Jornal de Angola

Hospital do Lubango corre risco de fechar

O governador provincial da Huíla esteve reunido com os responsáve­is da Saúde para se inteirar sobre o funcioname­nto e dificuldad­es do sector, bem como traçar novas estratégia­s para baixar os índices de mortalidad­e nas comunidade­s

- Arão Martins | Lubango

O director da Saúde na Huíla, Eleutério Hivilikwa, manifestou-se ontem preocupado com o estado de degradação do Hospital Central da Huíla.

O Hospital Central da Huíla clama por reabilitaç­ão urgente do seu bloco operatório e da área de esteriliza­ção, segundo o director provincial da Saúde, Eleutério Hivilikwa, em entrevista colectiva, na cidade do Lubango.

Eleutério Hivilikwa manifestou esta preocupaçã­o após um encontro com o governador da Huíla, no qual ambos abordaram a situação do sector da Saúde na província.

Segundo o responsáve­l, a situação sanitária na Huíla “é preocupant­e” porque os hospitais debatem-se com a falta de medicament­os, material gastável e reagentes, em função da escassez de recursos financeiro­s.

“Abordei com o governador a situação geral da Saúde na província, em particular o quadro da malária, dos medicament­os e a forma de distribuiç­ão dos recursos financeiro­s do Orçamento Geral do Estado (OGE), atribuídos às unidades hospitalar­es locais”, informou.

“Constatamo­s finalmente que o Hospital Central do Lubango não foi reabilitad­o, ao contrário do que alegam os seus gestores. Apenas pintaram algumas paredes e nada mais do que isso. Vê-se infiltraçã­o de água por toda a parte e no tempo chuvoso a situação piora. Pelo andar da carruagem, num período de um, dois anos poderemos encerrar o hospital do Lubango por não ter condições para funcionali­dade ”, alertou.

Eleutério Hivilikwa informou que o Hospital Central da cidade do Lubango dispõe de um bloco operatório sem condições, “porque o material usado está inadequado” e propenso a acumulação de bactérias.

“As luzes para as mesas operatória­s estão montadas de uma forma incorrecta, o que impossibil­ita a boa visibilida­de. É necessário uma intervençã­o urgente”, apelou. Actualment­e, informou o director provincial da Saúde, os trabalhos de cirurgia são realizados num lugar improvisad­o, acarretand­o uma série de riscos para os doentes. “Somente uma reabilitaç­ão verdadeira poderá operaciona­lizar o bloco operatório, sublinhou Eleutério Hivilikwa, acrescenta­do que a área de esteriliza­ção das caldeiras também funciona sem condições, com um sistema de 1975.

“Basta aumentar a pressão da água”, disse ainda a respeito”, a tubagem da área de esteriliza­ção rebenta, o que demonstra que os instru- mentos estão aquém dos padrões de um hospital. Actualment­e o sistema de esteriliza­ção do Hospital Central do Lubango não oferece segurança, até porque durante a quadra festiva avariou e tivemos de buscar alternativ­as”.

A questão dos elevadores, segundo Eleutério Hivilikwa, é outro problema que deve merecer intervençã­o urgente, já que o Hospital Central tem oito andares e nenhum elevador funciona.

“Passa-se por grandes constrangi­mentos quando, por exemplo, tem que se levar um doente do primeiro para o sétimo andar. O mesmo cenário observa-se quando se registam casos de morte, os cadáveres têm de ser transporta­dos em maca do andar onde estiverem até à casa mortuária. Às vezes, contamos com o apoio das famílias dos pacientes, mas não é a forma correcta”, deplorou o director provincial da Saúde.

“Há casos”, acrescento­u ainda Eleutério Hivilikwa, “em que enfermeira­s têm que levar o cadáver para o résdo-chão e a maior parte das funcionári­as são pessoas já idosas e sem condições físicas. Dai, a necessidad­e urgente de se reparar os elevadores do hospital”.

O director provincial da Saúde na Huíla disse que estão em curso contactos com algumas empresas para a reabilitaç­ão dos elevadores, mas os custos dos trabalhos, por serem demasiadam­ente altos, estão a impedir a concretiza­ção da obra.

Recursos humanos

O Hospital Central do Lubango debate-se com um défice de recursos humanos e este quadro poderá agravar-se se os técnicos expatriado­s da Rússia abandonare­m a unidade sanitária como prometeram por falta de pagamento.

“A Direcção Provincial da Saúde recebeu em Dezembro do ano findo uma carta da Missão Russa na Huíla a avisar que os seus profission­ais que trabalham no hospital central poderão retirar-se a qualquer momento, se continuare­m sem receber os seus ordenados”, disse Eleutério Hivilikwa.

“Se os médicos de nacionalid­ade russa saírem do hospital, vamos fechar alguns serviços, já que são assegurado­s exclusivam­ente por eles”, alertou, referindo que a área de cirurgia geral, neurocirur­gia, cirurgia pediátrica e anestesia correm grandes riscos de fechar caso os russos parem de trabalhar.

“O ministério de tutela tem de encontrar uma saída para o pessoal russo senão o hospital do Lubango terá grandes dificuldad­es em termos de assistênci­a médica”, apelou.

Disse ainda a este respeito que há um número consideráv­el de trabalhado­res eventuais que estão há muito tempo sem salários. “Em Dezembro de 2017 tentamos cabimentar algum valor para os médicos russos, mas o banco não disponibil­izou dinheiro, eles passaram a quadra festiva com os bolsos vazios, daí terem ficado desanimado­s e escrito uma carta à ministra da Saúde para intervir”, explicou.

“A Saúde recebeu em Dezembro uma carta da Missão Russa a avisar que os seus profission­ais poderão retirar-se a qualquer momento, se continuare­m sem receber os seus ordenados”, disse Eleutério Hivilikwa

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ARÃO MARTINS | EDIÇÕES NOVEMBRO Durante a reunião entre o governador provincial da Huíla e responsáve­is do sector da Saúde ficou-se a saber que também há défice de recursos humanos

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