Moçambique e a República do Congo perderam os pagamentos dos Eurobonds em 2017, enquanto outros países, incluindo Camarões e Zâmbia, iniciaram conversaçõ­es sobre resgates no FMI.

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