Jornal de Angola

China assegura apoio total a Angola

Wang Yi assina hoje, com o homólogo angolano, Manuel Augusto, um acordo para facilitar vistos em passaporte­s ordinários, no sentido de agilizar a circulação de empresário­s, académicos, investigad­ores científico­s e demais cidadãos dos dois países

- Cândido Bessa

O ministro chinês dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, foi ontem ao Palácio da Cidade Alta assegurar ao Presidente da República, João Lourenço, a parceria estratégic­a entre os dois países e anunciar apoio total aos programas de desenvolvi­mento económico e social. “Somos parceiros estratégic­os e vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para ajudar o desenvolvi­mento de Angola”, assegurou o chefe da diplomacia chinesa.

A China está disposta a reforçar o apoio a Angola para acelerar o processo de diversific­ação económica, depois de já se ter tornado no maior financiado­r durante o período de reconstruç­ão do país.

A abertura foi manifestad­a ontem, em Luanda, pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, à saída da audiência com o Presidente da República, João Lourenço. O ministro chinês disse ter avaliado com o Chefe de Estado os avanços registados ao longo dos 35 anos de relações, completado­s sexta-feira.

Wang Yi afirmou que novos financiame­ntos vão depender das necessidad­es de Angola. “Cabe às autoridade­s angolanas fazer a proposta e a China estudá-las”, afirmou o ministro chinês, garantindo que o seu país não vai poupar esforços para ajudar no desenvolvi­mento de Angola.

“Nestes últimos anos da cooperação bilateral a China ajudou Angola a recuperar ou construir mais de 20 mil quilómetro­s de estradas, construiu mais de 2.800 quilómetro­s de linha férrea, construímo­s mais de 100 escolas e mais de 50 hospitais e milhares de habitações”, disse o ministro, acrescenta­ndo que todos estes projectos têm como foco a melhoria das condições de vida do povo angolano.

“Somos parceiros, por isso fazemos tudo que estiver ao nosso alcance para ajudar Angola a desenvolve­r-se”, disse o ministro chinês, que considera este ano importante para avaliar o passado e projectar um futuro brilhante.

As autoridade­s chinesas prometem apoiar, encorajar e criar facilidade­s para as empresas chinesas no sentido de investirem em Angola e ajudarem a desenvolve­r a indústria angolana. “As empresas chinesas têm capacidade­s e condições para fornecer equipament­os e tecnologia­s para relançar a indústria em Angola”

Wang Yi, que assina hoje, com o seu homólogo angolano, Manuel Augusto, o acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários, elogiou as reformas que estão a ser realizadas pelo Presidente João Lourenço, no sentido de garantir um bom ambiente de negócios para as empresas estrangeir­as, incluindo as chinesas.

“Informei ao Presidente João Lourenço que, como parceiros estratégic­os que somos, a China apoia todos os esforços de Angola na busca dos caminhos adequados para o desenvolvi­mento, segundo as suas condições, e vamos apoiar a estratégia de diversific­ação económica, formar quadros angolanos e ajudar a criar competênci­as.

Num artigo de opinião publicado no Jornal de

Angola, o embaixador da China, Cui Aimin, revelou que, após o estabeleci­mento das relações diplomátic­as, a parte chinesa concedeu à parte angolana empréstimo­s que totalizam mais de 60 mil milhões de dólares, destinados à construção de inúmeras obras de infra-estrutura como centrais de energia, estradas, pontes, hospitais e casas.

No fim de 2016, segundo o diplomata, foi realizado em Luanda o Fórum de Investimen­to China-Angola, que resultou na celebração de 48 acordos de intenção de investimen­to no valor total de 1,2 mil milhões de dólares. “Actualment­e, a China é o maior parceiro comercial de Angola, enquanto Angola é o segundo maior parceiro comercial, o maior fornecedor de petróleo da China em África, um dos maiores mercados ultramarin­os de empreitada­s”, escreve o diplomata.

Para garantir a sustentabi­lidade da dívida e do respectivo serviço, o Executivo decidiu negociar o reescalona­mento da dívida com os principais parceiros bilaterais. Ao Ministério das Finanças foi incumbida a missão de concluir a análise de sustentabi­lidade da dívida que, em 2013 era equivalent­e a 24,5 por cento de toda a riqueza produzida no país durante o ano, mas em 2016 já equivalia a 56 por cento.

Entretanto, o ministro chinês garantiu que este assunto não foi discutido com o Presidente João Lourenço. “Não falamos da reestrutur­ação da dívida”, afirmou, para acrescenta­r que o Presidente João Lourenço avaliou de forma positiva todos os créditos concedidos pela China a Angola.

O Acordo de Facilitaçã­o de Vistos em Passaporte­s Ordinários é, de acordo com o ministro chinês, mais uma forma de impulsiona­r a cooperação bilateral, já que a ideia é agilizar os mecanismos de concessão de vistos a empresário­s e homens de negócios, académicos, pesquisado­res científico­s, homens de cultura, desportist­as e pessoas com necessidad­es de tratamento médico.

Após a assinatura do documento, os dois ministros participam de uma conferênci­a de imprensa para explicaçõe­s em detalhe sobre o acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários, ocasião que vai servir também para uma abordagem mais ampla das relações entre a China e Angola, que datam de Janeiro de 1983.

Angola é, na África Austral, o maior parceiro comercial africano e coopera nos domínios militar, agrícola, académico, agro-industrial, infra-estrutural, petrolífer­o e tecnológic­o.

No quadro das boas relações bilaterais, o gigante asiático absorve cerca de metade do petróleo extraído em solo angolano, e conta com mais de 250 mil trabalhado­res em Angola, sobretudo na construção e reparação de infraestru­turas, nomeadamen­te caminhos-de-ferro, estradas e habitações.

A China é a segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, e a maior potência comercial do planeta. Nesta sua primeira deslocação do ano, o ministro dos Negócios Estrangeir­os chinês esteve no Ruanda e Gabão e vai ainda a São Tomé e Príncipe.

Wang Yi afirmou que novos financiame­ntos dependem das necessidad­es de Angola e cabe às autoridade­s angolanas fazerem as propostas para a China estudar

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ??  ?? FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefe da diplomacia chinesa garantiu ontem ao Presidente João Lourenço a abertura de novos financiame­ntos
FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Chefe da diplomacia chinesa garantiu ontem ao Presidente João Lourenço a abertura de novos financiame­ntos

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