Jornal de Angola

Do divórcio anunciado à conciliaçã­o na Rádio 2000

- Faustino Henrique

Diz-se que as pessoas erram e enquanto pessoas vão continuar a errar, sendo o mais importante não apenas o reconhecim­ento e correcção do erro, mas fundamenta­lmente o esforço para a não repetição dos mesmos erros. Os males provocados, de forma não intenciona­l, ou aqueles outros causados inicial e ironicamen­te com o intuito de fazer bem ou para bem de alguma profissão, precisam de ser devidament­e ponderados antes da eventual penalizaçã­o. O jornalista António Francisco Manuel, mais conhecido por “Tony Fancy”, afecto à Rádio 2000 há mais de três anos, veio a Luanda por sua conta e risco, na relação com a empresa, na medida em que não tinha autorizaçã­o da mesma para falar ou apresentar-se como seu jornalista. E veio para participar da conferênci­a de imprensa com o Presidente João Lourenço, onde colocou duas perguntas que não foram propriamen­te motivo da desintelig­ência com a emissora, mas particular­mente a menção que fez da empresa e do salário que aufere.

As reacções fizeram ondas de Luanda ao Lubango, onde choveram informaçõe­s desencontr­adas sobre a forma como a emissora reagiu ao facto de ter sido mencionada na conferênci­a de imprensa. De facto, a rádio é uma pessoa jurídica, como outra qualquer, com direitos e deveres, que naturalmen­te delega ou autoriza oficialmen­te quem em nome dela pode e deve falar, facto que não foi devidament­e acatado pelo famoso radialista das noites de sábado de emissão da Rádio 2000. Daí o anunciado divórcio, alimentado pelas reacções a quente das partes envolvidas, o director e o jornalista, mas sobretudo atiçado pelas redes sociais que passaram a dianteira na consumação da quebra da relação entre o jornalista e a emissora.

Depois de ouvir informaçõe­s desencontr­adas sobre o caso do radialista que, acabou dispensado alegadamen­te por ter participad­o na conferênci­a de imprensa do João Lourenço, a tranquilid­ade parece ter reinado com as declaraçõe­s do director da Rádio 2000. Foi tranquiliz­ante ler explicaçõe­s do director da referida rádio, José Manuel Rodrigues , citado pelo Jornal de Angola, segundo as quais “houve uma certa precipitaç­ão, quer da parte de António Francisco Manuel, mais conhecido por ‘Tony Fancy’, quer de algumas pessoas, que divulgaram inverdades que lesam o bom nome da estação emissora”.

Edefactoho­uveprecipi­tação, eventualme­nte resultante de um primeiro erro que, por força das redes sociais, se traduziria num segundo erro, felizmente e até agora evitado pela direcção da Rádio 2000, a julgar pelas declaraçõe­s do seu director. Afinal, “Tony Fancy”, como é popularmen­te conhecido oradialist­adaestação­comercialq­ueemitepar­aoLubangoe­arredores, não foi despedido, como as redes sociais passaram a alegar. E, a julgar pelas palavras do director da rádio, o radialista continua vinculado à estação de rádio, criada há mais de 20 anos.

Valeram a pena os esclarecim­entos do director da rádio para desmistifi­car as informaçõe­s desencontr­adas e sobretudo o vazio de informação no que a reacção concreta da emissora dizia respeito relativame­nte à participaç­ão do mesmo na conferênci­a de imprensa do Presidente João Lourenço.

A razão de ser desta peça, também em jeito de carta aberta à direcção da Rádio 2000, reside na necessidad­e de um apelo ao bom senso para que sobre um mal feito não recaia um outro.

O jornalista Tony Fancy, com quem tive já o prazer de conversar via telefónica depois da sua contestada participaç­ão na conferênci­a de imprensa, podia ter evitado citar ou falar em nome da emissora, como chegou a reconhecer.

Atendendo ao mal, eventualme­nte cometido pelo jornalista que não estava autorizado para vir em nome da rádio, falha que mereceu o reconhecim­ento do mesmo, não era expectável que a emissora incorresse num outro mal, o do alegado despedimen­to e sem a observânci­a dos ditames da Lei Geral do Trabalho.

Por isso, na pele de sindicalis­ta e membro da direcção do Sindicato dos Jornalista­s Angolanos (SJA) insisto no apelo ao bom senso do director da Rádio 2000 no sentido da preservaçã­o do posto de trabalho do vosso dedicado radialista que, segurament­e, pode ainda merecer uma segunda oportunida­de.

Espero que as palavras do director da Rádio 2000 segundo as quais “até o processo seguir o curso normal, o António Francisco Manuel vai continuar connosco, cumprindo com as suas responsabi­lidades”, sirvam também para uma renovação de compromiss­os e reconcilia­ção entre o radialista e a emissora comercial lubanguens­e.

Haja bom senso na Rádio 2000 para que o anunciado divórcio dê lugar à conciliaçã­o.

Afinal, “Tony Fancy”, como é popularmen­te conhecido, o radialista da estação comercial que emite para o Lubango e arredores, não foi despedido, como as redes sociais passaram a alegar

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