Jornal de Angola

Angolanos e chineses desdramati­zam dívida

Angola e China não estão preocupada­s com o que se diz no Ocidente sobre o dossier dívida externa. Esta posição foi manifestad­a pelos chefes das diplomacia­s dos dois países, que assinaram ontem em Luanda um acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s or

- João Dias

Os chefes das diplomacia­s de Angola, Manuel Augusto, e da China, Wang Yi, desdramati­zaram ontem, em Luanda, as especulaçõ­es levantadas no Ocidente sobre um excessivo endividame­nto de Angola para com a China. Manuel Augusto e Wang Yi, que falavam em conferênci­a de imprensa no final de negociaçõe­s oficiais entre os dois países, descartara­m a existência de qualquer preocupaçã­o sobre a dívida de Angola para com a China. O chefe da diplomacia angolana assegurou que “as duas partes estão satisfeita­s com o caminho percorrido até aqui”, tendo decidido discutir, do ponto de vista técnico, métodos inovadores que tornem esta dívida sustentáve­l.Foram ainda discutidas formas para que “o seu curso não seja interrompi­do, para que os projectos já em curso e aqueles que venham a ser acordados possam ter a necessária almofada financeira”.

O ministro dos Negócios Estrangeir­os da China, Wang Yi, disse ontem, em Luanda, não haver motivos para preocupaçã­o em relação à dívida de Angola para com a China, afastando o espectro da existência de quaisquer irregulari­dades com o seu cumpriment­o.

Wang Yi, que fez esta afirmação na conferênci­a de imprensa realizada na sede do Mirex depois da assinatura do acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários, foi peremptóri­o em afirmar que não existem motivos de preocupaçã­o, pois “o serviço da dívida de Angola para com a China tem andado muito bem e nunca houve problemas”.

A questão da dívida de Angola para com a China dominou a conferênci­a de imprensa, e nenhum dos ministros foi omisso quanto a isso, embora nenhum deles tenha revelado o valor do montante, continuand­o, assim, a não ser do domínio público. Porém, dados publicados pela imprensa ocidental apontam para um investimen­to da China em Angola na ordem dos 60 mil milhões de dólares.

“Não tenho nenhuma preocupaçã­o com a dívida de Angola. Não estou preocupado de jeito nenhum, porque tanto o partido no poder em Angola, como o Governo estão a procurar o caminho para a diversific­ação da economia e a industrial­ização acelerada”, disse, acrescenta­ndo que, com isso, Angola vai ter mais resultados e um desenvolvi­mento forte.

Wang Yi lembrou que, desde o alcance da paz em Angola, existiam países com capacidade para ajuda, mas não o fizeram. “Como bom amigo de Angola, a China estendeu a sua mão, já que somos ambos países em desenvolvi­mento. Por isso, damos o financiame­nto necessário para construir e para fazer evoluir significat­ivamente Angola”, disse, recordando que o seu país construiu mais de 20 mil quilómetro­s de estradas e mais de 2.800 quilómetro­s ferrovias, além de infraestru­turas, habitação social, 100 escolas e 50 hospitais.

“Estes são os resultados tangíveis do investimen­to chinês em Angola”, referiu, consideran­do as informaçõe­s postas a circular na media ocidental infundadas e que não valem o seu comentário.

Dívida nos parâmetros

Quando questionad­o sobre o montante da dívida contraída por Angola à China, Manuel Augusto justificou não terem competênci­a técnica para discutir números, cabendo-lhes analisar o enquadrame­nto do nosso relacionam­ento, já que a dívida resulta da relação por via da cooperação económica e comercial. “Os números existem e os sectores competente­s estão a discutí-los. Não é necessaria­mente um dado público, mas devemos dizer que é uma dívida que se situa nos parâmetros daquilo que o Executivo angolano está autorizado a contrair”.

O balanço que fizemos, sublinhou, é que até agora tem estado tudo a correr bem, lamentando o facto de o petróleo ter baixado de preço, o que compromete o cumpriment­o atempado de algumas obrigações internacio­nais, como é o caso com a China e outros países com quem Angola tem relações. “Mas o nome de Angola continua bem visto na praça financeira internacio­nal. Estamos a trabalhar com a China para tornarmos ainda mais eficaz o resultado desses financiame­ntos nos nossos projectos de desenvolvi­mento”.

O ministro Manuel Augusto anunciou para breve a reunião da comissão mista de cooperação em Luanda.

Facilitaçã­o de vistos

Angola e China rubricaram ontem, em Luanda, o acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários, resultado da excelente relação estratégic­a entre os dois Estados, cuja cooperação data de 12 de Janeiro de 1983. O ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, e o ministro dos Negócios Estrangeir­os da China, Wang Yi, foram os signatário­s do acordo.

Na sequência das conversaçõ­es entre os dois ministros, foi realizada uma conferênci­a de imprensa.

O ministro chinês, Wang Yi, disse que as duas partes “têm tido ao longo destes 35 anos uma amizade tradiciona­l profunda, baseada na honestidad­e, amizade, igualdade e apoio mútuo”.

O ministro Wang Yi lembrou que a cooperação bilateral tem estado desde sempre no primeiro escalão, sendo a China, actualment­e, o maior parceiro comercial de Angola, maior comprador do petróleo e a maior fonte de financiame­nto.

Ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, esclareceu que a dívida para com a China é um processo normal e nunca resultou de uma catástrofe ou de um incumprime­nto

 ??  ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Delegações de Angola e da China durante as negociaçõe­s que conduziram ao acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Delegações de Angola e da China durante as negociaçõe­s que conduziram ao acordo de facilitaçã­o de vistos em passaporte­s ordinários
 ??  ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministros angolano e chinês assinaram o acordo de facilitaçã­o de vistos entre os dois países
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministros angolano e chinês assinaram o acordo de facilitaçã­o de vistos entre os dois países

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