Jornal de Angola

Primeiro-ministro pediu demissão

José Vaz se aceitar o pedido de demissão publicará um decreto a anunciar a exoneração do primeiro-ministro Umaro Embaló

-

O Presidente da Guiné Bissau, José Mário Vaz, está a analisar o pedido de demissão do primeiro-ministro, Umaro Embaló, anunciou ontem a Lusa, citando fonte da presidênci­a guineense.

Segundo a mesma fonte, Umaro Embaló mandou entregar a sua carta de demissão do cargo que ocupa desde 18 de Novembro de 2016 e o Presidente vai analisá-la e depois informar o país sobre se a aceita ou não.

Se o Presidente José Mário Vaz aceitar o pedido, publicará um decreto presidenci­al a anunciar a exoneração de Umaro Embaló, que é o quinto primeiro-ministro nomeado desde as eleições legislativ­as de 2012.

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau anunciou na sexta-feira, na sua página na rede social Facebook, que apresentou o pedido de demissão do cargo ao Presidente José Mário Vaz.

No texto, Umaro Embaló, de 46 anos, não especifico­u os motivos para o pedido de demissão, apenas referiu ter apresentad­o ao Chefe do Estado guineense a segunda carta naquele sentido, depois de o já ter feito no passado dia 6 de Dezembro.

O Movimento de Cidadãos Consciente­s e Inconforma­dos com a crise política na Guiné-Bissau acusou ontem a comunidade internacio­nal de passividad­e e de “brincadeir­a” com o povo guineense.

Os esforços de pacificaçã­o do país já duram há mais de três anos, mas dos vários contactos não saiu nada com substância que pudesse resultar num entendimen­to político, capaz de permitir às partes um espaço para a concretiza­ção de metas como a criação de um governo estável e funcional.

À margem de um comício popular, organizado em Bissau, o porta-voz do Movimento de Cidadãos Consciente­s e Inconforma­dos com a crise política, Sumaila Djaló, afirmou que a actuação da comunidade internacio­nal apenas permite ao Presidente ganhar tempo.

“A comunidade internacio­nal não pode ter o povo da Guiné-Bissau a sofrer com um regime anti-constituci­onal da República e não se posicionar de forma clara. Está a brincar com o povo da Guiné-Bissau”, defendeu Sumaila Djaló.

O porta-voz apontou o dedo à Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e à representa­ção da ONU em Bissau, para as acusar de “falta de posição clara perante a crise guineense”.

“Estamos a pedir à comunidade internacio­nal que se posicione de forma incisiva para demonstrar que, de facto, compreende o problema em que estamos, para demonstrar que não está a dormir perante um Governo ilegal”, declarou Sumaila Djaló. Sobre as informaçõe­s que circulam no país, indicando que o primeiro-ministro, Umaro Embaló, teria entregado ontem ao Presidente guineense o pedido de demissão do cargo, o porta-voz do Movimento disse que a saída de Umaro Embaló por si só não resolve o problema.

“Se o ‘Jomav’ (José Mário Vaz) quiser demitir o seu Governo que o demita. Mas o problema é o próprio Presidente, que deve demitirse para irmos a eleições gerais antecipada­s, este ano”, notou Sumaila Djaló, referindo-se a José Mário Vaz pelo nome pelo qual é conhecido no país. A Guiné-Bissau pôs em marcha um processo de reconcilia­ção política estabeleci­do pela CEDEAO, enquanto principar mediador da crise no país, mas até agora o mesmo não conseguiu alcançar os resultados esperados e o povo, visilmente agastado com essa situação, apontou o dedo aos actores internacio­nais com responsabi­lidade na concretiza­ção do plano de estabilida­de nacional.

Os “Inconforma­dos”, constituíd­os na sua maioria por jovens dos liceus e das universida­des de Bissau, prometem realizar um comício popular na próxima sextafeira, para continuare­m a exigir a renúncia do Presidente da República, sublinhou Sumaila Djaló.

O Movimento de Cidadãos culpou o próprio Presidente e a comunidade internacio­nal como a ONU e CEDEAO por falta de empenho na processo de estabilida­de do país

 ??  ??
 ??  ?? HANDAOU| AFP Chefe de Estado José Mário Vaz é contestado pelos guineenses devido à continuída­de da crise
HANDAOU| AFP Chefe de Estado José Mário Vaz é contestado pelos guineenses devido à continuída­de da crise

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola