Cinco antigos ministros vão responder em tribunal
Já são cinco os antigos ministros de Robert Mugabe que irão responder na justiça pela prática de crimes de corrupção. Os dois últimos, presos na sexta-feira, serão hoje apresentados em tribunal para serem notificados das acusações
Mais
dois ministros do último governo de Robert Mugabe vão responder perante a justiça zimbabweana devido à alegada prática de crimes de corrupção.
Nessa altura, já são cinco os ministros visados. Walter Mzembi, que desempenhava as funções de ministro da Hospitalidade e Turismo (depois de já ter assumido a pasta dos Negócios Estrangeiros) e Samuel Undenge, que era ministro da Energia e Desenvolvimento no último governo de Robert Mugabe, foram presos sexta-feira nas suas respectivas residências, em Harare, por uma brigada anti-corrupção recentemente criada pelo presidente Em merson Mnangagwa.
Estes dois ministros serão hoje apresentados no tribunal para serem notificados das respectivas acusações, sabendo-se depois se continuam detidos ou se aguardam os seus julgamentos em liberdade.
O comandante desta brigada, comissário Goodson Nguni, confirmou as duas detenções, mas recusou-se a adiantar pormenores sobre as razões pelas quais os dois ministros foram presos. Mas, o advogado de Walter Mzembi, Job Sikhala, disse à imprensa que o seu cliente estava a ser acusado de crimes que terão sido cometidos durante a promoção interna do Campeonato do Mundo de Futebol de 2010.
“Por aquilo que me foi dito, o senhor Mzembi é acusado de ter oferecido quatro aparelhos de televisão a outras tantas igrejas”, disse Job Sikhala. O advogado confirmou que o seu cliente foi detido na sexta-feira de tarde na sua residência e levado para uma esquadra no bairro de Avondale, de onde sairá hoje para o tribunal.
Uma fonte da polícia zimbabweana, contactada desde Luanda pelo Jornal de Angola, confirmou estas duas detenções e adiantou que na mesma ocasião também foram presos um alto dirigente da ZANUPF (não identificado) e o conhecido jornalista da televisão local Oscar Pambuka, acusados de cumplicidade com os dois referidos ministros. Entretanto, uma outra conhecida figura pública zimbabweana foi também detida na sexta-feira, num processo que nada tem a ver com o que envolve os dois ministros. Trata-se do director da principal empresa mineira do Ziambabwe, Patterson Timba, cuja detenção aconteceu na sequência da morte de uma pessoa na mina de Ouro Tolrose, situada a cerca de 100 quilómetros de Harare. Recorde-se que há duas semanas já havia sido preso nos arredores de Harare o antigo ministro dos Desportos, Artes e Tempos Livres, Makhosini Hlongwane.
O antigo ministro, que é também deputado pela circunscrição de Mberengwa Este, foi depois libertado devendo também comparecer esta semana perante um tribunal para ser acusado de crimes que as autoridades zimbabweanas ainda não especificaram, mas que se deverão prender com contrabando e sabotagem económica.
De acordo com a imprensa zimbabweana, oito agentes detiveram o antigo ministro depois de terem recebido uma denúncia de que se estaria a preparar para exportar ilegalmente as dez toneladas de açúcar e enormes quantidades de feijão, que neste momento estão nos armazéns da polícia. De acordo com fontes locais, Makhosini Hlongwane é considerado como um dos mais destacados membros do chamado G40, grupo afecto a Grace Mugabe e tido como responsável por diversos actos de sabotagem económica que têm ocorrido no país e que aumentaram significativamente depois da demissão apresentada por Robert Mugabe.
Este antigo ministro, já havia estado recentemente em destaque destaque na imprensa zimbabweana por ter sido ligado a investigações sobre a existência de grupos de contrabandistas que fazem sair ilegalmente do país mercadoria através da fronteira com Moçambique.
De sublinhar que já estão a decorrer nos tribunais zimbabweanos processos que envolvem mais dois antigos ministros do último governo de Robert Mugabe.
De sublinhar que os antigos ministros das Finanças e do Poder Local, Ignatius Chombo e Saviour Kasekwere estão também sob a alçada da lei com acusações de prática de crimes de corrupção e abuso do poder. Os dois foram detidos ainda antes da demissão apresentada por Robert Mugabe, mas aguardam julgamento em liberdade, tal como acontece com Makhosini Hlongwane.
O comandante da brigada especial anti-corrupção comissário Goodson Nguni confirmou as detenções dos ministros que são hoje apresentados em tribunal para decidir a situação