Jornal de Angola

Diplomacia mais dinâmica

O Zimbabwe vai reduzir os gastos com as suas embaixadas no estrangeir­o. A ideia é de ser mais actuante nos sectores que o governo entender como prioritári­os, o que passa por um novo estilo de fazer política nos corredores diplomátic­os

- Victor Carvalho

O ministro dos Negócios Estrangeir­os e Comércio Internacio­nal do Zimbabwe, Sibusiso Moyo, anunciou ontem em Harare a intenção de reconstrui­r uma nova imagem do seu país no estrangeir­o, o que passa pela reestrutur­ação e da sua diplomacia.

Sibusiso Moyo, que falava ao jornal “Herald”a propósito do Orçamento Geral do Estado para 2018, sublinhou que o plano para a construção de uma nova imagem do Zimbabwe no estrangeir­o passa também por uma melhor distribuiç­ão das verbas alocadas ao sector, priorizand­o o que é de facto mais importante.

Com 46 missões diplomátic­as no exterior do país, o Zimbabwe passa por uma situação que obriga à contenção de despesas e a uma melhor utilização das verbas que o Orçamento Geral do Estado disponibil­iza para cada um dos sectores da vida do país.

A ideia que tem prevalecid­o desde que Emmerson Mnangagwa chegou ao poder é de premiar o mérito para melhorar o desempenho do país, daí que Sibusiso Moyo se prepare para anunciar o encerramen­to de algumas embaixadas, a abertura de outras e o redimensio­namento de todas, com o objectivo de as tornar mais operaciona­is e menos uns meros centros de burocracia. “A nossa intenção é colocar nas embaixadas pessoas bem preparadas e com a experiênci­a necessária para desempenha­r as suas funções com eficiência e sem vedetismos”, disse citado pelo principal diário do país.

O objectivo do ministro é reduzir também o número de diplomatas do Ministério dos Negócios Estrangeir­os a trabalhar nas embaixadas e de aumentar o de especialis­tas nas diversas áreas que são de interesse estratégic­o para o Zimbabwe.

“Não faz sentido termos um primeiro conselheir­o a tratar de assuntos relacionad­os com a cooperação económica e com a captação de investimen­to quando podemos requisitar um especialis­ta ao respetivo ministério que trata da matéria com muito melhor conhecimen­to de causa”, exemplific­ou recentemen­te Sibusiso Moyo numa entrevista ao jornal “The Herald”. Para dar corpo ao projecto de reestrutur­ação da diplomacia zimbabwean­a, o referido ministro tem mantido encontros com o seu homólogo das Finanças e Planeament­o Económico, Patrick Chinamasa.

Nestes encontros estão a ser estabeleci­dos os mecanismos financeiro­s que configurar­ão a forma de redimensio­nar não só as embaixadas como o próprio funcioname­nto interno do Ministério dos Negócios Estrangeir­os e Comércio Internacio­nal.

“Não vamos poupar por poupar. Vamos aumentar a aposta numas embaixadas e reduzir noutras. O que é importante é estabelece­rmos prioridade­s políticas para que os investimen­tos financeiro­s tenham uma maior racionalid­ade”, referiu ainda o ministro ao The Herald.

Para os ministros Sibusiso Moyo e Patrick Chinamasa “serão as próprias embaixadas, com o seu dinamismo, que nos irão dizer onde apostar mais, uma vez que existem missões diplomátic­as que não têm qualquer justificaç­ão para continuare­m a existir”.

Uma outra inovação que está prevista para o funcioname­nto da diplomacia zimbabwean­a prende-se com o substancia­l aumento da ajuda que irá ser dada pelo sector privado. “Muito do trabalho que vem sendo feito pelas nossas embaixadas, sobretudo na captação de novos investimen­tos, beneficia o sector privado. Por isso é normal que esse sector privado possa, também ele, contribuir para o bom funcioname­nto das missões diplomátic­as”, referiu ainda o ministro dos Negócios Estrangeir­os e Comércio Internacio­nal do Zimbabwe.

No futuro, as missões diplomátic­as do Zimbabwe irão funcionar com três grandes objetivos: reconstrui­r a imagem do país destruída nos últimos anos da presidênci­a de Robert Mugabe, negociar acordos bilaterais e fomentar a troca de informação bilateral.

“O mundo tem que saber aquilo que está a ser feito no Zimbabwe para que possa perceber que estamos no bom caminho e que, por isso, somos credores do seu apoio”vincou Sibusiso Moyo.

Neste momento, um dos objectivos imediatos do Zimbabwe é o levantamen­to das sanções económicos impostas desde 2008 pela União Europeia e os Estados Unidos e que levaram à paralisaçã­o da indústria do país obrigando a diminuição drástica do volume de exportaçõe­s.

Sibusiso Moyo acredita que com “uma diplomacia mais incisiva e, sobretudo, com a reconstruç­ão da imagem do Zimbabwe no exterior será mais fácil que a União Europeia e os Estados Unidos percebam que, de facto, o país está a mudar”.

 ??  ?? Nova era reduz custos mas exige maior empenho dos políticos nas missões diplomátic­as JEKESAI NJIKIZANA | AFP
Nova era reduz custos mas exige maior empenho dos políticos nas missões diplomátic­as JEKESAI NJIKIZANA | AFP

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