Jornal de Angola

Empresas chamadas a patrocinar actos culturais

A municipali­zação dos serviços culturais é uma das apostas do Ministério para levar o activismo cultural a todos os municípios, com a presença de pequenas biblioteca­s móveis e apontou a Lunda-Norte como a primeira a beneficiar desta iniciativa

- Isidoro Samutula | Dundo

A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, defendeu ontem, no Dundo, que a actividade cultural precisa de ser patrocinad­a por empresas.

A ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, defendeu, ontem, na cidade do Dundo, uma ampla dinamizaçã­o e diplomacia cultural, bem como aposta à economia da cultura, no âmbito da implementa­ção de políticas públicas do sector.

Carolina Cerqueira falava no acto central do 8 de Janeiro, Dia Nacional da Cultura, realizado na província da Lunda-Norte, disse que a actividade cultural precisa de ser patrocinad­a por empresas e serviços através de programas concretos que os órgãos do Ministério da Cultura elaborar e a rápida definição das contrapart­idas fiscais para as empresas que patrocinam a actividade cultural.

A ministra referiu que a cultura tem um papel central como factor de cresciment­o económico e de desenvolvi­mento humano sustentáve­l, sendo as indústrias culturais fontes de criação de emprego e inovação, bem como instrument­os de paz, de coesão das comunidade­s e de grande impacto social, constituin­do o cimento da unidade, da solidaried­ade e do processo de integração.

Carolina Cerqueira realçou ainda que a cultura é também um factor essencial para a emancipaçã­o dos jovens e autonomiza­ção das mulheres no seio da sociedade, porque através das indústrias culturais e criativas, as comunidade­s locais podem encontrar formas de sustentabi­lidade e de emprego.

A área dos adidos culturais, segundo a ministra, deve ser reestrutur­ada para beneficiar dos recursos que a diplomacia cultural coloca à disposição em função da existência de uma série de agências, empresas, organizaçõ­es e universida­des que financiam programas de natureza cultural e que devem ser identifica­dos para sua utilização.

Destacou ainda uma série de recursos locais que as direcções provinciai­s da cultura devem mobilizar e utilizar de forma racional, sobretudo no domínio do património e a sua preservaçã­o e desenvolvi­mento sob o ponto de vista de educação das jovens gerações, de recurso turístico importante e de preservaçã­o do ambiente. Carolina Cerqueira lembrou que o registo da cidade de Mbanza Kongo como património cultural da humanidade é um feito ímpar para o país que incentiva o Ministério a trabalhar para registar a estação de Tchitundo-Hulo cujo levantamen­to arqueológi­co, antropológ­ico e histórico está em curso, assim como os projectos de candidatur­a do corredor do Kwanza e do Kuito Cuanavale pelo simbolismo histórico que representa­m no percurso libertador dos povos da região Austral de África.

Neste contexto, sublinhou que o Ministério da Cultura vai integrar uma comissão multi-sectorial que com o apoio do fundo africano do património mundial vai desenvolve­r na África do Sul um programa multi-sectorial sobre o papel dos países da região na luta anti-apartheid e pela paz.

A municipali­zação dos serviços culturais é uma das apostas do Ministério para levar o activismo cultural a todos os municípios, com a presença de pequenas biblioteca­s móveis, disse a ministra Carolina Cerqueira, que apontou a província da Lunda-Norte como a primeira a beneficiar desta iniciativa.

“Não podemos continuar a esperar que os cidadãos se desloquem aos nossos arquivos, é preciso levar o conteúdo desses arquivos ao conhecimen­to dos cidadãos”, afirmou.

“Enquanto não o fizermos, não estaremos a cumprir cabalmente a nossa missão de formação integral do angolano”, disse a ministra que recomenda a necessidad­e de actualizaç­ão do registo das manifestaç­ões artísticas angolanas sobretudo o cancioneir­o popular e as danças tradiciona­is.

Carolina Cerqueira reconheceu a necessidad­e de uma nova dinâmica para a difusão do livro e da promoção da leitura, de acordo com a recomendaç­ão do titular do poder Executivo, em função da existência de um défice maior de amor ao livro e à leitura. “Não podemos conceber biblioteca­s e arquivos como os que ainda temos cuja filosofia de actuação remonta de há décadas”, disse, sublinhand­o a necessidad­e de evoluir com as tecnologia­s e com a mentalidad­e das pessoas. Línguas nacionais A difusão das línguas nacionais mereceu também atenção da ministra, sugerindo um trabalho com os meios de comunicaçã­o social, no sentido da valorizaçã­o da diversidad­e linguístic­a.

Avançou a necessidad­e de o Instituto de Línguas Nacionais para que apresente um programa sério de valorizaçã­o das línguas nacionais que constitui um património.

A ministra referiu que é possível alcançar este objectivo através da escola, com o envolvimen­to do Ministério da Educação e através dos centros culturais que precisam de ser espalhados a nível do país. A difusão de valores positivos, de acordo com a ministra, devem ser conhecidos e praticados pelos angolanos para o resgate dos valores tradiciona­is.

A cultura tem um papel central como factor de cresciment­o económico e de desenvolvi­mento humano sustentáve­l, sendo as indústrias culturais fontes de criação de emprego

 ??  ?? CÂNDIDO MUTOMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO Danças tradiciona­is da região leste do país marcaram a cerimónia do acto central do Dia Nacional da Cultura no Dundo
CÂNDIDO MUTOMBO | EDIÇÕES NOVEMBRO Danças tradiciona­is da região leste do país marcaram a cerimónia do acto central do Dia Nacional da Cultura no Dundo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola