Diplomacia mais dinâmica
O Zimbabwe vai reduzir os gastos com as suas embaixadas no estrangeiro. A ideia é de ser mais actuante nos sectores que o governo entender como prioritários, o que passa por um novo estilo de fazer política nos corredores diplomáticos
O ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Internacional do Zimbabwe, Sibusiso Moyo, anunciou ontem em Harare a intenção de reconstruir uma nova imagem do seu país no estrangeiro, o que passa pela reestruturação e da sua diplomacia.
Sibusiso Moyo, que falava ao jornal “Herald”a propósito do Orçamento Geral do Estado para 2018, sublinhou que o plano para a construção de uma nova imagem do Zimbabwe no estrangeiro passa também por uma melhor distribuição das verbas alocadas ao sector, priorizando o que é de facto mais importante.
Com 46 missões diplomáticas no exterior do país, o Zimbabwe passa por uma situação que obriga à contenção de despesas e a uma melhor utilização das verbas que o Orçamento Geral do Estado disponibiliza para cada um dos sectores da vida do país.
A ideia que tem prevalecido desde que Emmerson Mnangagwa chegou ao poder é de premiar o mérito para melhorar o desempenho do país, daí que Sibusiso Moyo se prepare para anunciar o encerramento de algumas embaixadas, a abertura de outras e o redimensionamento de todas, com o objectivo de as tornar mais operacionais e menos uns meros centros de burocracia. “A nossa intenção é colocar nas embaixadas pessoas bem preparadas e com a experiência necessária para desempenhar as suas funções com eficiência e sem vedetismos”, disse citado pelo principal diário do país.
O objectivo do ministro é reduzir também o número de diplomatas do Ministério dos Negócios Estrangeiros a trabalhar nas embaixadas e de aumentar o de especialistas nas diversas áreas que são de interesse estratégico para o Zimbabwe.
“Não faz sentido termos um primeiro conselheiro a tratar de assuntos relacionados com a cooperação económica e com a captação de investimento quando podemos requisitar um especialista ao respetivo ministério que trata da matéria com muito melhor conhecimento de causa”, exemplificou recentemente Sibusiso Moyo numa entrevista ao jornal “The Herald”. Para dar corpo ao projecto de reestruturação da diplomacia zimbabweana, o referido ministro tem mantido encontros com o seu homólogo das Finanças e Planeamento Económico, Patrick Chinamasa.
Nestes encontros estão a ser estabelecidos os mecanismos financeiros que configurarão a forma de redimensionar não só as embaixadas como o próprio funcionamento interno do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comércio Internacional.
“Não vamos poupar por poupar. Vamos aumentar a aposta numas embaixadas e reduzir noutras. O que é importante é estabelecermos prioridades políticas para que os investimentos financeiros tenham uma maior racionalidade”, referiu ainda o ministro ao The Herald.
Para os ministros Sibusiso Moyo e Patrick Chinamasa “serão as próprias embaixadas, com o seu dinamismo, que nos irão dizer onde apostar mais, uma vez que existem missões diplomáticas que não têm qualquer justificação para continuarem a existir”.
Uma outra inovação que está prevista para o funcionamento da diplomacia zimbabweana prende-se com o substancial aumento da ajuda que irá ser dada pelo sector privado. “Muito do trabalho que vem sendo feito pelas nossas embaixadas, sobretudo na captação de novos investimentos, beneficia o sector privado. Por isso é normal que esse sector privado possa, também ele, contribuir para o bom funcionamento das missões diplomáticas”, referiu ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comércio Internacional do Zimbabwe.
No futuro, as missões diplomáticas do Zimbabwe irão funcionar com três grandes objetivos: reconstruir a imagem do país destruída nos últimos anos da presidência de Robert Mugabe, negociar acordos bilaterais e fomentar a troca de informação bilateral.
“O mundo tem que saber aquilo que está a ser feito no Zimbabwe para que possa perceber que estamos no bom caminho e que, por isso, somos credores do seu apoio”vincou Sibusiso Moyo.
Neste momento, um dos objectivos imediatos do Zimbabwe é o levantamento das sanções económicos impostas desde 2008 pela União Europeia e os Estados Unidos e que levaram à paralisação da indústria do país obrigando a diminuição drástica do volume de exportações.
Sibusiso Moyo acredita que com “uma diplomacia mais incisiva e, sobretudo, com a reconstrução da imagem do Zimbabwe no exterior será mais fácil que a União Europeia e os Estados Unidos percebam que, de facto, o país está a mudar”.